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Rhapsody of Fire: reinterpretando canções clássicas do Rhapsody

Resenha - Legendary Years - Rhapsody of Fire

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 26 de agosto de 2018

Nota: 7 starstarstarstarstarstarstar

Este é um disco que me pegou de surpresa. Ao mesmo tempo, é um disco que eu acredito que vai contra a proposta épica que o Rhapsody of Fire sempre teve desde o tempo que se chamava somente Rhapsody. O motivo você já deve ter adivinhado. Basicamente, este é o Rhapsody of Fire reinterpretando canções clássicas do Rhapsody; ou seja, eles vão lá e querem testar seu novo vocalista. Ok, até aí, sem problema.

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Aí, os caras demonstram interesse em pegar um tanto de músicas das obras clássicas da banda, e por clássicas, eu me refiro a canções da Emerald Sword Saga (1997 - 2002), envolvendo os cinco primeiros álbuns, e decidem colocar o novo vocalista à prova. Novamente, até aí também tudo bem, sem problema algum!

Aí é que o problema aparece: eles resolvem fazer um disco inteiro só disso. E foi esse o erro deles! Ao invés de terem produzido material novo e, aí sim, incluso essas regravações junto desse novo material, como um disco bônus, um extra, para ser apenas uma homenagem ao Rhapsody clássico e nada mais, não... eles resolvem fazer disso o novo projeto principal, dando margem para comparações da nova banda com a antiga, e do novo vocalista Giacomo Voli com o Fabio Lione. Pronto, ferrou.

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A banda Journey, não sei quem se lembra ou sabe, fez em 2008 um disco de inéditas, o Revelations, e havia acabado de mudar de vocalista, trocando Steve Augeri por Arnel Pineda. Como um bônus, fizeram um disco 2 extra com regravações das músicas cantadas originalmente por Steve Perry, e foi bacana, seguiam em frente e ao mesmo tempo reverenciavam o passado do grupo. A exemplo disso, acho que o Rhapsody of Fire deveria ter feito o mesmo, seria mais certo pra mim, mas não foi o caso.

Logo, o que teremos aqui para os fãs de longa data serão relances da história da Espada de Esmeralda. Para você que acompanhou o Ice Warrior, Dargor, e seus embates incansáveis contra Lord Akron, o que aparece aqui é repeteco de momentos dessa saga épica, porém concebidos com menos esmero. Sim, desculpem falar abertamente, mas você ouvir "gloria, gloria perpetua in this dawn of victory" cantada dessa forma apagada é algo que faria o poderoso dragão Tharos nem se importar em acordar pela manhã!

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Em relação a destaques, bem, não me sinto hábil a destacar uma ou outra faixa por duas razões: primeiro porque eu maratonei novamente o Rhapsody aqui e não encontrei uma faixa que seja superior à sua versão original com Lione. Segundo, porque eu sinto que estou ouvindo um disco de covers com o nome da banda estampado lá, cara, porque não há releituras aqui nem nada parecido, são as mesmas músicas, fidedignamente reproduzidas, tal qual são como nas suas versões originais, mas com menos impacto, então pra resumir, a capa do disco é belíssima sim, mas as regravações são ok. Podem servir, e bem, como um ponto de partida para quem nunca ouviu a banda na vida (e quando esse cara ouvir as versões originais vai até surtar o quanto elas são superiores), e podem ser uma homenagem honrosa também, intenção que fica clara e transparente neste disco, mas para o fã de longa data, desculpe, mas é artigo de colecionador, é aquele disquinho que você sabe que não conta muito, mas que você talvez queira comprar só pra completar a coleção; e talvez pela faixa bônus da versão japonesa, "Where Dragons Fly", saída de um single da banda e que portanto nunca esteve em nenhum dos discos completos, então só se for por isso, caso você tenha a sorte de adquirir esta versão, caso contrário, não compensa.

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E o curioso é que o novo vocalista, Giacomo Voli, que está na banda desde 2016, também italiano, não é ruim, muito pelo contrário. Ele lembra bastante o timbre do Lione em diversos aspectos, e tem partes aqui que você vê que o cara se esforça mesmo, é fã do material que está interpretando. Mas sua performance é que está meio apagada aqui. Quando eu ouvia o Lione cantar essas músicas, o chão até tremia, me dava comichão! Essa nova versão parece como uma feita a toque de caixa, só pra mostrar para os fãs que o Voli dá conta do recado. Mas o novo vocalista não é o único que terá uma difícil missão pela frente para continuar o legado de Fabio Lione. Fora o tecladista Alex Staropoli, que é o único remanescente da formação original da banda, este é um grupo totalmente diferente daquele que gravou essa saga. O membro substituto mais velho que temos aqui, o guitarrista Roby De Micheli, entrou na banda em 2011, e a saga terminou em 2002, então a coisa fica como se fosse uma banda cover mesmo.

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E como eu disse anteriormente, nada contra a banda nova homenagear seus mentores, muito pelo contrário. Mas que fizessem isso de outra maneira, como a que eu mencionei acima. O correto para mim teria sido eles se empenharem mais em escrever material novo, teria sido mais positivo e não daria margem para comparações, especialmente de gente mais vidrada na banda, que vai reclamar com certeza!

Mas, já que resolveram dar a cara a tapa, parabenizo a coragem deles, mas já aviso que é um disco morno, para iniciantes no Rhapsody of Fire, não pra veteranos; versões de faixas clássicas feitas no automático, apenas para mostrarem que o Voli dá conta do recado. Muito bem, senhores, aguardarei o seu próximo disco de inéditas e aí sim veremos o seu verdadeiro poderio de fogo.

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Legendary Years (2017)
(Rhapsody of Fire)

Tracklist:
01. Dawn of Victory (do álbum Dawn of Victory)
02. Knightrider of Doom (do álbum Power of the Dragonflame)
03. Flames of Revenge (do álbum Legendary Tales)
04. Beyond the Gates of Infinity (do álbum Symphony of Enchanted Lands)
05. Land of Immortals (do álbum Legendary Tales)
06. Emerald Sword (do álbum Symphony of Enchanted Lands)
07. Legendary Tales (do álbum Legendary Tales)
08. Dargor, Shadowlord of the Black Mountain (do álbum Dawn of Victory)
09. When Demons Awake (do álbum Power of the Dragonflame)
10. Wings of Destiny (do álbum Symphony of Enchanted Lands)
11. Riding the Winds of Eternity (do álbum Symphony of Enchanted Lands)
12. The Dark Tower of Abyss (do álbum Symphony of Enchanted Lands)
13. Holy Thunderforce (do álbum Dawn of Victory)
14. Rain of a Thousand Flames (do álbum Rain of a Thousand Flames)
Bonus track versão japonesa:
15. Where Dragons Fly (do single Emerald Sword)

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Selo: AFM Records

Rhapsody of Fire é:
Giacomo Voli: voz
Roby De Micheli: guitarra
Alessandro Sala: baixo
Alex Staropoli: teclados
Manu Lotter: bateria

Discografia anterior:
- Into the Legend (2016)
- Dark Wings of Steel (2013)
- From Chaos to Eternity (2011)
- The Frozen Tears of Angels (2010)
- Triumph or Agony (2006)
Como Rhapsody:
- Symphony of Enchanted Lands II – The Dark Secret (2004)
- Power of the Dragonflame (2002)
- Rain of a Thousand Flames (2001)
- Dawn of Victory (2000)
- Symphony of Enchanted Lands (1998)
- Legendary Tales (1997)

Site oficial: www.rhapsodyoffire.com

Para mais informações sobre música, filmes, HQs, livros, games e um monte de tralhas, acesse também meu blog.

http://acienciadaopiniao.blogspot.com.br

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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