Resenha - Spiral Castle - Manilla Road
Por Diogo Muniz
Postado em 05 de dezembro de 2020
Em time que está ganhando não se mexe, já dizia a velha máxima popular, e foi isso o que o Manilla Road fez ao gravar seu disco de 2002, batizado de "Spiral Castle". A formação da banda nesse disco é Mark Shelton (guitarra e voz), Bryan Patrick (voz), Mark Anderson (baixo) e Scott Peters (bateria), a mesma formação que gravou "Atlantis Rising", o disco anterior da banda em seu retorno. Em "Spiral Castle" o quarteto está mais entrosado e os novos músicos muito mais a vontade, o que melhorou a performance individual de cada um. O disco como um todo possui uma aura épica, e isso fico nítido desde o momento em que olhamos para a sua capa, cuja ilustração mostra um guerreiro bárbaro (no melhor estio Conan) lutando contra dois oponentes, tendo ao fundo a imagem de um castelo e um arco-íris no céu.
Depois de muito admirar a belíssima capa (uma das melhores dentro da discografia da banda) é hora de colocar o disco para tocar. A faixa de abertura, "Gateway to the Sphere" é uma instrumental calcada num trabalho de guitarras em camadas. Uma canção curta e apropriada para abertura.
"Spiral Castle" (a faixa-título) é pesada e começa sem firulas, já nos jogando toneladas de riffs. Mark Shelton e Bryan Patrick dividem igualmente os vocais. Aqui percebemos nitidamente que a voz de Mark Shelton soa um pouco mais nasalada. Por outro lado Bryan Patrick faz um vocal gutural bem encorpado. Essa diferença de vozes faz com que ambas se complementem muito bem. A letra trata de diversas figuras e cenários da mitologia nórdica e de contos arturianos, ou seja, uma temática típica do Manilla Road.
Ainda mantendo o peso temos "Shadow", que é cantada quase que inteiramente por Mark Shelton. Vale a pena destacar que no momento do solo de guitarra optaram por não colocar linhas adicionais de guitarra, deixando a base feita no baixo de Mark Anderson aparecer com mais nitidez, algo que não ocorreu no disco anterior.
"Seven Trumpets" abre com um riff estrondoso, nos surpreendendo ao cair em versos introspectivos tipicamente Manilla Road. Mark Shelton nos entrega belíssimas linhas vocais e uma interpretação cativante. A canção aos poucos vai crescendo, ganhando intensidade e peso que se somam com os vocais guturais de Bryan Patrick.
Uma das canções mais interessantes do disco é "Merchants of Death", que possui um riff que consegue ser pesado, psicodélico e tenebroso ao mesmo tempo. Na parte pesada da música é Bryan Patrick que conduz os vocais, que faz a música flertar até mesmo com um death metal. Após um solo de guitarra frenético a música ganha ares de space rock, com uma clara influencia de Pink Floyd. Já no fim da canção o peso se faz presente mais uma vez.
Com influências de música oriental temos "Born Upon the Soul", com riffs marcantes conduzidos por Mark Shelton que assume a maior parte dos vocais. Além do trabalho de guitarras digno de elogios vale a pena mencionar também as excelentes linhas de baixo nessa canção. O encerramento dessa música já emenda com a faixa de encerramento, "Sands of Time", que é mais uma instrumental. O que se ouve aqui é uma canção totalmente oriental, mostrando que a banda sabe não só fazer músicas mais intrínsecas como também sabe explorar com maestria diferentes territórios, incluindo até mesmo instrumentos típicos da música oriental nessa canção.
Apesar de ser um disco curto, "Spiral Castle" é bem trabalhado, com as músicas funcionando bem e mantendo o nível durante toda sua execução. Outro ponto de destaque é a performance da banda, pois todos estão muito mais soltos e a vontade. Bryan Patrick e Mark Shelton dividiram os vocais de maneira mais igualitária, dando ao ouvinte a oportunidade de ouvir melhor o novo vocalista da banda. Scott Peters também está mais a vontade, fazendo mais viradas na sua bateria e dando assim mais diversidade para o som da banda. A opção de gravar as músicas como se fosse ao vivo, sem adicionar faixas extras de guitarra, também favoreceram Mark Anderson, fazendo o seu trabalho como baixista se sobressair – algo que não aconteceu no disco anterior.
Do ponto de vista lírico, o disco como um todo aborda temas épicos e mitológicos, ora mais explicitamente e em outros momentos nem tanto. Por possuir todos os elementos do Manilla Road e um pouco mais disso, "Spiral Castle" é um disco que merece ser escutado com muito carinho, quer você seja fã da banda ou não.
Tracklist:
Gateway th the Sphere
Spiral Castle
Shadow
Seven Trumpets
Merchants of Death
Born Upon the Soul
Sands of Time
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O guitarrista preferido de Mark Knopfler, do Dire Straits, e que David Gilmour também idolatra
Bangers Open Air divulga line-up da próxima edição, com In Flames, Fear Factory e Jinjer
Os 11 melhores álbuns de progressivo psicodélico da história, segundo a Loudwire
Nova música do Megadeth desbanca - temporariamente - Taylor Swift no iTunes dos EUA
Nick Holmes diz que há muito lixo no nu metal, mas elogia duas bandas do estilo
O subestimado guitarrista base considerado "um dos maiores de todos" por Dave Mustaine
A banda de forró que se fosse gringa seria considerada de rock, segundo produtora
Brent Hinds - O ícone do heavy metal que não gostava do estilo - nem de conceder entrevistas
Nicko McBrain compartilha lembranças do último show com o Iron Maiden, em São Paulo
Regis Tadeu detona AC/DC e afirma que eles viraram "banda cover de luxo"
As melhores de Ronnie James Dio escolhidas por cinco nomes do rock e metal
Danilo Gentili detona Chaves Metaleiro e o acusa de não devolver o dinheiro
As 3 teorias sobre post enigmático do Angra, segundo especialista em Angraverso
O principal cantor do heavy metal, segundo o guitarrista Kiko Loureiro
A canção proto-punk dos Beatles em que Paul McCartney quis soar como Jimi Hendrix
Trio punk feminino Agravo estreia muito bem em seu EP "Persona Non Grata"
Svnth - Uma viagem diametral por extremos musicais e seus intermédios
Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Soulfly: a chama ainda queima
O disco que "furou a bolha" do heavy metal e vendeu dezenas de milhões de cópias


