Kiko Loureiro: Dedicação, perseverança e crença no sonho
Por Paula Witchert
Fonte: Souza Lima
Postado em 22 de abril de 2006
Kiko Loureiro é um dos poucos guitarristas brasileiros que conquistaram seu espaço na mídia nacional e internacional de uma maneira tão avassaladora. Foi eleito o 2º melhor guitarrista do mundo pela revista Young Guitar, 4º colocado pela revista Burrn! do Japão, além de se destacar como melhor guitarrista das revistas nacionais, graças ao seu excelente trabalho como guitarrista e compositor da banda de heavy metal Angra. É autor de 3 vídeo-aulas e 2 métodos de guitarra, além de ministrar workshps por todo o mundo. Em fase de lançamento de seu primeiro álbum solo, "No Gravity", Kiko fala um pouco de sua trajetória e experiência musical.
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Paula Witchert – No Brasil, temos uma grande safra de bons músicos, porém a maioria deles não recebe o merecido conhecimento público. Além do seu talento, a que se deve o reconhecimento de seu trabalho pela mídia?
Kiko Loureiro – À dedicação constante, perseverança e crença no sonho, acreditar naquilo que se quer na vida. As coisas não vieram de uma vez, tem de conquistar. Por exemplo, vai ser relançada em DVD a minha primeira videoaula que foi lançada em 92, ou seja, há 13 anos eu já estudava bastante guitarra. Sempre corri atrás de várias coisas, como outros artistas do meio. Gravei videoaula, dei aula muitos anos aqui no Souza Lima, durante sete ou oito anos, mesmo com o Angra trabalhando bastante, crescendo. Eu sabia que era um outro tipo de envolvimento com a música. Fiz outras videoaulas, workshops... Tudo isso soma na carreira. Você tem uma banda, tem os endorsers, faz workshops, dá aulas, as coisas vão se conectando e aí você se mantém, seja com a banda, seja dando aula, você mantém um equilíbrio. Por isso, os trabalhos estão durando todos esses anos.
Paula Witchert – Como foi o processo de composição do "No Gravity"? Eram músicas que você compôs e não utilizou no Angra ou foram feitas especificamente para este álbum?
Kiko Loureiro – As músicas nasceram mais ou menos no mesmo período do ‘Temple of Shadows’, que é o CD mais recente do Angra. Tirando a baladinha ‘Feliz Desilusão’, uma música bem antiga que coloquei. O resto foi feito tudo ao longo de 2003, sem muita pretensão de ter um disco solo. Na realidade, fui fazendo músicas pensando no Angra, que é sempre o propósito, riffs e temas e tudo mais e algumas delas tomaram uma cara de música instrumental, algo que sempre gostei. O Dennis Ward produziu o disco comigo, ouviu algumas dessas idéias e me disse para fazer o CD solo. Quando vi já estava com o material praticamente pronto, com mais essa baladinha e a ‘Beautiful Language’, que é só violão. Essa eu fiz durante as gravações porque queria uma coisa mais brasileira.
Paula Witchert – O retorno do "No Gravity" atendeu às suas expectativas? Como está sendo a receptividade dele fora do Brasil?
Kiko Loureiro – Sem perder a perspectiva que é um CD instrumental e você está tocando para um clube de pessoas, que são os amantes da guitarra e da música instrumental, foi muito bem. Eu já era conhecido no Angra, como guitarrista de metal, muita gente tinha essa imagem. Já quem está mais perto de mim, que freqüenta o Souza Lima, sabe que gosto de outros estilos de música. Outras pessoas que me viam apenas como guitarrista do Angra talvez não imaginassem que eu pudesse fazer um disco como esse. Na realidade, eu nem tinha essa idéia. Eu comecei a perceber isso pelos comentários das pessoas que ouviram o disco. Ouviram algumas faixas de violão, algumas coisas um pouco hard rock, um pouco mais guitarrista e falaram: _ ‘Nossa você toca isso, toca aquilo...’. Isso abriu um leque, porque há pessoas que gostaram do disco e de repente nem conheciam o Angra. O disco foi lançado em várias outras localidades, fiz workshops na Tailândia, Hong Kong, Taiwan e outros lugares que nem mesmo o Angra passou por ali. E o CD estava lá, toquei as músicas e a galera já conhecia, foi bem legal. O mesmo ocorreu na Europa, você acaba atingindo outro público. Eu fiz mais workshops mostrando o trabalho. Em escolas da Inglaterra, em escolas renomadas da França, da Suíça, da Grécia, Itália... Você pega um público que gosta mais de música instrumental, então abriu bastante o espaço. O disco tem distribuição nos Estados Unidos, na Colômbia, na Argentina... E no Brasil, foi bem legal, deu para divulgar. Tivemos shows que eu faço com o Felipe (Andreoli) e o Fernandão (Schaefer) e, com certeza, as respostas são muito boas. Em venda também ajudou bastante. Programa de televisão, que é difícil entrar heavy metal, até vou filmar agora o Serginho Groisman (a entrevista foi realizada dias antes da gravação do programa "Altas Horas" exibido pela TV Globo em 10 de setembro), a Claudete (Troiano)... Vou no Disney Chair que vai passar quarta-feira (programa transmitido em 7 de setembro). Algumas coisas que com uma banda de heavy metal seria difícil, você sendo músico de instrumental, abre o leque. É legal, as pessoas vêm que sou eclético, musicalmente falando, uma coisa que sempre gostei de mostrar.
Paula Witchert – Por que a utilização de diversos estilos musicais no CD? Você quis mostrar suas outras influências musicais ou foi apenas uma questão comercial?
Kiko Loureiro – Não, isso aí não tem nada comercial. Se você faz um álbum de guitarra instrumental e pensar em comercial... Seria muito mais fácil chamar um bom cantor para cantar. Não é essa a questão. Você sabe que está trabalhando numa coisa puramente de gosto pessoal, você tem que achar um disco que seja equilibrado. Eu toco coisas mais radicalmente diferentes do que estão naquele disco. Tanto que as músicas diferentes que eu pus de violão são praticamente umas vinhetas de um ou dois minutos. Mas são para dar um sabor diferente no disco, para não ficar uma coisa tão maçante de solo de guitarra. As coisas que fui pincelando de outros estilos são justamente para deixar o CD mais interessante de se ouvir e não comercialmente. Há também o perigo de ser um CD de guitarra e virar uma coisa chata. Por isso, tentei fazer um trabalho que tivesse todo esse lance de guitarra, de virtuose, vários solos, mas que mostrasse esse outro lado e o lado musical. Se você ouvir, todas as músicas têm estrutura de canção, e elas em tema A, tema B, melodias bem definidas e clássicas e não só solos rápidos. Tem os solos também dentro da música instrumental, mas eles nem são tão longos, se você observar, porque tem os temas. Então, não tem essa de comercial, mas sim de ser algo para as pessoas ouvirem e gostarem.
Paula Witchert – Você pretende continuar investindo na sua carreira solo paralelamente ao Angra? Dá para administrar os dois? Quais são os seus planos?
Kiko Loureiro – Ah, isso fica difícil, a pretensão é que seja uma coisa meio bissexta mesmo. Deu uma brecha e eu fiz, mas agora a gente está fazendo turnê direto, vai viajar com o Angra pra cima e pra baixo, mesmo assim deu para fazer alguns programas de TV que rolam no meio da semana. Quando der uma brecha de novo quem sabe... Mas aí tem que compor as músicas pro Angra... e vai saindo outras coisas de música instrumental já que estou sempre compondo. O dia que der uma brecha, eu organizo aqui e quem sabe dê para gravar.
Paula Witchert – Sem planos então?
Kiko Loureiro – Não dá para planejar tipo daqui um ano ‘eu vou fazer’, é difícil. Gostei de fazer, quero fazer mais, mas não estou planejando.
Paula Witchert – Quais foram as suas influências musicais e o que você tem escutado ultimamente?
Kiko Loureiro – Depende da fase. Agora, escuto bastante violão nem sei porquê, entrei numas de violão. Estou ouvindo Paulo Bellinatti e Yamandú, até fui no show dele outro dia. Ganhei um CD de um violinista paraguaio quando estive no Paraguai, um cara super bom, toca músicas da América do Sul... Paco de Lucia sempre ouço... Jeff Beck sempre estou ouvindo. Para falar a verdade, eu não ouço muita música. Comprei um DVD do Peter Gabriel muito bom, mas é aquela perspectiva de ver o show porque serve para o Angra, para a gente aprender essa coisa dos grandes shows, assistir um Pink Floyd, Peter Gabriel, Phill Collins... Esses caras são legais porque há um outro aprendizado além da música em si...
Paula Witchert – Performance, equipamento, palco...
Kiko Loureiro – É, performance, equipamento, efeitos, iluminação principalmente... Às vezes, eu vejo coisas com um lado técnico... Jazz eu escuto de vez em quando, música erudita também. Gosto de assistir a umas orquestras, aprendo bastante, depois uso essas influências no Angra e na composição, no geral. Eu faço os teclados do Angra, uso muito do que vejo e ouço de orquestra, estou sempre conectado. Estou ouvindo System of a Down também, para falar de rock... (risos) Acho legal pra caramba o novo ‘Mesmerise’.
Paula Witchert – Você ainda estuda música ou acredita que já alcançou sua maturidade musical?
Kiko Loureiro – A maturidade não existe. Estou sempre tentando estudar, às vezes, fico meio chateado de não conseguir. Eu estava tocando violão na medida do possível, tocando Garoto... E piano quando dá, tenho aula com a Sílvia Góes, quando eu não estou viajando e nem ela. Isso significa quase nunca. Mas tento manter essa ligação sempre. Quando os dois estão aqui, dá para rolar três aulas seguidas. Agora, estou sem tocar faz três meses. É fundamental estar sempre ouvindo, conectado, preocupado em aprender. A guitarra é um treino, porque toco bastante. Fiz quinta-feira workshop, sexta e sábado, show do Angra, segunda estarei tocando... Quarta e quinta tem programa de televisão, vou tocar um pouco. Sexta tem o show do Judas, depois a gente viaja pra fora e faz um monte de shows. Então, a guitarra está presente até meio que por obrigação de trabalho. Você sempre passa o som, dá uma tocada, consegue manter. Aí, procura outras fontes para se renovar como músico. Sinceramente, não ouço mais muitos guitarristas estilo técnicos para ver se eu consigo tocar mais rápido. Procuro absorver a música de uma forma geral para crescer mais como músico e não só como guitarrista.
Paula Witchert – Atualmente você fechou uma parceria como endorser com o Souza Lima, devido ao convênio da escola com MI. Em que exatamente consiste essa parceria e o que isso pode agregar à sua carreira?
Kiko Loureiro – Eu gosto muito do Souza Lima, dei aula aqui durante muitos anos e peguei uma relação de amizade com todo mundo e uma afeição com o local em si. Depois de uns anos, parei de dar aula e ministrei alguns cursos de um dia inteiro aqui. O próximo será em 6 de novembro, para continuar essa veia didática que sempre gostei. Faço workshops também pelo Brasil inteiro, fiz no MI, no Japão. Tem muita gente do Brasil inteiro e até da América do Sul vindo para o Souza Lima. Agora com faculdade, com esse intercâmbio que o cara pode vir pra cá, começar a se formar ou fazer um curso técnico ou faculdade ou mesmo servir de via de acesso para o MI ou a Berklee. Já que tenho essa oportunidade de viajar pelo Brasil inteiro para dar workshops, nada melhor do que levar um pouco do que acontece aqui em São Paulo, no Souza Lima, para as pessoas. Falar um pouco sobre essa parceria com o MI e a Berklee e a faculdade e levar os panfletos para todos os cantos do Brasil. É mais ou menos como um embaixador do Souza Lima, em todos os estados brasileiros, para incentivar a galera que está na escola local e quer algo mais profunda ou um diploma ou mesmo sair do país, ter uma via de acesso organizada, séria, que é o Souza Lima. Quinta-feira eu toquei na cidade de Munhuaçu, que descobri onde é quando pisei nela. Tenho a oportunidade de ir a vários lugares e acabo sendo uma referência de uma pessoa próxima, de São Paulo, ou seja, qualquer cara do Brasil pode ser como eu. Não sou o Steve Vai, ou seja quem for, um americano que está em outro país, teve outras oportunidades, outros caminhos de vida. Às vezes, alguém vivendo de música pensa: ‘Ah tudo bem, o cara está no primeiro mundo, teve acesso a isso e isso...’ Eu sou um cara que teve o mesmo acesso que várias pessoas no Brasil. Então, é legal o Souza Lima usar a minha imagem para divulgar esses cursos, porque qualquer guitarrista ou aspirante poderá ser como eu.
Paula Witchert – Agora vamos falar do Angra. Depois da saída do André, do Luís e do Ricardo, o estilo da banda mudou um pouco, soando algo mais prog e técnico. Isso rolou naturalmente devido às influências dos outros músicos ou foi uma jogada proposital? Por quê?
Kiko Loureiro – Olha, natural e proposital. Para mim, soa mais ou menos a mesma coisa. A mudança é uma coisa que vai meio de propósito. Às vezes você não tem noção, mas ela acontece. Mesmo os discos antigos do Angra são diferentes entre si. Mudou a formação, além de ter artistas diferentes executando, então, a execução já vai soar diferente. Antes, o André compunha bastante, agora é o Rafael, eu e o Edu colaborando. Assim, a cabeça pensante ficou parecida. O Angra tinha um formato de som que se manteve e vai mudando naturalmente e propositalmente. A gente quer buscar a evolução, é um desafio a música não ser igual... Você não vai compor uma música no mesmo molde só porque deu certo. Nesse mercado de estilo que o Angra está, tem um monte de banda e soa um pouco diferente. A gente ouve tantos outros artistas e bandas, que incorpora novos elementos na nossa música. E quando se incorpora elementos estranhos ao heavy metal, o pessoal tende a chamar de prog, não há outro termo. Mas não é prog botar uma percussão brasileira, a gente não é prog igual ao Dream Theater, Gênesis e Yes. São só músicas longas ou com muitas partes... A música erudita tem muitas partes, partes longas, daí o progressivo bebeu muito. Mas a gente não se enxerga como uma banda progressiva.
Paula Witchert – Quais os próximos projetos do Angra?
Kiko Loureiro – A gente vai gravar um DVD no final da turnê, retratando esse CD. Os shows com ambiência, as músicas dessa turnê com nossas caras mais velhas do que no outro DVD. O próximo passo é gravar um novo CD, compor. Até o final do ano, tem um monte de shows marcados.
Paula Witchert – Vamos falar um pouco da indústria musical. Você tem várias empresas que endossa como: Tagima, Warm Music, D´Addario, Santo Ângelo, Zoom e Takamine. No que essas empresas têm contribuído para a sua carreira e por que a escolha destas marcas?
Kiko Loureiro – Contribui muito. A relação de endorsement é uma ajuda recíproca. É o mesmo aqui no Souza Lima, você usa o aparelho ou os produtos do cara porque acredita no que ele é, no que a empresa é e no que ela vai ser e ou possa ser. Você empresta a sua boa imagem, que você cavou por muitos anos. O Tagima tem grande credibilidade, eu uso há muito tempo. Tenho amizade com ele e sempre gostei dele como lutier, ele fez ótimas guitarras. Depois, a empresa dele cresceu, tanto melhor para mim. Se você acreditar na empresa e ela crescer, você cresce junto com ela, é uma ajuda mútua. É por isso que eu gosto de vestir a camisa, falar que uso o instrumento e palpitar quando possível, no caso das empresas nacionais. Observar o que pode melhorar... Você acaba sendo um piloto de teste. A gente que roda pra cima e pra baixo pode achar pontos diferentes do fabricante que não está no dia a dia. Eles contam muito com essas opiniões e acreditam. Já a marca estrangeira D´Addario, a maior fábrica de cordas do mundo, é um nome de peso que empresta a mim. Os caras têm no fundo Satriani, Santana e mais uma série de endorsers, o mesmo vale para a Takamine que é uma supermarca. Não tem muito essa coisa de participar, mas você pode dar palpites para o importador: como divulgar, indicar o produto mais legal etc. No caso da Zoom, eu cheguei a ir no Japão, na sala de testes deles, e opinei num desses produtos que a gente está lançando hoje aqui (a entrevista foi realizada no dia da festa de lançamento do novo produto da Zoom - veja a matéria completa na próxima edição). Eu não fiz nada mas eles me mostraram quando estava no projeto e opinei: ‘aqui mais grave mais agudo etc’, deu pra notar que eles respeitam bastante a opinião.
Paula Witchert – O que ainda falta na indústria nacional em relação aos equipamentos estrangeiros?
Kiko Loureiro – Cada produto é um caso à parte. O Tagima está num nível muito bom, tem 25 anos de história, assim como a Santo Ângelo, só para citar dois exemplos de exportadores. O maior problema não cai na cabeça do empresário do criador. É mais a questão econômica brasileira, impostos, investimentos, crença na estabilidade do mercado. O cara pode fazer produtos melhores e mais caros mas tem uma população que pode comprar. É diferente na Europa, no Japão... O que deve melhorar é a macroeconomia brasileira. A indústria tem material humano e cabeças inteligentíssimas para fazer produtos competitivos no Brasil e no mundo. Mas, às vezes, a economia dá uma freada, o cara tem que economizar num potenciômetro aqui, num cabinho ali. O consumidor não vai ter a grana pra poder bancar. Uma boa guitarra americana custa US$ 4 mil, US$ 5 mil, um bom amplificador americano sai US$ 5 mil, isso é inviável no Brasil. Existe esse limite. Em termos de qualidade não deve nada a ninguém.
Paula Witchert – Existe um pouco de preconceito em relação às marcas por serem brasileiras...
Kiko Loureiro – O preconceito perdeu bastante, a Tagima já ganhou. A Warm é mais nova, está ganhando público, tem uma boa penetração mas precisa de mais de tempo no mercado. A Tagima está na mão de ótimos guitarristas, a Santo Ângelo também. Eu não sinto esse preconceito, acho que eles fazem produtos muito bem colocados para o mercado brasileiro, de custo benefício muito bom. Produto bom, com manutenção próxima e rápida, por isso eles sobrevivem bem. As marcas estrangeiras Zoom e D´Addario são sucesso no mundo inteiro e não seria diferente no Brasil. Elas conseguem atingir um nível de excelência no produto, entrando em países subdesenvolvidos como o nosso e em países desenvolvidos, com qualidade e preço.
Paula Witchert – O ensino musical no Brasil é compatível com o estrangeiro ou ainda é necessário estudar fora do país?
Kiko Loureiro – Existem grandes escolas, no caso da Berklee, do GIT que é o MI, de nível internacional. Conheci em workshops escolas de renome na Suíça, Grécia, Itália, Espanha, Inglaterra e Japão. O Souza Lima se não estiver melhor está no mesmo patamar com as MI da França, com o Guitar Institute da Inglaterra, ou mesmo o MI no Japão, em termos de educação. Eu conheço os professores daqui e sei da capacidade deles. Além disso, raramente uma escola tem o espaço do Souza Lima. Fora do país, há escolas bem legais e grandes, como essa da França, tem uma na Itália muito boa, com seis andares. O MI e a Berklee são ‘hors-concurs’. O Souza Lima não perde, isso que é legal, dá pra falar com orgulho. Uma escola que tem teatro, cyber, toda infra-estrutura, se dedica a vários instrumentos... Isso é difícil de ver.
Paula Witchert – Muitos estudantes de música têm talento, mas se perdem por absorver muitas informações e não saber o que fazer com elas. Como escolher o que estudar e como estudar?
Kiko Loureiro – Isso é difícil... Tem de descobrir o perfil, o cara tem de saber o que quer, se quer ser mais compositor, ter uma banda pop, ser músico erudito, concertista... Isso influencia muito o método de estudo. Tem o cara que gosta mais de teoria, o que é mais prático, o blueseiro... Ele tem que descobrir o que quer mas não se fechar para as outras possibilidades. Se o cara é blueseiro deve abranger primeiramente os grandes guitarristas no estilo. O lance é ter muito interesse pela música e nunca deixá-lo morrer. Se o blueseiro quer tocar que nem o Steve Ray Vaughan e ficar insistindo na teoria de contraponto, que é importante também, ele não vai entender de cara o porquê da coisa e talvez perca aquela chama inicial. Então, se o cara gosta de Steve Ray Vaughan mostrar os discos dele e do Robben Ford...
Paula Witchert – O que um estudante de música precisa fazer para se tornar profissional?
Kiko Loureiro – Bem, tem que ser dedicado. Qualquer profissional, de qualquer área, tem de descobrir que hoje em dia precisa estar conectado com várias coisas que estão acontecendo, não só com a sua área. Ele deve ter uma visão múltipla de tudo o que acontece no meio que vai estar inserido.
Contato: www.kikoloureiro.com.br
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