Thunderstone: "Neste CD conseguimos achar nosso próprio estilo!"
Por Rafael Carnovale
Postado em 12 de setembro de 2005
"Qualé galera!" – Esta foi a resposta do simpático guitarrista Nino Laurenne quando citamos o fato de sua banda ser sempre considerada um "clone" de seus conterrâneos do Stratovarius. E desta vez ele está certo. Após dois CD’s aonde o Thunderstone só fez reciclar as idéias criadas por Tolkki e cia., o excelente "Tools Of Destruction" mostra uma banda madura experimentando com extrema habilidade, e investindo em sonoridade mais voltada para o "hard-metal". Isso rendeu um excelente bate-papo, que você confere abaixo, mas optamos por poupar Nino de maiores comparações, pois não falamos das mudanças na sonoridade do Stratovarius...
Whiplash! – Como você compararia este novo CD ao seu antecessor, "Burning"?
Nino Laurenne – Acho que neste CD finalmente conseguimos achar nosso próprio estilo, após anos trabalhando nisso. Foi algo natural, o que o faz bem diferente dos 2 CD’s que já lançamos. Tivemos uma produção bem melhor, e eu mesmo procurei compor coisas mais pesadas e com mais evidências para as guitarras. Gostamos muito do resultado final, e isso refletiu na boa resposta dos fãs.
Whiplash! – "Tool of the Devil" é bem mais orientada para o "hard-rock", sendo bem diferente do que se esperava da banda. Por quê vocês nunca escreveram músicas com esta orientação?
Nino - Ouvindo nossos três CD’s você pode notar que sempre trabalhamos com tudo o que pensamos: baladas, músicas heavy, algumas hard. Eu gosto muito de hard rock sim, e penso em trabalhar muito com isso no futuro, mas não sabemos como misturar todas as nossas idéias ainda para o próximo álbum. Mas que será diferente deste eu garanto.
Whiplash! – Falando sobre as letras, o próprio título traz consigo uma agressividade latente. Há algum conceito por trás das letras do CD?
Nino - De fato não há. Concordo que "Tool Of The Devil" é um título forte e carregado de emoções. Mas o que posso falar? Pensamos em escrever letras falando sobre acontecimentos da vida real, da minha vida, por exemplo. Nada de ficar falando sobre dragões e princesas seqüestradas (risos). "Liquid Of The Kings" fala sobre o perigo em se beber demais. Fico satisfeito em poder me expressar da forma que fizemos no CD.
Whiplash! – "Land Of Innocence" é dedicada ao saudoso Dimebag Darrell, e possui um conteúdo muito pessoal. O que você pode nos falar sobre isso?
Nino - Dime era o "guitar hero". Existem guitarristas virtuosos e fantásticos como Steve Vai e Joe Satriani, que tocam muito, mas no heavy metal ele era o número 1. Eu tive a oportunidade de ver o Pantera ao vivo três vezes, e isso me marcou muito. Ele construiu um capítulo muito forte na história das guitarras. Lembro-me que no dia de sua morte, me juntei a alguns amigos para tocarmos algumas músicas "blues" e homenagearmos Dime.
Whiplash! – Outro exemplo de faixa do CD que foge ao contexto "power / speed" é "I Will Come Again". Como você administra estas influências no som da banda?
Nino - Esta é outra grande faixa. Um hard rock "mid-tempo" com pegada heavy. É uma faixa que fica ótima tocada ao vivo. Um exemplo do que podemos trabalhar no futuro. Gostamos de músicas que possam funcionar ao vivo, que nos dêem prazer de tocar e que agradem aos fãs. Isso é algo que exploraremos mais no futuro.
Whiplash! – Enquanto isso "Welcome To The Real" nos remete as fortes influências que o Stratovarius exerce sobre a banda. Aqui no Brasil tanto o Thunderstone como o Sonata Artica são chamados de "clones do Stratovarius". O que você diria sobre essas afirmações?
Nino - É difícil falar sobre isso, pois eu estaria me metendo no direito das pessoas de nos compararem a outras bandas, principalmente as que vieram antes de nós. Mas posso dizer que as pessoas agora têm uma boa oportunidade para rever esse conceito. Sobre o Sonata, acho que somos bandas totalmente diferentes. Eles investem em músicas bem mais rápidas. Somos grandes amigos, e ambas as bandas gostam do Stratovarius. Qualé galera? Até quando vão nos comparar a eles? (risos).
Whiplash! – "Another Time" é uma boa balada que mostra uma faceta da banda, a de funcionar muito bem com músicas suaves e lentas. Já lhe passou pela cabeça a idéia de fazer um CD todo de baladas?
Nino - (risos) Ainda não. Mas "Spread Your Wings" foi uma das primeiras músicas que escrevemos. Gosto de baladas e pretendemos colocá-las sempre em nossos CD’s. Mas fazer um CD só de baladas é algo que vamos deixar para quando tivermos 17 CD’s lançados, como o Scorpions (gargalhadas).
Whiplash! – A banda também mostra fortes influências do metal germânico como na boa "Feel The Fire". Atualmente muitas bandas de metal estão aparecendo pela Europa. Você não acha que elas estão apenas se copiando e copiando o Helloween e também as outras bandas alemãs dos anos 80?
Nino - Não acho que alguém venha a escrever música copiando propositalmente sua influência. Isso realmente acontece no início, porque você é o espelho do que lhe influencia quando começa a escrever. Por exemplo, não sou um grande fã do Helloween, embora respeite muito a banda. Mas eu ouço muito mais as bandas dos anos 70 e começo dos anos 80. Sei que algumas bandas têm dificuldade em se desvencilhar de suas influências, mas não gostaria de falar sobre isso. Pode um dia acontecer de eu estar ouvindo Pantera e sair uma música influenciada sobre aquele momento, e aí vão dizer que eu os copiei! (risos).
Whiplash! – Falando especificamente sobre o Stratovarius, você já ouviu o novo CD deles? O que achou?
Nino - Ainda não ouvi todo o CD. Aliás, tenho uma história legal para contar sobre isso. Há algumas semanas estávamos ensaiando no mesmo estúdio que eles (Finnvox), um dos melhores da Finlândia. Encontrei com Timo Tolkki e pedi uma cópia do CD, pois queria escutar tudo. Ele me disse que não tinha, mas que eu poderia baixar todas as músicas pela Internet (risos). Achei engraçado, mas ele falou com seriedade, dizendo que eles o colocaram na Internet por completo. Achei um CD diferente, o "Load" do Stratovarius (N. do E.: referindo-se ao CD do Metallica lançado em 1996). Gostei muito do CD, e acho que a reunião foi a melhor decisão que eles tinham a tomar, pois esta formação da banda é matadora.
Whiplash! – Como foi tocar no Wacken em 2004? Quais os planos para turnê em 2005?
Nino - Foi demais, como sempre. Tocamos no festival pela primeira vez em 2002. É uma grande festa do metal, com mais de 40 mil pessoas agitando sem parar. Pudemos ganhar novos fãs, e reverenciar os nossos antigos, e ainda pude ver o Whitesnake em sua reunião (risos). Foi muito bom. Quanto a planos para turnê neste ano, por enquanto vamos tocar no Tuskka Festival aqui na Finlândia, e estamos no aguardo da possibilidade de fazermos mais festivais de verão. Quanto a shows ainda não temos nada fechado.
Whiplash! – Há alguma possibilidade de um giro sul-americano? Não haveria a possibilidade de uma turnê conjunta com o Stratovarius, já que vocês possuem o mesmo agenciamento de turnês?
Nino - O problema é o dinheiro. Sabemos que os fãs sul-americanos são mágicos. E vamos trabalhar duro para poder um dia tocar aí. Não sei se neste CD iremos conseguir, mas quem sabe no próximo.
Whiplash! – Após três CD’s, como você avaliaria a evolução da banda?
Nino - É difícil de falar, mas vai ser legal registrar isso. No primeiro CD éramos apenas caras tentando tocar heavy metal, sem planos mais sérios além de beber e nos divertir (risos). Nos cansamos do "speed" metal, e alguns membros saíram, afinal inicialmente éramos apenas um projeto, mas resolvemos firmar o Thunderstone como banda. "Burning" foi nosso primeiro trabalho como banda efetiva. Com isso pudemos experimentar mais e procurar nosso próprio estilo, o que achamos em "Tools Of Destruction". Agora queremos tocar ao vivo o máximo que pudermos. Nossa formação está matadora, os caras estão animalescos... o que me faz sentir meio preocupado, pois sou tecnicamente o membro mais fraco da banda (gargalhadas).
Whiplash! – Nino, obrigado pela entrevista. Boa sorte na turnê e nos vemos em breve no Brasil. Este espaço é seu para deixar uma mensagem para os visitantes do WHIPLASH! Rocksite.
Nino - Foi demais. Muito obrigado pela oportunidade. Todas as entrevistas que tenho dado só me fazem aumentar a vontade de tocar para vocês. Nos ajudem, ouvindo nosso CD novo e dando-nos a chance de poder mostrá-lo ao vivo para vocês.
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