Deep Purple: 20 curiosidades/fatos do clássico "Machine Head"
Por Carlos Garcia
Fonte: Road to Metal
Postado em 24 de dezembro de 2014
Hoje em dia são inúmeros os recursos disponíveis em termos de equipamentos para produção de um álbum, porém, nada adianta sem o tal feeling, e o abuso da tecnologia, que inclusive serve para mascarar defeitos e limitações, muitas vezes é utilizado tão exageradamente que torna a música plástica, sem vida, e ainda faz parecer que muitos soem praticamente iguais, mesmos timbres... clones!
Certeza absoluta que muitos que gravam CDs hoje, não sairiam "das caixas" em tempos em que os dinossauros começavam a dominar a terra! Sim, gravar álbuns em condições adversas, praticamente ao vivo, com pegada, alma, música orgânica, com feeling, por gente que realmente sabia tocar seus instrumentos.
Alguns dos grandes clássicos do Rock e Metal, foram gravados assim, com alma, e por isso são clássicos, sentimos a música. E um desses clássicos, aproveitando também a passagem do Purple pelo Brasil no mês passado, é "Machine Head", que possui ali uma coleção de faixas definitivas. Pois bem, em conversa com amigos, acabamos lembrando algumas particularidades desta obra, e aí relembro algumas, que muitos de vocês que estão lendo, devem saber, ou já devem ter lido, mas talvez encontrem algo de novo, e também há os mais jovens, que possam aqui descobrir um pouco mais, as o intuito principal, é fazer uma matéria estilo bate papo com amigos, e incentivar uma divertida discussão, assim como nasceu esta matéria!
Vamos lá, aos fatos:
- Em Dezembro de 1971, o DEEP PURPLE partiu rumo a Suíça, para gravar o seu sexto álbum de estúdio, sucessor de "Fireball", e o terceiro com a MK II. Por que na Suíça? Por recomendação dos seus contadores e advogados, a fim de ter menos despesas com impostos, resolveram então gravar fora da Inglaterra;
- O Purple faria shows nos EUA no final de 71, porém, devido a Ian Gillan ter contraído hepatite, os shows foram cancelados, então, tudo conspirou para Montreaux;
- Enquanto esperava a recuperação de Gillan, e aproveitando tempo disponibilizado pelo cancelamento dos shows nos EUA, Ritchie Blackmore começou a escrever alguma coisa, e foram nascendo "Space Truckin'" e "Smoke on the Water";
- Martin Birch, foi escolhido para ser o engenheiro de som. Nome que virou lenda, produzindo e trabalhando como engenheiro de som, além do Purple, grandes álbuns de bandas como Blue Öyster Cult, Black Sabbath, Jeff Beck, Faces, Iron Maiden, Rainbow e Fleetwood Mac, pra citar alguns;
- "Machine Head" seria então gravado no Montreaux Casino, e o trabalho começaria após uma apresentação de Frank Zappa lá, e, bom, todo mundo lembra o que aconteceu, alguém disparou um sinalizador e o teto suspenso do casino pegou fogo, fato esse que inspirou a letra e foi devidamente relatado em "Smoke on the Water";
- O famoso estúdio móvel dos Rolling Stones, que foi locado pelo Purple para utilização do equipamento, também estava estacionado no local;
- A banda e mais alguns amigos e membros da equipe, terminaram aquela noite do show de Zappa, à beira de um lago próximo, assistindo o casino queimar, e preocupados com o estúdio móvel dos Stones, que estava estacionado perto do casino, que acabou sendo "tostado";
- Sem condições de usar o Casino, e após o insucesso no teatro local "The |Pavillion", devido a reclamação dos vizinhos, o que levou a polícia a tirá-los do lugar, a solução foi o Grand Hotel, pelo distância de qualquer vizinho, e em pleno inverno, o que facilitou de estar meio deserto, então a banda se enfurnou nos corredores, utilizando colchões e cobertores como isolação, até conseguir o som ideal nas sessões;
- Tudo foi feito ao vivo, sem overdubs, o que se ouviu no álbum, não foi retocado posteriormente (nada de pro-tools, heheheh);
- "Never Before", foi a faixa que a banda apostou que seria a ideal para o primeiro single, sentindo que teria um apelo comercial, porém, não foi o que ocorreu, e provavelmente é uma das menos lembradas;
- Por outro lado, "When a Blind Man Cries", faixa adorada pelos fãs, e muito presente nas apresentações ao vivo, não entrou no álbum, e é porque Blackmore não gostava dela, simplesmente;
- E "Smoke on the Water" não estava prevista para entrar no álbum, mas após mostrarem para Claude Nobs (fundador do festival de Montreaux), este disse que aquilo era incrível e tinha que estar no álbum, e se não bastasse (veja que interessante, como estava escrita a história desse clássico), os Warners (donos da gravadora do Purple na época) convenceram a banda que "Smoke on the Water" deveria ser o single, e que "Never Before", que era a escolhida pela banda, não teria o mesmo potencial. Foram lançados singles com as duas faixas, e sabemos que os Warners entendiam de negócios!;
- Em "Space Truckin'", Gillan lembra que a banda pensou que seria moderno viver na era espacial, então a ideia de ser um "caminhoneiro espacial", como oposto de um caminhoneiro terreno, era interessante;
- E sobre o riff de "Space Truckin'", Blackmore disse que o lembrava o tema da série "Batman", dos anos 60;
- Ainda sobre "Smoke on the Water", o título surgiu quando Roger Glover acordou com as palavras, alguns dias após o incêndio no Casino, contando que simplesmente veio aquela frase à sua mente, e levou a ideia para Ian Gillan, e das mãos dos dois, nasceu a letra toda, nascendo também o modo que até hoje trabalham, co-escrevendo as músicas;
- A grande abertura, com "Highway Star", e seu famoso solo, já impressionam de cara, e é uma das melhores aberturas de todos os tempos, e sobre o solo, Blackmore confessa que talvez tenha sido o único solo que ele trabalhou em cima, pois sempre foi muito espontâneo com seus solos;
- A banda levou três semanas para concluir as gravações, fazendo praticamente tudo em um take... menos Ian Paice, que perfeccionista, conforme relatou Blackmore em documentário, tocava 10 takes ou mais... e quando Ritchie e Lord largavam seus instrumentos, Paice ainda ficava insistindo por só mais um take!
- Em 25 de março de 1972, "Machine Head" foi lançado, atingindo o primeiro lugar nas paradas britânicas na primeira semana, permanecendo no top 40 por cerca de 20 semanas;
- Nos EUA, chegou ao sétimo lugar, ficando nas paradas por cerca de dois anos;
- Estima-se que o álbum, nos seus 40 anos de vida, já ganhou mais de 50 versões em vinil;
Um pouquinho de uma história cheia de curiosidades, desde o inusitado "estúdio" nos corredores do Grand Hotel de Montreaux, até a história das faixas que o compõe e todos os personagens envolvidos. Para saber mais, recomendo o documentário "Deep Purple - The Making of Machine Head (Eagle Rock DVD - 2002) e Deu vontade de ouvir o álbum agora!
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