Eterna - Entrevista exclusiva com o baterista e vocalista Danilo.
Postado em 15 de fevereiro de 2000
O Eterna é uma das mais promissoras bandas nacionais, recentemente lançou o álbum Papyrus e vem conseguindo boa aceitação no meio heavy. Conversamos com o vocalista e baterista Danilo Lopes, que falou um pouco sobre o Eterna, o novo álbum e sobre a cena white metal.
Por Felipe Matula
Colaboração / Thiago Corrêa
Whiplash! / Gostaria que vocês falassem um pouco sobre o inicio da banda e as principais influências.
Danilo Lopes / A atual formação do Eterna já tem quatro anos. Com exceção do Douglas Codonho, tecladista, que entrou em abril de 99. Já havíamos feito outros trabalhos antes de estarmos na Igreja Católica. Nos conhecemos na Comunidade e iniciamos esta parte do trampo. Já que a banda existia com outra formação, há uns cinco anos atrás. Já era uma banda de White. Porém, o som era mais Hard e Rock'n'roll. A formação da banda contava, já com o Alexandre e as irmãs do Paulo, Rita e Vera. E quando eu e o Paulo entramos, o som foi tomando outra direção. Foi ficando mais pesado. Pois sempre tivemos influências de bandas setentistas e oitentistas, como Purple, Kiss, Iron, Judas, Dio, Sabbath, Ozzy, Uriah Heep, Led, Malmsteen, Queesnryche, etc. Ficamos como power-trio, lançando Shema Israel em jul/97. O trampo começou a rolar, porém mais restritamente no meio católico. Abr/99, entra Douglas, com influências de Yes, ELP, Rick Wackeman, etc. Realmente, era necessário um teclado. Mudou pra caramba o som da banda. Sei lá, a gente curtiu.
Whiplash! / Como foi o processo de composição de Papyrus?
Danilo / Cara, rolou tudo muito rápido. Tínhamos apenas Mary's Son pronta, com instrumental e letra. A Social, a Euthanasia e, se não me falha a memória, alguma coisa de Working Man já rolava. Alguma coisa mesmo. Só tínhamos uma vaga idéia de como seria o instrumental dessas três. Era abr/99 e, como já disse, o Douglas tinha acabado de entrar na banda.E, assim que a galera sentiu à vontade, tínhamos exatamente 30 dias para compor, praticamente o disco inteiro. Entraríamos em estúdio dia 10/05/99. E foi o que rolou. Começamos a gravar e muita coisa foi criada no estúdio.
Whiplash! / A banda conta com dois vocalistas. Como são divididas as linhas vocais?
Danilo / Bom, desde o Shema Israel, a gente sentia que seria interessante dividir algumas músicas. Cantar junto é uma opção legal. Naturalmente, escolhemos o que encaixa melhor com a voz de cada um e vai rolando. O que também torna-se bom para descansar nos shows.
Whiplash! / Qual a principal diferença de Papyrus para Shema Israel?
Danilo / A produção, com certeza. A partir daí, podemos ressaltar as músicas em português, que não rolam no Papyrus. E, uma outra coisa: Sentimos que, para fazer o Papyrus, precisaríamos direcionar melhor o som. Precisaríamos ser diretos, mais metal. Arranjos que não prejudicassem as melodias, que são, na nossa opnião, a coisa mais importante da música e também, o mais difícil de se desenvolver.
Whiplash! / Metade do Shema Israel era cantado em português, em Papyrus todas as cancões são em inglês. Quais foram os motivos para deixar o português?
Danilo / A linguagem do metal é o inglês. Fica difícil conceber em outra língua. Em toda história metálica, vemos exemplos de bandas como o Loudness, que teve mudar do japonês para o Inglês para obter uma repercussão maior no meio. O nosso caso não foi diferente.
Whiplash! / Uma das coisas que tem ganhado mais destaque nas críticas sobre Papyrus é a produção do álbum. É realmente impressionante e raro achar uma produção independente de alta qualidade como a de vocês. Como foi esse processo todo da produção do álbum? Algum integranteda banda já deve ter alguma experiência em produções... ou não? Enfim, como conseguiram fazer uma produção tão perfeita?
Danilo / Bom, antes de tudo, com certeza agradeço os elogios. Na realidade, o que rolou é que, por mais que as músicas não estivessem totalmente prontas ,entramos em estúdio já sabendo a direção do som que queríamos. Não era nossa intenção fugir muito daquilo já trabalhado. Ou seja, se as músicas já estão encaminhadas e letras idem ,acho que o que falta é gravar e ver no que dá. E no nosso caso, o que ajudou bastante foi o estúdio.O trabalho feito no Creative(SP) é de primeira. O Philip, nosso amigo e dono do mesmo, sabe exatamente como tirar um som de batera e guitarra para metal. O que é realmente difícil de se fazer.
Whiplash! / O encarte do álbum é outra coisa que encanta. Não deve ter sido barato arrumar um encarte legal como aquele. Quanto gastaram com isso? Valeu o investimento? O retorno financeiro tem dado conta de acertar esses gastos e até ter um lucro por fora?
Danilo / É, não foi muito barato não. Mas, Deus é Pai e nunca deixa a gente na mão. E o cara que fez o trampo, o Tchelão, vocal do Rosa de Saron e do The Flanders, tem excelentes idéias. Acreditamos que o Brasil é o maior celeiro de Heavy Metal do mundo e o banger brasileiro merece. Nós o fizemos com muito zelo...Esperamos que todos gostem. Quanto ao retorno, tá rolando o suficiente...
Whiplash! / Como tem sido a aceitação de Papyrus entre os fãs e imprensa especializada?
Danilo / Olha, tem sido legal. E, aproveito para agradecer toda a força que o pessoal tem nos dado.Tanto a galera das revistas Rock Brigade, Planet Metal, etc., como o pessoal das lojas Die Hard, Destroyer, Megahard, Hellion, Sinai Hill, etc. E, sem esquecer toda a moçada que comprou o disco. Ah, é claro, vocês do Whiplash também.
Whiplash! / Dentro da cena heavy, muitas vezes pode ser percebido um preconceito contra o white metal, como vocês do Eterna encaram esta situação? Vocês tocariam com uma banda black metal?
Danilo / Acho muito natural se, de repente, rolar algum preconceito. Cada um curte o que quer.Queremos deixar bem claro que, mesmo sendo White, somos uma banda de Metal. Não temos preconceito com ninguém. Tocamos metal e é isso que queremos fazer. E não vemos problema algum, caso tivéssemos que fazer shows com bandas de Black Metal.
Whiplash! / Pelo que pude perceber a cena white metal é um bocado fechada, por exemplo, na seção de links da home-page do Eterna, somente há links para bandas white, por que isso acontece?
Danilo / Por que é fechada, ainda não sabemos. E quanto ao nosso site, está no ar há pouco tempo. Sendo assim, ainda está sendo desenvolvido. Mas, com certeza colocaremos links de outras bandas e sites especializados em Heavy Metal. E só uma questão de tempo.
Whiplash! / Achei interessante que vocês fazem letras um pouco diferentes do que vemos por aí dentro do white metal. Vocês não ficam nessa coisa de "Jesus é a única coisa para mim". Vocês variam bastante. Quando fizeram as letras já pensavam em sair dessa 'rotina' do white metal ou foi surgindo naturalmente?
Danilo / Acreditamos que, mesmo sendo cristãos, os temas a serem explorados são inúmeros. E o fato de vivermos uma realidade cristã, não nos dá o direito de obrigar ninguém a nada. Nossas letras têm conteúdo bíblico. No entanto, enfocando assuntos do nosso dia-a-dia, da maneira mais natural possível. Toda banda, de uma forma ou de outra, passa uma mensagem...e, se o ouvinte quer seguí-la, fica a seu critério.
Whiplash! / Na música Da Pacem Domine, o baixista Alexandre usa slaps, uma técnica pouco usada no heavy, vocês pretendem utilizar outras técnicas incomuns no heavy como o slide ou a utilização do EBow?
Danilo / Fica meio difícil falar isso agora. Mas, com certeza, a gente não vai querer sair da rota do metal.
Whiplash! / O guitarrista Paulo mostra uma grande influência de Malmsteen e de outros músicos neo-clássicos. Isso faz com que a banda lembre um pouco o Narnia (também white metal) em alguns momentos e, algumas vezes, lembra outras bandas que fazem melódico e colocam as influências de Malmsteen, como Stratovarius. O que vocês pensam sobre isso e sobre futuras comparações que podem surgir?
Danilo / Creio que não há problema algum. É algo bem natural. Pois, o estilo pede este tipo de influência. Já que toda banda é comparada com alguma outra, fica difícil fugir desse critério. Com certeza, é algo natural.
Whiplash! / De onde surgiu a letra para The War Is Over?
Danilo / É um protesto contra as guerras. Países menores, mais pobres, absolutamente arrasados em guerras que não têm nenhum sentido. E, depois que tudo passa, o que se tem a fazer, é construir tudo de novo..."And I need to build my nation again!!".
Whiplash! / O Sepultura abriu um grande espaço para as bandas nacionais lá fora. Hoje temos o Angra, que é uma mania em muitos países europeus e outras bandas que vêm aparecendo e já estão se acertando lá fora, como o Dark Avenger. Acredito que o Eterna tenha tudo para chegar lá fora e fazer sucesso também. Mas o fato de ser uma banda de white metal não os leva a, pelo menos imaginar, que pode haver um tipo de preconceito, que acabe dificultando na divulgação da banda?
Danilo / Quanto ao preconceito, se vai rolar ou não, fica difícil saber. Creio que isso dependa mais de nós do que do público...depende do nosso comportamento. O público é figura principal em tudo e merece o devido respeito.
Whiplash! / Vocês já têm algo preparado para um novo álbum? Novas composições? Se sim... quantas? E poderia nos dizer, com exclusividade, pelo menos o nome de alguma?
Danilo / Já têm surgido algumas idéias. Porém, ainda nos parece cedo para a concretização de um terceiro álbum. Há muito o que fazer com o Papyrus. Nome de alguma? Sei lá, ainda não rola.
Whiplash! / O Eterna já tentou contato com distribuidoras da Europa, Estados Unidos, etc? Se sim, como têm sido esses contatos? Qual a resposta dos distribuidores e o que vocês esperam das negociações?
Danilo / Ainda não há nada de concreto. Já estamos nos mexendo. Porém, com calma, para não fazer nada errado.
Whiplash! / Comentem um pouco sobre músicos que influenciaram os integrantes da banda no começo dos estudos e aqueles que realmente influenciam o som do Eterna hoje.
Danilo / Creio que a raiz do Metal, ou seja, a energia dos anos 70 e 80, como Purple, Iron, Dio Malmsteen, Sabbath, Led, Yes, Kiss, etc., são insubstituíveis como influência para músicos que, como nós, viveram aquela época. Até hoje, eles são nossos pontos de referência.
Whiplash! / Vocês têm um trabalho muito legal que ajuda na recuperação de drogados. Vocês podem falar mais sobre esse trabalho?
Danilo / É uma comunidade católica, que já existe há vinte anos. Chama-se CCEV (Comunidade Casa Esperança e Vida). É dirigida por padre chamado Fradão. Um cara bem à vontade que apoia bastante o trabalho da banda. Ele vem lutando esse tempo todo, já tendo ajudado mais ou menos 15.000 pessoas na recuperação do vício das drogas e do álcool. Eu sou ex-dependente. Usei drogas durante algum tempo e na Igreja obtive recuperação. Já tocava Metal e conheci o trampo do Fradão e, consequentemente, a banda.
Whiplash! / O espaço é de vocês, deixem alguma mensagem para os usuários do Whiplash!
Danilo / Esperamos que todos possam ouvir o Papyrus e dar sua opinião. Lutamos por um espaço para divulgar nosso trampo, e agradecemos todos que se interessaram em ler essa entrevista. Galera do Whiplash, valeu a força!!! Deus os abençoe!!!!
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