Entrevista: Rygel, porrada vinda de Santos
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 20 de outubro de 2006
Quando se fala de rock na cidade de Santos, no litoral paulista, o primeiro nome que vem à sua mente seria...Charlie Brown Jr.? Ok, ok, então é melhor começar a rever seus conceitos urgentemente. Os headbangers brazucas, por exemplo, podem encontrar excelentes opções vindas de lá – como é o caso do quinteto Rygel, que faz um som pra lá de competente, mezzo metal tradicional, mezzo progressivo, com uma pitada melódica mas sempre com muito peso e personalidade. A gente bateu um rápido papo com os rapazes para que você conheça um pouco mais a respeito do trabalho deles.
Whiplash! - Antes de mais nada, mesmo correndo o risco de parecer óbvio e um tanto pentelho, é necessária uma apresentação do Rygel ao público que não os conhece. Como e quando surgiu a banda? Como vocês definem o seu tipo de som? Quais são as suas principais influências?
A banda surgiu em meados de 2000, quando Vagner (bateria) e Wanderson (guitarra) eram amigos de escola e tiveram a idéia de montar uma banda. Na época, a formação era totalmente diferente de hoje pois era um quarteto - e logicamente o som era um pouco mais tradicional. Hoje tocamos um som mais pesado sem perder a melodia, tendo em vista nossas influências que vão desde Pantera, Slayer, Metallica, Megadeth a Helloween, Iron Maiden, Symphony X, Evergrey . . .
Whiplash! - E só para completar, uma perguntinha que vocês vão ouvir muito quando se tornarem ricos e famosos (risos): o que quer dizer o nome Rygel?
Rygel é o nome de uma estrela que tem 35 vezes o tamanho do sol situada na constelação de Orion. Um pouco clichê, né? (risos)!
Whiplash! - Em 2005, vocês lançaram o EP "A Long Way To...". Falem um pouquinho sobre ele e como foi o trabalho de produção do Rodrigo Alves (ex-Viper) e a participação do Danilo Lopes (ex-Eterna e atual Ceremonya), entre outros convidados.
Primeiramente foi um grande aprendizado para a banda pois não tínhamos nenhum conhecimento de estúdio, estávamos fracos em relação à produção e o EP nos proporcionou um pouco deste conhecimento. O Rodrigo Alvez teve grande participação neste aprendizado sendo também um professor para nós - tanto que já estamos trabalhando com ele na pré-produção do próximo álbum que começara a ser gravado em outubro. Tivemos grandes participações no EP como o próprio Danilo já citado, Karol Carvalho e Paulo Sérgio que fizeram um grande trabalho de vocais com nosso vocalista Daniel e são todos grandes amigos da banda, além do próprio Rodrigo que teve uma participação natural no EP gravando um belíssimo solo de violão na faixa "Tears in my Eyes"
Whiplash! - Como vocês sentiram a reação do público e da crítica a este trabalho?
A reação do público foi excelente, devido a nossa falta de recursos na divulgação por ser um trabalho independente. Conseguimos grandes resultados e conquistas como por exemplo a indicação ao premio Dynamite de música independente onde concorremos com grandes bandas do estilo.Também fomos destaques nas revistas Roadie Crew, Rock Brigade e Valhalla, todas elogiando o nosso trabalho.
Whiplash! - E o primeiro disco completo, já está a caminho? Em que pé vocês estão?
Conforme já citado, estamos terminando a pré-produção do novo álbum ainda sem título. Será um álbum com 11 músicas inéditas. Quem quiser ter uma idéia do que vem por ai, basta ir no site (www.rygel.net) e baixar a musica "Driver from Hell", pré-produzida e que está disponível para a galera.
Whiplash! - Ouvindo as composições do Rygel, dá para perceber que os tradicionais dragões e demais elementos de fantasia estão definitivamente fora, assim como as referências satanistas de bandas mais extremas. Ao invés disso, suas canções abordam temas contemporâneos e atuais ou, em alguns casos, até preferem uma ótica mais introspectiva, sobre os sentimentos do ser humano, mas com uma pegada mais otimista. Foi uma opção consciente da banda, ou simplesmente aconteceu à medida que as músicas foram saindo?
Gostamos desse lado fantasioso das músicas, mas no mundo em que vivemos preferimos tentar passar uma mensagem positiva para as pessoas, uma mensagem de otimismo no meio de tantas desgraças que estão acontecendo hoje em dia. Logo, os temas foram saindo naturalmente conforme nosso cotidiano.
Whiplash! - Santos é uma cidade com uma cena roqueira muito forte, seja para o heavy metal, para o punk rock/hardcore ou mesmo para o universo indie/alternativo. Lembro até que um repórter local afirmou que Santos tinha pelo menos "uma banda por quarteirão". Como vocês enxergam esta veia rocker da cidade? Há muitos espaços para se tocar, os veículos locais apóiam a divulgação ou o jeito é mesmo "subir a Serra" para poder mostrar a cara de verdade?
O punk rock/ harcore aqui da cidade é bastante forte, a galera é bem unida, estão sempre tocando por aí, mas as bandas de metal estão deixando a desejar pois quando começamos a tocar existiam grandes bandas na cidade como: Push, Dreamland, Darkwitch... hoje ainda temos o In Hell, Vulcano, Metal Jam, ShadowSide entre outras mas vemos pouca união das bandas, e o público pede por shows e quando tem não aparece. Justamente por isso as casas de show não abrem espaço para o metal, o jeito tem sido procurar um mercado fora da região. Não só São Paulo: interior, Sul e mesmo outros paises da América Latina. Esperamos que os público metal da nossa região dê mais atenção às bandas locais, pois é um prazer enorme para nós tocar em casa.
Whiplash! - Vocês acham que ainda existe espaço no mercado nacional (e no coração dos fãs) para outras bandas que não sejam Sepultura, Krisiun e a dobradinha Angra-Shaaman, só para citar alguns exemplos? Ou definitivamente o público headbanger tem a cabeça mais aberta para absorver as novidades?
Sim, mas as novidades têm que vir acompanhada de qualidade e inovação pois uma cópia do original, apesar de ser boa, sempre será uma cópia e se nós não acreditássemos no público do Brasil não apostaríamos nesse mercado apesar da dificuldade enfrentada pelas bandas iniciantes.
Whiplash! - Vocês acham que a vida na estrada ainda reserva muitos incidentes como o lamentável ocorrido no Festival Roça N' Roll, na cidade de Varginha? (leia mais clicando aqui - https://whiplash.net/materias/news_923/023674-rygel.html)
Imprevistos sempre acontecem, por isso somos da opinião que temos que estar preparados para tudo que possa acontecer. Estas coisas fazem parte da vida do músico. Com relação ao Roça N’ Roll, já está tudo resolvido, provavelmente ano que vem tocaremos lá.
Whiplash! - O que vocês acham de uma iniciativa como a do o Brasil Metal Union, um festival cujo objetivo declarado é apoiar o metal 100% nacional? Este tipo de evento ajuda a fortalecer a cena ou só consolida aquelas poucas bandas nacionais já bem conhecidas de boa parte dos headbangers?
Acreditamos que qualquer tipo de festival que aconteça no Brasil só venha para acrescentar à cena metal.
Whiplash! - Há quem diga, por exemplo, que o fato do heavy metal produzido no Brasil ser quase inteiramente cantado em inglês acaba limitando o acesso do grande público (leia-se "mainstream"). Vocês concordam? Já pensaram em cantar em português?
No começo sim, mas vimos que não atingiríamos o publico externo sendo assim o inglês abrange um nicho maior. O inglês é uma língua universal e o metal hoje em dia é tão globalizado quanto a língua inglesa, mas nada contra cantar em português, basta ver bandas como Oficina G3 que achamos maravilhoso.
Whiplash! - Vamos montar um cenário ideal: vocês receberam uma bolada em dinheiro e agora vão poder realizar o álbum dos seus sonhos, com total liberdade e do jeito que vocês quiserem. Assim sendo, listem aí:
Um estúdio - Abbey Road
Uma gravadora - Rygel Productions
Um produtor - Roy Z e Andy Sneap
Um convidado especial - Dio
Um artista para desenhar a capa - Todd McFarlane
Um local para o show de lançamento - Maracanã lotadão ! !
Uma banda de abertura para a turnê - Banda de algum camarada
Três países para realizar uma turnê - Alemanha, USA e Japão
Whiplash! - Quais são os planos do Rygel para o futuro?
Concluir a gravação do cd, fazer uma forte divulgação dele aqui e no exterior e tocar em todo lugar possível.
Whiplash! - Por último, mas não menos importante: este é o seu espaço. Deixem um recado para a galera do Whiplash!
Primeiramente obrigado por tudo, pelo espaço cedido a banda, e gostaríamos de parabenizar o site pelo grande trabalho feito, continuem sempre assim ajudando a divulgar as bandas, mantendo o profissionalismo e competência demonstrada, sempre imparciais em suas opiniões. Agradecemos também aos nossos fãs e a toda galera que sempre nos apoiou em nossa caminhada até aqui Um grande abraço, valeu!
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