Hall Of Gods celebra os deuses da música em um álbum épico e inovador
Resenha - Hall Of Gods - A Tribute to the Gods of Music
Por Michel Sales
Postado em 05 de outubro de 2025
Nota: 10
Explorando a herança da música clássica e do metal de maneira integrada, com arranjos complexos, convidados de peso e uma produção unificada por Rafael Agostino, o álbum Hall Of Gods - A Tribute to the Gods of Music (2025) resulta em uma experiência intensa, ao mesmo tempo reverencial e inovadora.
E a grandiosidade do trabalho se confirma pela lista de convidados: Zak Stevens e Chris Caffery (Savatage), Ralf Scheepers (Primal Fear), Snowy Shaw (ex-King Diamond e Therion), Ronnie Romero (ex-Rainbow, ex-MSG), além dos brasileiros Marcelo Pompeu (Korzus) e May Puertas (Torture Squad). Cada faixa ganha personalidade própria graças à diversidade vocal e à interpretação intensa desses músicos.


A concepção artística é assinada por Rafael Agostino, que gravou todos os instrumentos, conferindo unidade e identidade ao projeto. Sua proposta vai além do heavy metal tradicional: as composições mesclam orquestrações, harmonias corais e estruturas que remetem a réquiens e peças clássicas, construindo uma atmosfera melancólica e ao mesmo tempo grandiosa. O resultado é um metal sinfônico com nuances de doom, marcado por peso, virtuosismo e dramaticidade.

As faixas exploram contrastes de forma criativa: "The Requiem" dialoga com o espiritual; "Madness by the Moonlight" mergulha em sombras noturnas; "Guarany (Sons of the Forest)" resgata um imaginário ligado à natureza; "Emperor of Himself" propõe reflexão introspectiva; e "Devil Joy of Man's Desiring" brinca com a tradição clássica em tom sombrio. A duração extensa das músicas, entre 7 e 9 minutos, permite desenvolver atmosferas, interlúdios e transições que lembram a grandiloquência do metal progressivo.
Com cerca de 40 minutos de duração, o álbum está disponível em versão digital e também em edições limitadas de vinil pela Abigail Records, que caprichou em variantes colecionáveis e encartes exclusivos de 12 páginas.

No conjunto, Hall Of Gods se destaca como um tributo ousado e coeso, em que a fusão de elementos clássicos e metálicos resulta em um álbum de impacto estético e conceitual. Um lançamento que reforça a vitalidade criativa da cena atual.
FAIXA A FAIXA
1. The Requiem (feat. Zak Stevens)
A abertura já indica o caráter épico do álbum. A faixa evoca uma missa fúnebre em clima solene, com camadas orquestrais e um refrão que transita entre o sombrio e o espiritual. A voz de Zak Stevens, com sua dramaticidade característica, conduz a música como um lamento sagrado, reforçando a ideia de tributo e reverência aos "deuses da música".
2. Madness by the Moonlight (feat. Ralf Scheepers & Chris Caffery)

Aqui, a sonoridade ganha agressividade e peso. Ralf Scheepers entrega vocais potentes e agudos típicos do power metal, enquanto Chris Caffery acrescenta guitarras afiadas que dão energia à composição. A atmosfera é noturna, quase teatral, explorando a metáfora da loucura sob a lua. A faixa funciona como contraponto à abertura mais solene, ampliando a variedade sonora do álbum.
3. Guarany (Sons of the Forest) (feat. Marcelo Pompeu & May Puertas)
Talvez a faixa mais singular do disco, por seu título e referências. O "Guarany" remete a elementos indígenas e à natureza, trazendo guitarras que soam tribais e um peso cadenciado próximo do thrash/death. Marcelo Pompeu e May Puertas imprimem força gutural e visceral, representando a floresta como entidade viva e ancestral. É um dos momentos em que o álbum conecta a linguagem universal do metal com raízes culturais específicas.

4. Emperor of Himself (feat. Snowy Shaw)
Snowy Shaw empresta teatralidade à canção, que gira em torno da introspecção e da tirania pessoal. Musicalmente, a faixa oscila entre o doom e o metal sinfônico, com passagens lentas e sombrias que transmitem sensação de peso psicológico. A composição sugere que cada indivíduo é senhor de seu próprio destino - um imperador de si mesmo, em triunfo ou ruína.
5. Devil Joy of Man's Desiring (feat. Ronnie Romero)
Encerrando o álbum, a faixa é uma reinterpretação ousada de Bach (Jesu, Joy of Man's Desiring), mas transposta para o universo do metal. Ronnie Romero entrega vocais poderosos, carregados de emoção, enquanto as guitarras dialogam com as linhas melódicas clássicas. É um final grandioso e simbólico, unindo definitivamente música erudita e heavy metal em um tributo que atravessa séculos de tradição musical.

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