DC Cooper - Entrevista exclusiva realizada durante a visita ao Brasil.
Postado em 14 de novembro de 1999
Com seu CD intitulado simplesmente de "DC Cooper" recentemente lançado, o vocalista ex-Royal Hunt DC Cooper concedeu à Whiplash! esta entrevista, onde fala de sua ex-banda, de projetos, idéias e mais. Extremamente simpático, conversou bastante e seria preciso um livro para relatar aqui tudo o que foi conversado. Entretanto, os melhores momentos do papo estão aí. Confira.
Por Haggen Kennedy
Whiplash! / Em primeiro lugar, como tem sido a repercussão do seu disco entre os ouvintes de heavy metal?
DC Cooper / [pensando um pouco] Tem sido boa, eu acho. Meu disco solo é mais pesado que a linha que o Royal Hunt segue, talvez as pessoas se dividam um pouco em aceitá-lo, mas é tudo parte do processo.
Whiplash! / Conte-me um pouco a respeito desse seu projeto. Você já tinha todas as músicas prontas e apenas chamou os outros caras para gravar ou eles ajudaram no processo de composição também?
DC / Eles ajudaram, sim. Com certeza. As letras são 100% minhas, eu as escrevi inteiramente. Porém, as linhas de melodia não tiveram só a minha mão. O Tore [Ostby, guitarrista, ex-Conception, atual Pink Cream 69] me ajudou um bocado... o Mister A ali também [N do T.: ele aponta para Alfred Koffler, guitarrista] ajudou pra caramba.
Whiplash! / Então é um projeto paralelo ou um projeto solo?!
DC / Não, não, é um projeto solo, mesmo.
Whiplash! / Como você compara o seu trabalho no Royal Hunt e solo? Ou não compara? /)
DC / Bem, é como eu falei, no Royal Hunt, os teclados são muito mais acentuados. É legal porque podemos trabalhar bem a melodia, mas no meu projeto solo o som é mais voltado pro peso, mesmo, para as guitarras.
Whiplash! / Falando em Royal Hunt, que diabos aconteceu lá? Ouvi dizer que você soube do acontecido [N do T: que tinha saído da banda] pela Internet, é verdade mesmo?
DC / Ah, sim, é verdade. Foi uma coisa muito triste que me machucou muito. Não imaginei que fosse acabar assim, quero dizer, eu dava o melhor de mim, até hoje não entendi direito como tudo isso foi acontecer. Eu...
Whiplash! / [interrompendo] Mas vocês estavam bem ou já brigavam bastante ou algo assim?! Digo, havia indícios de que talvez fosse...
DC / [interrompendo] Olha, realmente é estranho e confuso porque durante toda a minha estadia lá, o tratamento que recebi não foi dos melhores. Eles ficavam me sacaneando todo o tempo, falando mal pelas minhas costas, xingando a América e coisas do tipo. E na maioria das vezes não falavam nem em inglês. Era difícil porque eles ficavam rindo de mim o tempo todo. E eu sabia disso, mas o que eu poderia fazer? [N. do T.: nessa hora ele abaixa a cabeça e dá pra ver perfeitamente o quanto ele fica sentido com isso tudo]. Mas, bem... respondendo sua pergunta, foi pela Internet que eu soube, mesmo. Um amigo meu [N. do T.: o nome dele é Brian] ligou lá pra casa e perguntou por quê eu tinha saído do Royal Hunt e eu disse "do que você está falando?". Ele me mandou acessar a Internet e só fui descobrir assim. É difícil entender esse tipo de atitude.
Whiplash! / Sem dúvida. É verdade que eles falavam mal até da sua namorada?!
DC / [visualmente decepcionado] É, sim. Falavam mal das roupas dela, do cabelo dela... falavam mal do meu cabelo, também. Quero dizer, qualquer coisa era motivo para falar mal...
Whiplash! / E você ainda fala com eles? Como está isso?
DC / Bem, eu não tenho mantido contato com eles, mas não tem nada a ver com raiva ou qualquer coisa semelhante, é que apenas não tive a oportunidade ainda. Na verdade, eu realmente desejo apenas o melhor para eles e toda a sorte do mundo. Eu sigo a minha carreira e eles seguem a deles e é isso aí.
Whiplash! / Você já havia pensado em deixar a banda antes?
DC / Não, de jeito nenhum. É como eu lhe disse, foi uma total surpresa quando soube do assunto. Eu nem imaginava essa possibilidade. Mesmo com eles falando mal de mim eu não me importava. A música é mais importante que afrontas pessoais.
Whiplash! / Você já ouviu Artension, certo?
DC / Já, sim, claro. Por que?
Whiplash! / Bem, é que o novo vocalista do Royal Hunt é o mesmo do Artension.
DC / Oh, sim. Mas onde você está querendo chegar? [risos]
Whiplash! / Gostaria de saber o que você acha dele.
DC / O que você acha dele?
Whiplash! / Ah, eu gosto bastante. Tanto to "Into the Eye of the Storm" quanto no "Phoenix Rising" ele fez um trabalho maravilhoso.
DC / Pois é, eu acho o mesmo. É um bom vocalista, sem dúvida. Você já ouviu alguma coisa do novo do Royal Hunt?
Whiplash! / Já, sim. Tem muito mais teclados que os antecessores. Mas eu ainda acho que a sua voz combina mais do que a dele.
DC / Bem, estou feliz por você gostar da minha voz. De qualquer forma, eu acho que eles se darão bem. O John [West, vocalista do Artension] é um ótimo cantor e acho que o Royal Hunt só tem a ganhar.
Whiplash! / Tá bom, chega de Royal Hunt, então [N. do T.: ele dá uma risada, e diz que não tinha problema]. A banda que está tocando com você agora é simplesmente o Pink Cream 69 com você no vocal em vez do David [Readman, vocal do PC 69]. Vocês devem ser muito amigos, não?
DC / Sem dúvida alguma. Todos na banda são meus amigos e eu próprio os chamei para gravar esse disco comigo, com exceção do Jan [Marco Becker, da banda Superior. N. do T.: nessa hora, o Jan, que está sentado mais à frente, ouve o nome dele e se vira perguntando o que estamos tramando com ele]. Ora, meta-se nos seus assuntos, Jan [risos gerais]. Mas, como eu estava dizendo, todos somos muito amigos e já nos conhecemos há tempos. Todos eles são pessoas muito fáceis de se trabalhar, então foi um álbum muito fácil de ser feito.
Whiplash! / Vocês tocaram no Japão, não é? Como anda a sua popularidade por lá? Tanto quanto sei, você estava se dando muito bem quando estava no Royal Hunt.
DC / [pensando um pouco] Vai indo relativamente bem, apesar de que acho que não estou fazendo tanto sucesso como quando fazia parte do Royal Hunt. Mas isso é perfeitamente compreensível, usualmente as pessoas procuram se ligar mais à banda do que ao trabalho solo do cara que saiu do grupo. Acontece.
Whiplash! / Há quanto tempo você canta?
DC / Nossa, já tem vários anos. Comecei bem cedo, ainda era adolescente. Sempre amei cantar, então daí a entrar em bandas foi um pulo.
Whiplash! / E o que é que você anda ouvindo atualmente?
DC / Ah, muitas coisas, eu ouço de tudo [N. do T.: ele tira um porta–CDs e começa a passá-los (os CDs) para que eu veja].
Whiplash! / "Operation: Mindcrime"? Você gosta de Queensryche?!
DC / Se eu gosto? Nossa, Geoff Tate é uma das minhas maiores influências, eu amo Queensryche. Tenho todos os discos deles e mais. [risos]
Whiplash! / Isso é ótimo, eu gosto da banda, também. [N. do T.: ele passa vários CDs de vários estilos diferentes. Anya, Exodus, Pink Cream 69, etc.] Você gosta mesmo de tudo isso que tem aí [ele balança a cabeça afirmativamente]? Você é bem eclético, hein.
DC / Eu acho que a pessoa tem que ser. Quer dizer, você não precisa necessariamente gostar de tudo, é claro. Mas eu acho importante ouvir de tudo para que suas idéias não se esgotem e você possa manter a mente aberta para coisas novas, que podem ser interessantes. [N. do T.: nessa hora, um roadie pede a DC um cd do disco solo dele para escutar em seu discman]. Viu? Esse cara gosta de coisas interessantes. [risos gerais]
Whiplash! / DC, nos afinais, você vai seguir carreira solo mesmo ou vai entrar em alguma banda? Tem boatos de sobra rolando por aí. Esclareça isso para nós, mortais, por favor.
DC / [rindo] Oh, bem, na verdade, os dois. Vou entrar numa banda, porém vou continuar com meu trabalho solo, que estou gostando bastante.
Whiplash! / Que banda?! E no próximo disco solo você terá os caras do PC 69 de novo?
DC / Ah, infelizmente isso eu não posso contar. Quero dizer, no meu próximo disco [solo] não serão os caras do PC 69, porém não posso dizer quem fará parte dele. Também ainda não posso falar sobre a banda em que entrarei.
Whiplash! / E quando poderemos saber?
DC / No próximo ano, por volta de Janeiro. Provavelmente algum material promocional sairá junto. Ou talvez em Março. Mas será no primeiro semestre de 2000, pode aguardar.
Whiplash! / Como foi trabalhar com o Dennis Ward na produção?
DC / Foi maravilhoso. Em primeiro lugar, porque somos amigos. Em segundo, porque tudo ficou mais fácil, ele já sabia o que eu queria para o disco, como ele soasse, etc. Facilitou imensamente as coisas.
Whiplash! / Você gosta da sua voz?
DC / [pensa um pouco] Não gosto tanto quanto deveria, acho. Quer dizer, eu a acho legal, mas não vejo nada de excepcional. Não é como Bruce Dickinson, Dio ou Halford, que ergueram impérios no metal, então não acho que eu seja algo excepcional, como disse. Eu gosto dela na medida do possível, digamos assim [risos].
Whiplash! / Eu pergunto isso, porque estava ponderando sobre quantas vezes você grava e regrava sua voz até atingir o timbre certo no estúdio...
DC / Ah, isso depende muito. Eu posso tanto gravar uma única vez e gostar ou gravar 20 vezes e não sair nada que preste [risos]. E eu, de qualquer modo, sou bastante exigente comigo mesmo, quero dizer, eu gravo, regravo e regravo de novo até achar que está realmente bom. E, aliás, está é uma das razões pela qual eu adorei trabalhar com o Dennis e pretendo trabalhar com ele daqui por diante. Ele usualmente concorda comigo quando digo que tenho que regravar os vocais. Em algumas músicas acho que repetimos algumas partes cerca de 30 ou 40 vezes até que achássemos que tivesse ficado bom. Digo, ele é o tipo de cara que se acha que não está bom, sem dúvida vai mandar fazer de novo - e eu gosto disso, penso desta mesma forma. E se achar que já está bom... bem, ele manda repetir, do mesmo jeito. [risos]
Whiplash! / Sobre as letras do disco... sobre o que você prefere escrever?
DC / [pensa bastante] Emoções...
Whiplash! / ?
DC / Por que essa cara? [risos]
Whiplash! / Desculpe, estava só pensando.
DC / Ora, então deixe nós, mortais, sabermos no que estava pensando. [risos gerais]
Whiplash! / Estava pensando se você escreve sobre suas emoções ou de outros...
DC / [pensando] É uma boa pergunta. [pensa mais um pouco] Na verdade, acho que os dois. É um pouco complicado de explicar até mesmo sobre o que eu prefiro escrever, por isso demorei para lhe responder quando perguntou. Eu escrevo sobre emoções em geral. Acho que minhas na maioria, não sei. Simplesmente começo a escrever. Acredito que muitas pessoas possam se identificar com as letras, pois são bem abrangentes e costumam acontecer conosco.
Whiplash! / Então, você prefere escrever sozinho?
DC / Não, não, de jeito nenhum. Escrevi sozinho apenas por se tratar de meu disco solo. Quero dizer, saí do Royal Hunt e tinha algum material pronto, não queria desperdiçar. Além do mais, se eu não usasse, seria sinônimo de que iria desistir do meio musical. E não é isso que eu quero, definitivamente. Mas, respondendo sua pergunta, eu gosto quando outras pessoas opinam, pois assim eu posso ver um tópico de várias perspectivas diferentes e não só da minha. Digo, é bem mais fácil e até melhor quando você enxerga algo por vários ângulos diferentes pois isso ajuda a lhe dar uma idéia mais detalhada sobre o assunto e você tem muito mais facilidade em desenvolver o pensamento primordial. É muito interessante e idéias e pontos de vista são sempre bem-vindos.
Whiplash! / Quanto tempo você levou para escrever esse disco?
DC / [conta os meses nos dedos da mão] Nossa, vários meses, dá acho que um ano.
Whiplash! / Onde ou quando você costuma escrever suas letras?
DC / Em qualquer lugar. Se eu estiver num avião e surgir alguma idéia, eu pego papel e caneta e anoto a idéia. Se eu estiver no carro, em casa ou no banheiro a mesma coisa. Todo lugar é lugar e toda hora é hora.
Whiplash! / Há alguma letra no disco que você goste mais?
DC / É difícil, todas têm um significado especial para mim. [pensa um pouco] Mas talvez a "The Angel Comes"...
Whiplash! / O que tem ela?
DC / [rindo] Ahhh, ficou curioso, hein!
Whiplash! / E como não ficaria?
DC / [rindo] Bem, o que você acha da letra?
Whiplash! / [pensando] Não sei como dizer ao certo... Acho que fala de um anjo da guarda ou coisa do tipo, que lhe ajuda quando precisa ou que às vezes pode lhe decepcionar pois a solução não é exatamente a que você gostaria e...
DC / [interrompendo, visualmente empolgado] É mais ou menos por aí!! Só tem uma coisa que você falou que todo mundo pensa a mesma coisa, mas é o contrário.
Whiplash! / ?
DC / Essa cara de novo? [risos]
Whiplash! / Vamos, não me faça ficar curioso, o que é? [N do T: ele ri muito, dá pra ver que está se divertindo bastante] Ora, essas cervejas fizeram efeito, hein!
DC / [rindo] Que nada, essas são fracas [N do T.: ele estava bebendo Bavaria]. Você sabe que eu gosto mesmo é do velho Jack [N do T.: Ele é completamente louco por Jack Daniels com gelo e limão. Deve ter bebido umas 4 garrafas em três dias]. Mas, bem, o que todo mundo não sabe é que o "anjo" é real.
Whiplash! / Real?! Mas então é uma pessoa?!
DC / Sim, uma pessoa, meu amigo. [N. do T.: ele percebe que eu ia abrindo a boca pra perguntar quem é]. Mas sinto muito, não posso dizer quem é, senão vou ter problemas em casa [ele mostra a aliança de casamento e ri].
Whiplash! / O que é isso, DC, a Michelle [N do T.: esposa dele] não ligaria, tenho certeza.
DC / [rindo muito] Ora, você não conhece a Michelle [mais risos]. Não, mas falando sério, ela é sensacional, mas eu prefiro não falar nada a respeito, mesmo.
Whiplash! / Tudo bem, então. Mas me diga, você hoje em dia vive de música ou tem algum outro trabalho de sustento?
DC / Hoje em dia eu vivo exclusivamente de música. E sou extremamente feliz, porque amo música. Antigamente eu trabalhava fazendo vitrais e trabalhando com ouro e etc... [N. do T.: ele mostra o medalhão que carrega no pescoço com as iniciais "DC" entalhadas maravilhosamente bem]. Esse aqui fui que fiz.
Whiplash! / Sério?! Você que fez isso aí? Mas está muito bem feito. Pensei que você tivesse mandado fazer.
DC / Obrigado. Fui eu mesmo quem fez. Eu tenho várias outras coisas feitas por mim [N do T: ele mostra vários aneis feitos por ele e colares, brincos e mais várias coisas].
Whiplash! / [N do T / dentro da sacola dele dá pra ver algumas fotos] Posso ver isso?
DC / Claro que sim, por que não? [Ele começa a mostrar as fotos]. Esse aqui é o BC, conhece?
Whiplash! / BC? É essa bola de pêlo branca?
DC / Oh, não fale assim do meu gatinho [risos]. Ele é bem legal, nem dá trabalho. [N do T: ele passa outras fotos. Várias da família, de churrascos e até da "Dekkie" - a Grand Cherokee dele. Há uma foto onde ele está construindo um vitral imenso, totalmente complexo]. Esse vitral aqui foi um dos mais completos que já fiz. Legal, né?
Whiplash! / Sem dúvida. Muito legais as suas fotos. Mas me diga, você já tem algo preparado para o novo disco?
DC / Obrigado. Tenho, sim, tenho algumas letras prontas e melodias, também.
Whiplash! / Legal. Tem que manter segredo sobre elas, mesmo?
DC / Mas como você é curioso [risos]. Não, não posso dizer nada por enquanto, mas pode ficar tranqüilo, deixarei você saber tão logo quanto possível.
Whiplash! / Bem, obrigado, então. A entrevista chegou ao final, gostaria de agradecê-lo pela paciência.
DC / De nada, disponha sempre que precisar. [ele tira um livro da mochila e abre numa página marcada]. Grandes abraços a todos da Whiplash! e, é claro, aos seus leitores.
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