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Dino Cazares: mestre dos riffs no Fear Factory

Por Marco Néo
Fonte: Blabbermouth
Postado em 15 de junho de 2007

O site Blasting-zone.com recentemene fez uma entrevista reveladora com Dino Cazares, guitarrista e líder do DIVINE HERESY, também ex-FEAR FACTORY.

Blasting-Zone.com: O que, afinal de contas, o levou a sair do FEAR FACTORY?

Dino: "Boa pergunta. Eu não sei ao certo o que aconteceu. Tudo o que sei é que Raymond [Herrera, baterista do FEAR FACTORY] e Christian [Olde Wolbers, baixista que se tornou guitarrista] estavam compondo músicas para uns video-games que obviamente tornaram-se músicas para álbuns. Burt [Bell, vocalista] e eu tivemos muitos atritos musicalmente, ele não queria cantar mais de forma agressiva na época do 'Digimortal'. Ele queria cantar de maneira mais leve e eu queria que ele fosse mais agressivo. Havia muitas brigas. Muitos dizem que foi pessoal e talvez tenha sido mesmo para eles, mas pra mim muito do que aconteceu foi puramente musical e eu não estava feliz. O FEAR FACTORY pra mim tornou-se algo que não era mais divertido. Naquela época, eu não estava em sintonia com o resto da banda, sabe? A banda queria seguir outra direção musical com o 'Digimortal'. Christian queria colocar mais elementos hip-hop nele, o que não me deixou muito feliz. Quer seja pessoal, quer seja musical, o que aconteceu foi que nós começamos a brigar. Estou feliz de não estar mais na banda. Hoje em dia eu sou definitivamente uma pessoa mais feliz. O povo tem me perguntado se algum dia eu voltaria para a banda... Não, definitivamente não. Voltar a tocar com o FEAR FACTORY seria como voltar a namorar uma garota que tivesse me traído ou voltar para uma velha esposa que tivesse me odiado por quinze ou vinte anos, sabe? O que foi feito foi feito. Que os álbuns clássicos sejam clássicos".

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Blasting-Zone.com: Você ficou desapontado quando o grupo se reuniu e optou por não te incluir nos planos?

Dino: "De certa forma eu sabia, mesmo antes da banda terminar, que eles tinham planos secretos que nunca me revelaram. É claro que eu não estava incluído nesses planos. Não importa o que eles te digam, tudo isso foi planejado, mas é claro que eles nunca vão admitir isso. É claro que eu fiquei muito desapontado, mas ao mesmo tempo eu tirei um peso enorme das minhas costas. Eu sabia que o 'Digimortal' não tinha sido exatamente nosso melhor trabalho e que a tensão dentro da banda, entre eu e os outros caras, não me fazia sentir muito bem. Eu estava sempre estressado e sempre preocupado. Quando eles decidiram voltar com a banda sem mim, eu fiquei triste, mas ao mesmo tempo aliviado. Eu ainda sou parte do FEAR FACTORY de uma forma ou de outra, porque eu obviamente estou em todos os álbuns históricos. Na verdade eu ainda sou dono de parte do nome FEAR FACTORY. De uma forma ou de outra, eu ainda faço parte da banda (risos). Só estou nos bastidores. Nós não nos comunicamos mais, tudo é falado através de advogados quando as coisas precisam ser acertadas. Não faz parte dos meus planos falar com esses caras de novo. Pra falar a verdade, eu não quero e fico satisfeito de não ter que falar mais com eles".

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Blasting-Zone.com: Como você responde às acusações de Raymond, de que Christian é um melhor guitarrista que você?

Dino: "Essa é a opinião dele... Eu acho que a música fala por si. Todos os grandes álbuns foram feitos enquanto eu estava na banda, quanto a isso não há dúvida. Todo mundo sabe que 'Demanufacture', 'Soul Of A New Machine' e 'Obsolete' são discos clássicos e sempre serão. Eles sempre tentam minimizar a minha importância em vários aspectos, mas deixa pra lá. Que eles digam o que quiserem, pra mim a prova está na música. Christian faz um ótimo trabalho de copiar meus riffs, mas até aí, ele estava na banda por dez anos e conhecia meu estilo, certo? Ele aprendeu meu estilo. Honestamente, na primeira vez em que ouvi o 'Archetype', eu achei que eu estivesse tocando. Foi como 'ei, peraí... esse sou eu?' Ele fez um ótimo trabalho de me imitar. Não vou tirar o crédito dele por isso. Mas o inovador fui eu, é isso. Eu sou o cara original aqui, e todos sabem disso. Os verdadeiros fãs do FEAR FACTORY sabem... Eles sabem que eu sou o principal, o cara da mão direita aqui. Eu sou o 'riff-master' (mestre dos riffs)".

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Blasting-Zone.com: Você acha que o grupo te culpa pelo fracasso comercial do 'Digimortal'?

Dino: "Na verdade, o 'Digimortal' vendeu muito. Muitas cópias dele foram vendidas, o problema foi que o 'Obsolete' ganhou disco de ouro nos EUA, daí a gravadora imaginou que nós iríamos além do disco de ouro... Algo como um milhão de cópias vendidas, ou coisa assim. Eu presumo que a culpa foi minha (risos), sabe? Os caras não falaram comigo, então eles não me disseram nada. Se havia algum problema comigo, ninguém me disse. Ninguém conversou comigo sobre isso, então eu não sei. Posso só presumir de ler muitos artigos por aí, que fui o culpado pelo 'Digimortal', o que não deixa de ser engraçado porque tem muita coisa nele que eu não compus. O Christian compôs muito para esse disco e quase ninguém sabe. Ele escreveu muitos dos riffs do 'Digimortal'. Pra falar a verdade... nos discos 'Soul of a New Machine', 'Demanufacture' e 'Obsolete', Raymond e eu escrevemos tudo, fizemos todas as músicas. O Christian não escreveu nada até o 'Obsolete', ele só fazia alguns riffs aqui e ali. Foi só na época do 'Digimortal' que ele começou a reclamar que queria compor mais para a banda. Raymond me disse, 'o Christian quer fazer algumas músicas, então relaxa...' Então eu deixei que Christian usasse várias de suas idéias e foi assim que o disco saiu. É um álbum com mais groove, com mais influência de hip-hop. Não estou tentando empurrar a culpa para ninguém, estávamos os quatro no estúdio juntos e fizemos tudo juntos. Só estou tentando dizer que muitas das influências não vieram de mim. O erro foi cometido por nós quatro, coletivamente. Infelizmente eles me culparam. Eu acho que eles precisaram fazer isso, eles tinham que fazer a imprensa acreditar que poderiam continuar sem mim, então os caras tiveram que falar mal de mim".

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Blasting-Zone.com: Você tinha alguma preocupação com o direcionamento musical do 'Digimortal' antes mesmo de terminar de escrever as músicas?

Dino: "Eu meio que sabia que, após o 'Obsolete', nós teríamos que, ou continuar com aquele clima ou voltar para o que tínhamos feito no 'Demanufacture'. Eu sabia disso e tentando lutar por isso foi.. eu contra três. Eu lembro das exatas palavras do Christian: 'Quero comprar uma casa, então vou compor uma música para tocar no rádio'. Era isso o que a gravadora queria, e todo mundo concordou com isso. Eu sabia, no meu íntimo, que nós devíamos ter feito algo mais brutal... Raymond e eu criamos muitas músicas matadoras juntos e essa é provavelmente uma das únicas coisas tristes... que ele e eu não estamos mais tocando juntos. Raymond é realmente talentoso e, se você ouve, vê que meus riffs e o estilo do Raymond encaixam bem".

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Leia a entrevista completa no www.blasting-zone.com.

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Sobre Marco Néo

Nascido na primeira metade dos anos 70, teve seu primeiro contato com sons pesados quando o Kiss veio para o Brasil, em 83, mas não compreendeu bem o que era aquilo. A contaminação efetiva ocorreu um ano depois, quando conheceu Motörhead, Judas Priest, AC/DC, Iron Maiden. Desde então, tornou-se um apaixonado colecionador de tudo o que se refere a Metal e Rock'n'Roll, independentemente de subestilos.
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