Em 18/09/1978: Gene, Paul, Ace e Peter, do Kiss, lançam seus álbuns solo
Por Igor Miranda
Postado em 18 de setembro de 2013
De 1977 a 1978, estima-se que o KISS tenha lucrado cerca de 17 milhões e meio de dólares com sua música e sua devida publicidade. Já eram a maior banda do mundo, chegaram até a bater o The Beatles em um dos recordes mais complicados - lotar em cinco noites consecutivas o Budokan Hall de Tóquio, façanha que o Fab Four fez quatro vezes. Enfim, conquistaram o que desejavam... será?
Juntamente do empresário Bill Aucoin (R.I.P.), os quatro ambiciosos mascarados arriscaram um plano que tinha a pretensão de torná-los maiores ainda. Algo maior que a vida - "larger than life", como diria o título de uma canção encontrada na parte de estúdio de "Alive II" e que pode ser a temática perfeita para a trajetória trilhada pelos caras.
Durante o ano de 1978 executaram o plano, que consistia em duas etapas. A primeira que foi atendida é a que aqui será abordada: o lançamento simultâneo de quatro discos solo, que aconteceu há exatos 35 anos. Eis que Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss tiveram a chance de exprimir seus anseios sonoros, podendo extravazar e fazer o que quisessem.
A segunda, não menos importante mas obviamente fora de foco para essa postagem, foi a produção de um filme que colaboraria para a eternização da imagem do quarteto como super-heróis, distantes de serem humanos. Foi batizado de "Kiss Meets The Phantom Of The Park" e foi transmitido através da NBC em 28 de outubro de 1978 - três dias anteriores ao Halloween. Hoje em dia o filme é risível, mas marcou um dos maiores picos televisivos de audiência em todo o país no ano de 1978.
Essa breve introdução serve para situar o leitor no que tange a esse ousado projeto, que tem origem duvidosa. Diz-se que é um projeto megalomaníaco com a perspectiva anteriormente relatada, mas há espaço para afirmações como uma estratégia que serviu para segurar os descontentes Frehley e Criss por mais tempo. Pode-se dizer, no geral, que o plano deu e não deu certo. Deu certo porque hoje todo mundo sabe do que se trata o Kiss. Não deu certo porque não segurou os dois já citados, que saíram pouco tempo depois, e os álbuns não venderam como o planejado. O resto é história. Com vocês, as quatro obras dos "quatro cavaleiros do apocalipse".
Paul Stanley [1978]
Talvez falar do lançamento do Starchild seja o mais fácil, e é por aí mesmo que notamos quem realmente guardava consigo a alma do Kiss. Paul Stanley foi balanceado e coeso em sua obra, bem como se responsabilizou por quase todo o processo - além dos vocais e das guitarras rítmicas, também tomou conta da produção e da mixagem por sua conta e risco, recebendo apenas auxílio de produção de Jeff Glixman nas faixas 5, 6, 8 e 9.
Nomes conhecidos não são muitos - Paul optou por convocar bons músicos de estúdio, com exceção do lendário Carmine Appice, que tocou bateria na ótima "Take Me Away (Together As One)", e Bob Kulick, que assumiu a guitarra solo do álbum. De resto, uma salada mista de músicos. Mas não pense que a bolacha não mantém um padrão - é a mais padronizada das quatro, diga-se de passagem. Do início ao fim, tem-se Hard Rock da melhor categoria por aqui. Sabe-se que o Starchild é talentoso e tem muito bom gosto, então não dá pra esperar algo diferente do mestre.
O cardápio indica canções pra lá de envolventes, lindas composições, melodias cativantes, guitarras e violões incrivelmente bem tocados, cozinha bem colocada e um show à parte na voz de Stanley - um dos maiores vocalistas da história do gênero -, e ainda há espaço para um tecladinho, bem tímido mas diferenciado. Bate de frente com o imponente disco de Ace e, no geral, são os melhores e de maior repercussão. Paul ainda chegou a emplacar a balada "Hold Me, Touch Me" nas paradas gerais dos EUA e do Reino Unido nas posições de número 46 e 48, respectivamente.
Os destaques vão para as rockers "Wouldn't You Like To Know Me" e "Love In Chains", a poderosa abertura "Tonight You Belong To Me" e a deliciosa "Take Me Away (Together As One)".
01. Tonight You Belong To Me
02. Move On
03. Ain't Quite Right
04. Wouldn't You Like To Know Me
05. Take Me Away (Together As One)
06. It's Alright
07. Hold Me, Touch Me (Think Of Me When We're Apart)
08. Love In Chains
09. Goodbye
Paul Stanley - vocal, guitarra base, violão, E-Bow, guitarra solo em 7
Bob Kulick - guitarra solo, violão
Steve Buslowe - baixo em 1, 2, 3, 4 e 5
Richie Fontana - bateria em 1, 2, 3 e 4
Eric Nelson - baixo em 6, 7, 8 e 9
Craig Krampf - bateria em 6, 7, 8 e 9
Músicos adicionais:
Carmine Appice - bateria em 5
Steve Lacey - guitarra adicional em 8
Doug (Gling) Katsaros - piano, cordas e backing vocals em 7
Peppy Castro - backing vocals em 3 e 7
Miriam Naomi Valle - backing vocals em 2
Maria Vidal - backing vocals em 2
Diana Grasselli - backing vocals em 2
Gene Simmons [1978]
O disco solo do The Demon, sem dúvidas, foi o que mais decepcionou a todos. Por ser a figura (eu disse "figura") mais conhecida e reconhecida do grupo, esperava-se que superaria seus companheiros com uma baita pedrada, roqueira na essência. Definitivamente não foi o que aconteceu. Mas isso não significa que as canções sejam descartáveis e não mereçam atenção.
Gene Simmons assumiu a co-produção com o "quinto Kiss" Sean Delaney (R.I.P.) e assumiu apenas as guitarras, deixando o baixo à cargo de Neil Jason. Inúmeras participações se consolidaram: Bob Seger, Joe Perry (Aerosmith), Rick Nielsen (Cheap Trick) e a f*da do baixista no momento, a cantora Cher. Simmons quase conseguiu reunir John Lennon e Paul McCartney para cantarem os backing vocals de "See You Tonite", mas ambos recusaram quando souberam que se cruzariam. Infelizmente a morte de Lennon impediu qualquer outro tipo de reunião, mas isso é pano pra outra manga.
Na sua bolacha, Simmons apresentou um play versátil, com composições bastante heterogêneas e sonoridade que nunca se imaginaria sendo feita no Kiss. A influência do The Beatles é latente e há pouco da banda de origem do homem por aqui. Entre outros gostos bizarros, Gene aprecia e aqui insere corais, efeitos sonoros diversificados, Pop Music e Disney (!!!). No geral, as músicas são divertidas e diretas, apesar de facilmente ficar enjoativo. Salienta-se que foi o que atingiu posição mais alta no ranking da Billboard (24°), apesar de não ser o que mais vendeu. Momento não muito inspirado porém merece uma boa ouvida - com exceção da inadequada "When You Wish Upon A Star", tema do filme de Pinóquio. Vale como prova de que o israelense consegue escrever canções que não sejam apenas sobre sexo.
[an error occurred while processing this directive]Os destaques ficam para o single roqueiro "Radioactive", a única realmente semelhante ao trabalho do Kiss por aqui; a diferente porém carismática "Burning Up With Fever"; a balada beatle "See You Tonight", cativante e apaixonante, que também está presente no "MTV Unplugged" de 1996; e a releitura de "See You In Your Dreams", originalmente presente no "Rock And Roll Over" de 1976.
01. Radioactive
02. Burning Up With Fever
03. See You Tonite
04. Tunnel Of Love
05. True Confessions
06. Living In Sin
07. Always Near You/Nowhere To Hide
08. Man Of 1,000 Faces
09. Mr. Make Believe
10. See You In Your Dreams
11. When You Wish Upon A Star
Gene Simmons - vocal, guitarra, violão
Elliot Randall - guitarra, violão
Neil Jason - baixo
Allen Schwartzberg - bateria
Músicos adicionais:
Eric Troyer - piano e backing vocals em 1 e 6
Steve Lacey - guitarra em 1
Richard Gerstein - piano em 5 e 7
Joe Perry - guitarra em 1 e 4
Rick Nielsen - guitarra em 10
Jeff 'Skunk' Baxter - guitarra em 2, 3, 4 e 9
Ritchie Ranno - guitarra adicional em 4
Helen Reddy - backing vocals em 5
Donna Summer - backing vocals em 2
Bob Seger - backing vocals em 1 e 6
Cher - parte falada ao telefone em 6
Mitch Weissman & Joe Pecorino (Beatlemania) - backing vocals em 3, 7 e 9
Michael Des Barres - backing vocals em 10
Sean Delaney - backing vocals
Gordon Grody - backing vocals
Diva Gray - backing vocals
Kate Sagal - backing vocals
Franny Eisenberg - backing vocals
Carolyn Ray - backing vocals
Ace Frehley [1978]
O Spaceman não se rendeu às excentricidades dos colegas (principalmente de Gene) e sua lista de convidados especiais foi limitada, levando-o a assumir vozes, guitarra, baixo e a co-produção, ao lado do monstro Eddie Kramer. A bateria ficou por conta do também monstro Anton Fig, que também gravou "Dynasty" e "Unmasked" com o Kiss, fingindo ser Criss.
Ace Frehley fez o que queria fazer em seu espaço: Rock n' Roll de primeira categoria, com ótimas vozes, guitarras furiosas com riffs penetrantes e solos típicos, composições incríveis e cozinha visceral. Não se encontra um filler sequer nessa inspirada pepita, que foi um grito de alívio para o guitarrista, sempre subestimado e ofuscado diante aos companheiros de banda. A simplicidade é um ingrediente essencial do êxito da pedrada, mas aqui Ace demonstrou ser um verdadeiro músico, não precisando firular demais pra mostrar o porque de ser tão adorado.
Como todos, Frehley impôs suas influências, que vão de Blues clássico até The Rolling Stones e Cream. No entanto o homem foi nobre ao não se desvirtuar demais, mantendo uma notória linearidade em suas composições e gerando um disco envolvente, com o que todos queriam ouvir. Por ter atendido às expectativas e substituído perfeitamente um álbum do quarteto, juntamente com o de Paul foi o que teve melhor repercussão, ainda superando o amigo porque emplacou o hit "New York Groove" nas paradas norte-americanas na 13ª posição. Nas paradas da Billboard, chegou à 26ª posição e só ficou atrás do lançamento de Simmons.
Os destaques, apesar de serem difíceis de se salientar por aqui, vão para as essencialmente roqueiras "I'm In Need Of Love" e "Speedin' Back To My Baby", para a paulada na testa "Rip It Out" e para o single "New York Groove", cover de Hello, banda do lendário Russ Ballard (ex-Argent).
01. Rip It Out
02. Speedin' Back To My Baby
03. Snow Blind
04. Ozone
05. What's On Your Mind?
06. New York Groove
07. I'm In Need Of Love
08. Wiped-Out
09. Fractured Mirror
Ace Frehley - vocal, guitarra solo e base, baixo, violão, guitarra sintetizada
Anton Fig - bateria, percussão
Músicos adicionais:
Will Lee - baixo em 4, 7 e 8
Carl Tallarico - bateria em 9
Bill 'Bear' Scheniman - sino em 9
Larry Kelly - backing vocals em 1
David Lasley and Susan Collins & co. - backing vocals em 2, 5 e 6
Peter Criss [1978]
A empreitada do Catman foi a mais criticada. Mas acredita-se que seja porque foi a que mais se desvirtuou do Rock, porque ao meu ver está longe de ser a pior. Pra cá, Peter Criss compôs uma lista considerável de participações, destacando-se a presença de Neil Jason (o mesmo baixista do álbum de Gene), Steve Lukather (Toto) e Stan Penridge (companheiro de Criss em suas bandas pré-Kiss). Vale ressaltar que não tocou bateria em todo o play por conta de um acidente de carro sofrido no mesmo ano. A produção ficou a cargo de Vini Poncia, futuramente responsável por assumir as rédeas de "Dynasty" e "Unmasked", próximos lançamentos do Kiss.
Como seus colegas de trabalho, prestou homenagem às suas influências, que se resumem ao R&B e ao Jazz, inspirado em seus maiores ídolos, Frank Sinatra e Gene Krupa. Apesar de ser um compositor abaixo da média (teve de ressucitar antigas composições realizadas com Penridge e aproveitar contribuições de outros autores), Peter manda bem principalmente nos vocais, com sua voz rouca e potente. Na bateria, tem-se o arroz-com-feijão que todo mundo gosta.
As canções aqui apresentadas são repletas de pegada, daquelas que fazem o ouvinte ficar assobiando as melodias pelo resto do dia. Os únicos fatores negativos são a presença excessiva de baladas e o teclado pra lá de piegas, mas são características do gênero adotado. Por essas e outras, foi o que recebeu menor atenção dos quatro, ficando apenas em 43° lugar nas paradas da Billboard e não emplacando sequer um single - o que é pior ainda para Peter, pois foi o único a lançar dois singles, "Don't You Let Me Down" e "You Matter To Me".
Os destaques ficam para as animadas "Tossin' And Turnin'" (cover de Bobby Lewis) e "Rock Me Baby", a abertura "I'm Gonna Love You" e a bela balada "I Can't Stop The Rain".
01. I'm Gonna Love You
02. You Matter To Me
03. Tossin' And Turnin'
04. Don't You Let Me Down
05. That's The Kind Of Sugar Papa Likes
06. Easy Thing
07. Rock Me, Baby
08. Kiss The Girl Goodbye
09. Hooked On Rock 'N' Roll
10. I Can't Stop The Rain
Peter Criss - vocal, bateria, percussão
Stan Penridge - guitarra, backing vocals
Art Munson - guitarra
Bill Bodine - baixo
Músicos adicionais:
Allen Schwartzberg - bateria em 6, 7 e 10
Neil Jason - baixo em 6, 7 e 10
Elliot Randall - guitarra em 6 e 10
John Tropea - guitarra em 6, 7 e 10
Brendan Harkin - guitarra em 6
Steve Lukather - guitarra solo em 5 e 9
Bill Cuomo - teclados
Richard Gerstein - teclados em 6, 7 e 10
Michael Carnahan - saxofone em 3, sax em 9
Davey Faragher - backing vocals
Tommy Faragher - backing vocals
Danny Faragher - backing vocals
Jimmy Faragher - backing vocals
Maxine Dixon - backing vocals
Maxine Willard - backing vocals
Julia Tillman - backing vocals
Vini Poncia - backing vocals
Annie Sutton - backing vocals
Gordon Grody - backing vocals
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps