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Marilyn Manson - OAUG Chapter 1 é uma ressurreição de um artista que estava perdido"

Resenha - One Assassination Under God - Marilyn Manson

Por Felipe Brustolin
Postado em 15 de dezembro de 2024

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Desde que surgiu na mídia, Marilyn Manson causou um desequilíbrio no conservadorismo da sociedade americana e do mundo. Seu álbum mais notório, "Antichrist Superstar", foi um dos carros-chefes desse abalo sísmico que desestruturou grupos religiosos ao redor do globo, causando protestos nas entradas de seus shows.

Seu disco de 2000, "Holy Wood", foi o seu maior contra-ataque diante de acusações desonestas por supostamente ter sido uma fonte de inspiração para o Massacre de Columbine, incidente que ocorreu em 20 de Abril de 1999 no Colorado, EUA. Com o álbum e seu depoimento no documentário "Tiros em Columbine", de Michael Moore, Marilyn Manson fechou a tampa do caixão de um país que sempre se orgulhou da sua própria cultura de armas e sempre transformou em violência desenfreada em entretenimento desenfreado.

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Desde então, Marilyn Manson já parecia ter dito o que tinha a dizer (ou como o cantor diz no início de sua emblemática música "This is the New Shit": 'tudo já foi dito antes'). Manson se manteve nos holofotes com discos que alternaram entre qualidades rasas (Eat Me Drink Me, The High End of Low, Born Villain e We Are Chaos) e discos bons (The Golden Age of Grotesque, o espetacular The Pale Emperor e o sólido Heaven Upside Down).

Havia algo estranho em Manson. Desde a turnê de divulgação do álbum The High End Of Low, seus shows careciam de qualidade. O cantor constantemente subia aos palcos bêbado, sem fôlego, tudo parecia uma mera sombra do que era antes. Sua parceria com o genial produtor musical e compositor de trilhas sonoras Tyler Bates revitalizou significativamente sua carreira com os já citados The Pale Emperor e Heaven Upside Down, mas Manson estava em uma espiral de álcool e drogas que continuava a afetar sua arte, seus shows e suas relações humanas.

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Quando as acusações de assédio vieram à tona (assunto esse que não será aprofundado aqui), Marilyn Manson se isolou no mesmo silêncio que o manteve afastado depois das acusações de Columbine. Por mais que sejam duas acusações em tons completamente diferentes, uma coisa era certa: Marilyn Manson precisava mudar (ou renascer).

E assim nasceu "One Assassination Under God - Chapter 1", seu décimo-segundo álbum de estúdio, o primeiro lançado pela Nuclear Blast. Manson voltou a trabalhar com Tyler Bates, que o apoiou nesta mudança, desde que o cantor estivesse realmente disposto a mudar para melhor. E OAUG não só é o seu melhor álbum desde o Holy Wood, como também pode ser considerado seu sucessor espiritual.

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O disco abre com a faixa-título. Sua sonoridade é pesada e arrastada que condiz com a fúria e a tristeza da mensagem que o cantor passa.

"No Funeral Without Applause" segue em uma ambientação que remete mais o lado depressivo daquele alienígena retratado no álbum "Mechanical Animals".

"Nod If You Understand" é a faixa mais pesada do álbum. Sua sonoridade transfere os fãs para seu disco de estreia, "Portrait of an American Family". Crua, seca e direta ao ponto.

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"As Sick As The Secrets Within" foi o primeiro single divulgado do disco. Aqui, Manson faz uma reflexão em relação à sua recente sobriedade. Sem dúvidas já se tornou um de seus singles mais emblemáticos.

"Sacrilegious" é outro single do disco. Aqui, sua sonoridade tem o seu peso influenciado pelo glam rock, com um ar mais canastrão e cafajeste de se fazer uma crítica.

"Death Is Not A Costume" é uma semi-balada que soa mais introspectiva, como se Manson estivesse refletindo sobre sua própria mortalidade.

"Meet Me In The Purgatory" talvez seja a mais dançante do disco. Sua sonoridade remete a algo que você escutaria facilmente dentro da discografia do New Order. Indispensável em qualquer pista de dança de qualquer casa noturna gótica.

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"Raise the Red Flag" tem seu peso influenciado por bandas de industrial-rock dos anos 90/início dos anos 00s. É algo que ouviria em discografias de bandas como Stabbing Westward ou Zeromancer.

"Sacrifice of the Mass" encerra o álbum com uma balada que também traz uma auto-reflexão, onde Manson reflete sobre escolhas feitas no passado somadas à fragilidade que sua carreira adquiriu. O disco se encerra como se realmente um capítulo estivesse chegando ao seu fim, e ao mesmo tempo como se deixasse uma brecha para um próximo.

"One Assassination Under God - Chapter 1" traz a essência que muitos achavam que já estava perdida. Sem dúvidas de que a sobriedade de Manson, somada com o talento de Tyler Bates, ressuscitou o foco naquilo que mais importava: a arte e sua mensagem.

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