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Overdose: Menos melódico e mais convicto em Progress Of Decadence

Resenha - Progress Of Decadence - Overdose

Por Ricardo Cunha
Postado em 05 de julho de 2019

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

No post anterior, quando resenhamos o disco Circus Of Death, dissemos que a banda era inconstante quanto ao estilo musical, pois mudava muito de um disco para outro. Pois bem, reiteramos o que dissemos, mas deixamos claro que respeitamos o direito da banda em fazer o que quiser de sua carreira, afinal são livres e este espírito de liberdade é justamente o que prega o Rock N' Roll. Além do mais, pelo menos para este que vos escreve, deve ser louvada a atitude do grupo em não se repetir musicalmente, pois isto simboliza um aspecto importantíssimo na evolução das pessoas e das instituições.

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E hoje, com mais de 30 anos de carreira, é isto o que a banda representa, uma instituição do rock pesado. Um grupo respeitado e reconhecido no Brasil e no mundo como uma das bandas de metal mais importantes do cenário nacional.

Progress of Decadence foi o primeiro disco do grupo a ser distribuído internacionalmente. O disco foi lançado em 1993, mesmo ano de Chaos A.D., do Sepultura e, coincidentemente, combina o peso da percussão brasileira com a agressividade do metal, uma sacada brilhante para chamar a atenção dos gringos, mas que foi mal vista pelos fãs brasileiros - pelo menos até o disco do Sepultura causar estrondo e fazer com que muita gente voltasse atrás e reconsiderasse seu julgamento sobre P.O.D.. Comparações à parte, o fato é que o artifício mais tarde foi usado como fórmula e repetido outras vezes, tanto pelo Overdose em Scars (1995) quanto pelo Sepultura em Roots (1996). Uma coisa para a qual poucos atentaram é que nas duas ocasiões o Overdose saiu a frente. Essa parte do papo é boa pra discussão, mas consome muita energia, por isso vamos falar de música que é o que realmente importa. Canções como Straight to the Point, Aluquisarrera e Capitalist Way têm mais apelo comercial, mas todas demonstram destreza técnica e, através delas, é possível perceber como os músicos são talentosos. Os guitarristas Claudio David e Sergio Cichovicz, o baterista Eddie Weber e o baixista André Marcio contorcionam riffs staccato que se contrapõem a tempos quebrados provocando uma certa angústia sobre como os caras conseguem executá-la ao vivo. O vocalista Bozó (Pedro Alberto) se superou nesse disco, fazendo das tripas coração para manter o pique, que em todas as canções, que exigiram muito gogó. Conceitualmente, o disco se dirige contra todos os tipos de exacerbação. Nas letras há referências aos antropistas, capitalistas, políticos e tudo mais que você possa imaginar. PoD mostra uma banda menos melódica e mais convicta - uma atitude que fãs como eu sempre esperaram.

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Muito mais há para ser destrinchado, mas se estender em cada aspecto musical/comportamental de cada música seria chover no molhado, visto que todas são igualmente pesadas e fortes. Porém / contudo / entretanto / todavia, justamente aqui, encontrei algo que para mim, representa um paradoxo no disco: ao mesmo tempo em que todas as músicas me parecem interessantes, são também difíceis de distinguir, ou seja, são todas parecidas entre si. Por fim, mais uma vez, apesar de algumas deficiências, PoD tem pujança e coloca a banda no mesmo nível das similares internacionais.

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Sobre Ricardo Cunha

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