Iron Maiden: Live at Donington (1992) é um registro histórico e controverso
Resenha - Live at Donington (1992) - Iron Maiden
Por Wander L. Melo Cruz
Postado em 24 de maio de 2020
Originalmente gravado em Castle Donington (Reino Unido), no lendário festival Monsters of Rock, edição de 1992 - porém lançado apenas em 1993 -, o registro ao vivo não é uma unanimidade entre os fãs da banda.
O Iron Maiden já havia sido headiliner no Monsters of Rock de 1988, edição que muitos consideram a melhor de todos os tempos, que havia contado com atrações como Kiss, David Lee Roth, Guns n' Roses, Megadeth e Helloween. Na parte documentário da reedição de Maiden England (1989), o guitarrista Adrian Smith afirma que "era para ser o dia mais feliz de minha vida, mas não foi". A frustração de Adrian advém dos problemas que aconteceram durante o festival, incluindo duas pessoas mortas por serem pisoteadas durante a apresentação dos Guns n'Roses.
O Iron Maiden novamente seria headliner na edição de 1992, esta edição já contava com uma produção bem mais badalada pela MTV, no entanto o line up era consideravelmente inferior que o de 1988, contando com Slayer, Skid Row, W.A.S.P e Thunder. A banda estava em meio à turnê de Fear of The Dark (1992) e já não contava com Adrian Smith na guitarra - que havia saído no início das gravações de No Prayer For The Dying (1990) -, sendo Janick Gers seu substituto. A produção de palco da turnê de Fear of the Dark foi certamente uma das mais bem feitas pela banda e para o show de Donington, em especial, houve todo um preparativo por parte da equipe técnica da banda como é possível ver no encarte das versões vinil e CD.
Então chegou o dia tão esperado, 22 de agosto de 1992, a introdução foi espetacular, iniciando com a matadora Be Quick or be Dead. O show teve seus pontos altos em From Here to Eternity, Afraid to Shoot Strangers, Fear of the Dark, Bring Your Daughter...To The Slaughter, Hallowed By The Name e Running Free, inclusive, nesta última faixa, o então ex-guitarrista (e atual desde 1999) Adrian Smith subiu ao palco para fechar o show com a banda. Foi a primeira vez que sexteto tocou junto. A apresentação de Fear of The Dark deu origem ao clipe oficial da versão ao vivo.
Mas o leitor pode se perguntar: se a exibição foi muito boa, o evento foi fantástico e o set list excelente, porque este registro ao vivo se tornou um dos menos memoráveis da banda? Infelizmente a resposta recai no brilhante baixista e compositor Steve Harris. Steve havia construído um estúdio em seu sítio, em Essex (Reino Unido), no início dos anos 1990, com o objetivo de também atuar como produtor da banda. O baixista decidiu que seria responsável pela produção e mixagem do registro ao vivo, e os resultados dessa decisão foram muito ruins. Um ouvinte que desconhece a banda, após escutar Live at Donington ou Real Live Dead One (também produzido e mixado por Harris), pode tranquilamente ter a falsa impressão de que se tratam de registros ao vivo do início da década de 1980, de tão rudimentar que ficou a mixagem. Basta ouvir The Trooper, que na versão de Donington (92) ficou anos luz atrás da versão de 1985, de Live After Death.
Já a produção do vídeo do concerto ficou comprometida pelas alternâncias seguidas entre preto e branco e colorido, desnecessárias em um concerto noturno, além de pouco explorar filmagens frontais, pois elas valorizariam bem mais toda a arrumação de palco e o grande público presente. Podemos fazer uma comparação com o AC/DC, que dois anos antes, em 1990, foi headliner no Monsters of Rock em Donington, com uma produção de palco tão boa quanto a do Iron Maiden em 1992, mas que realizou uma produção incomparavelmente melhor de seu concerto ao vivo. O preço do amadorismo de Steve custou caro, tanto é que Bruce Dickinson, em sua autobiografia, não esconde que a decisão de Steve Harris em produzir a banda não o agradou na época.
Curiosamente, alguns fãs injustamente creditam o som ruim do registro ao vivo à Janick Gers. Steve Harris ainda produziu os álbuns The X Factor e Virtual XI. Quando Bruce e Adrian retornaram à banda em 1999, Steve convidou o produtor Kevin Shirley para produzir o álbum Brave New World (2000). Kevin Shirley é até hoje o produtor da banda, e Steve Harris contentou-se em ser coprodutor.
E você, o quê acha do Live at Donington (1992)?
Faixas:
1."Be Quick or Be Dead"
2."The Number of The Beast"
3."Wrathchild"
4."From Here to Eternity"
5."Can I Play With Madness?"
6."Wasting Love"
7."Tailgunner"
8."The Evil That Men Do"
9."Afraid To Shoot Strangers"
10."Fear of The Dark"
11."Bring Your Daughter...To The Slaughter"
12."The Clairvoyant"
13."Heaven Can Wait"
14."Run To The Hills"
15."2 Minutes To Midnight"
16."Iron Maiden"
17."Hallowed Be Thy Name"
18."The Trooper"
19."Sanctuary"
20."Running Free"
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