Ockra: Prog Doom lírico, subjetivo e nunca prolixo
Resenha - Infinite Patterns - Ockra
Por Marcelo Hissa
Postado em 17 de junho de 2020
Nota: 8
Infinite Patterns é o EP de estréia do trio sueco de Gothenburg, que pratica um Doom Metal progressivo, e que segundo a auto-descrição faz músicas com "grande devoção nas melodias dramáticas e nos arranjos vocais". Cabe então ao ouvinte ratificar se a "grande devoção" faz jus à musicalidade ou se soa artificial.
O álbum só tem apenas 4 faixas, mas tempo de música suficiente. In a Dream inicialmente desencadeia-se em riffs limpos e vocais serenos, mas que são acentuados por incisões de distorção cadenciadas que servem de sustentáculo para desdobramento dos vocais em segunda voz. A letra divaga acerca da dualidade realidade-sonho, fazendo paralelo com a sonoridade prog-rock onírica e a doom metal concreta. A sucessora Invisible Walls vem com a proposta de acelerar, evidenciando uma pegada Stoner, relevada ainda mais pela qualidade vocal. Novamente a letra discorre sobre os limites da mente e nossas amarras mentais (mais stoner impossível). Ruins é o apogeu musical e o perigeu da jornada, a ruína mental; onde o desaparecer-esquecer-morrer é ressoado na temática carregada de peso e melancolia, mas sem exagero na musicalidade. Pendulum of Time fecha contemplando o futuro. O ritmo fica mais sisudo, o heavy metal aqui dá as caras com destaque para a gravidade do baixo sustentando os riffs distorcidos. A letra justifica a arte do álbum, quando um suposto mais sábio e experiente lobo interior emerge, mas que devido a imutabilidade da essência não consegue alterar o inexorável oscilar do pendulo do tempo. Assim vivemos condenado a retroceder do futuro ao passado, estacionado na maldição da eterna retropia.
A primeira viagem musical de Ockra alavanca expectativa para o potencial desse trio. As melodias dramáticas e os arranjos vocais são sim ponto alto da experiência, e se conectam em simbiose com a temática devaneadora. Infinite Patterns contudo, evolui sem musicalidade prolixa ou produção exagerada, muito pelo contrário, a sonoridade se guia pelo mantra de menos pode significar mais.
Tracklist
1. In a Dream 06:47
2. Invisible Walls 04:26
3. Ruins 08:00
4. Pendulum of Time 07:26
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