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Prime Mover - Entrevista exclusiva com o guitarrista Julio César.

Por Saulo Gomes
Postado em 27 de fevereiro de 2000

Formada em 93, a banda paulista Prime Mover percorreu um longo e tortuoso caminho até chegar a uma bem sucedida tour pela Alemanha no ano passado. A banda tem dois CDs independentes lançados, e entra em estúdio em janeiro de 2000 para gravar o próximo, também de forma independente. O último Cd da banda, My Experience revela um bem trabalhado cross-over entre vários estilos e vertentes do metal contemporâneo. A Whiplash! conversou com o guitarrista Luis César, que fala um pouco sobre a banda e os planos para o ano 2000.

Whiplash! / Há quantos anos a banda está na estrada?

César / O Prime Mover existe desde meados de 93. Temos uma fita demo (Demo’94) e dois CDs independentes lançados: Pull It Off (95 ) pela Dynamo Brazilie e o My Experience(97) pela Lemon Music Co. No início de 1999 fizemos uma mini-tour pela Alemanha e estamos para gravar nosso terceiro CD, também independente.

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Whiplash! / Como a banda se formou?

César / Foi uma fusão de duas bandas de metal da época: Hammerhead (Luis, guitarras e Thomas, baixo) e Stage Driver (Luciano, ex-batera e Luciano, vocal). A gente estava meio insatisfeito com o que estávamos fazendo no sentido musical, e decidimos juntar o que sobrou das bandas para tentar algo com um conceito novo. Todos nós viemos de bandas de Thrash Metal e essa era a nossa visão musical. O Prime Mover foi fundado com esse propósito de fugir do rótulo de Thrash Metal e fazer uma música mais "à vontade" sem aquela pose e atitude (não são todas as bandas) que esse estilo do metal tem.

Whiplash! / Qual a formação musical de vocês?

César / Ninguém tem formação musical. Eu fiz alguns anos de conservatório há muito tempo atrás quando era criança. A gente aprendeu a tocar basicamente de ouvido. Isso nos atrasou bastante, por um lado, mas por outro não nos contaminou com as famosas regras e posturas que paradoxalmente deixam bitolados esse pessoal que estuda música a fundo. A gente toca o que sente, nossa música é mais orgânica. Não acho que esse tipo de coisa possa ser adquirida em escolas de música.

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Whiplash! / Uma pergunta inevitável: quais as principais influências da banda?

César / Uma resposta inevitável: a gente ouve de tudo. Gosto é gosto. Prefiro falar em inspiração porque é assim que a gente faz música. Não é baseado naquilo que gostamos de ouvir, mas sim naqueles insights que a gente tem quando está ouvindo alguma coisa. O que a gente gosta de ouvir realmente não tem importância!

Whiplash! / Falem um pouco sobre o CD 'My Experience'?

César / Gravamos o disco na Inglaterra com Paul Johnston, que produziu o último Cd de estúdio do Dorsal Atlântica, além de bandas como G.B.H., The Varukers, Napalm Death, Cathedral entre outras. Nós fizemos a produção artística e ele conduziu as gravações. Tudo muito simples, nada de outro mundo. Foi com certeza a gravação mais tranqüila que nós já fizemos. Quando chegamos de volta, depois de termos agitado alguns lances na Alemanha a gente lançou o disco pelo nosso próprio selo "Lemon Music Co". Chegamos a ter uma pequena distribuição por alguns países da Europa. Esse CD nos deu uma boa colocação e um certo respeito no meio musical. A maioria das pessoas que vão ao nosso show nos procuram depois para adquirir uma cópia!

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Whiplash! / Como surgiu o nome do Paul Johnston para produção, vocês já conheciam o cara?

César / Foi numa viagem que eu fiz por Portugal e pela Espanha, para divulgar a banda em alguns programas de rádio. Tive um problema de saúde e fui parar em Londres na casa de um conhecido de um conhecido meu. Esse cara me deu uma força e papo vai papo vem, a gente cogitou a possibilidade de gravar em Londres. O cara disse que conhecia o Paul Johnston que tinha feito o último Dorsal. Umas semanas depois o Paul me passou um fax com os preços para gravar lá e nós fechamos o lance por fax. Não conhecíamos o Paul direito, foi bem maluca a coisa toda.

Whiplash! / Você falou antes que queria fugir do rótulo de Thrash Metal quando a banda se formou. Como você definiria o som da banda hoje em dia?

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César / Punch Rock. Foi assim que os gringos chamaram a gente na Alemanha e eles têm razão. O som é agressivo como um soco na cara, mas não tem as características do thrash. Por favor, não me entendam mal! Eu não disse em hipótese alguma que a gente não gosta de thrash metal!!!! A gente apenas prefere tocar outro tipo de som, só isso!

Whiplash! / Qual o circuito de shows que a banda tem se apresentado, tem rolado apresentações fora do Brasil?

César / Como eu disse antes a gente tocou na Alemanha numa mini-tour. Foi como tocar por aqui, tinha show lotado que vendia muito disco, e tinha show com três pagantes, nada muito diferente. Mas por outro lado a cerveja era infinitamente melhor! Aqui no Brasil a gente tem sempre tocado pelo Paraná (Maringá é nossa cidade favorita), interior de São Paulo e Rio de Janeiro. É muito difícil sair dessa área, pois ninguém se dispõe a pagar nossos custos de transporte. A gente nem cobra nada para tocar, para facilitar as coisas. Mas não tem jeito!

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Whiplash! / Como é a recepção da banda lá fora?

César / A galera respeita muito! Nos shows que a gente fez por lá sempre acabava vendendo algum disco. Deixávamos os CDs para vender na portaria do show e quando a gente acabava de tocar o pessoal já tinha CD na mão para gente rabiscar! Foi demais. Fora o fato de que eles pagavam sempre umas cervas para nós! Infelizmente as gravadoras de lá não tem muito interesse no nosso tipo de som. Mas a gente já superou isso. Tocamos pelo prazer de tocar!

Whiplash! / Esse desinteresse existe mesmo com o sucesso de bandas como o Sepultura? Atualmente não existe uma maior abertura para bandas brasileiras no exterior?

César / Isso é relativo. A gente percebeu que para uma banda funcionar lá fora tem que abrir mão de muita coisa que nós não temos condição de fazer agora. Por exemplo, largar mão de emprego, família, as facilidades de estar em casa, além disso tem a grana, a comida ruim essas coisas. Nesse tour pela Alemanha a gente acabou voltando antes do tempo porque as coisas ficaram ruins para banda de grana. O pior é que abrir mão disso tudo, passar mal por causa de rango, ou fome, não garante que a sua banda vai tocar em lugar nenhum, nem que alguma gravadora vai se interessar pelo seu trabalho. Talento é o que menos interessa por lá. O que faz você assinar um contrato é o que está rolando na cena ou, no caso do Sepultura, um talento fora do comum. Mas isso também é relativo.

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Whiplash! / Qual expectativa para esse terceiro Cd, já tem nome provisório? Quais os planos para esse ano, show, tours etc.

César / O novo CD vai se chamar "Imago". Eu acho que será muito mais legal que "Exp" e posso adiantar que não vejo a hora de pegar esse novo play e ouvir bem alto. O play deve sair em março no formato digipack. Shows, a partir de março( depois que o CD sair) em todos os lugares que quiserem que a gente toque! Só para lembrar, a gente não cobra cachê. É só pagar as nossas despesas que a gente toca! Para compensar a gente vende nossos CDs no Shows, à dez reais (R$ 10,00).

Whiplash! / Para terminar quem quiser entrar em contato para shows ou conseguir um CD de vocês como é que faz?

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César / Pode entrar em contato com o Prime Mover para shows ou saber mais sobre a banda pelo email: [email protected]. Já os interessados em adquirir um dos nossos CDs pode mandar um email para: [email protected].

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