Midge Ure: Líder do Ultravox em lindo álbum com orquestra
Resenha - Orchestrated - Midge Ure
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 31 de maio de 2018
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Em entrevista ao Sunday Express, Midge Ure revelou que o Ultravox provavelmente tenha terminado. Aos 64 anos, ele é o caçula dos synthpopers e já não há mais clima, tempo e disposição pra tentar "fazer a América". O grupo foi especialmente famoso na primeira metade dos anos 80, mas nunca popular nos EUA, sonho de um monte de artistas de países anglófonos.
Condecorado pela rainha; sóbrio há anos; coautor do clássico Do They Know It’s Christmas, para ajudar etíopes famintos, Midge não deveria se sentir inferiorizado por não ter conquistado a bastante impermeável ianquelândia. Sua carreira-solo também teve apogeu comercial nos 80’s, mas o músico volta e meia reaparece com material.
Ainda com cacife para garantir contrato em gravadora major, dia 1 de dezembro saiu Orchestrated, pela BMG. Assim como fizeram Echo & the Bunnymen e seu falecido colega no Visage, Steve Strange, Ure repaginou sucessos solo e com o Ultravox, em versões orquestrais. Para tentar mais ainda os fãs remanescentes, o britânico colocou a inédita Ordinary Man na tracklist. Ela é até mais legal que a dispensável Lament, mas padece da maldição de estar sanduichada entre canções com as quais estamos familiarizados há décadas, inclusive Lament, daí não tem muita chance.
O Ultravox não fugiu à contradição inerente a muito do synthpop ganhador das paradas no início dos anos 80: o instrumental aspirava à assepsia gelada, mas os vocais eram fogosos e apaixonados. Em Orchestrated, essa dicotomia não faz mais sentido: é tudo dramático. Hymn e Dancing With Tears In My Eyes foram desaceleradas e ganharam nova vida: a primeira muito mais afinada com sua letra fervorosa e a segunda mais atinente à melancolia do holocausto nuclear de que fala a canção. Não que os originais tenham errado em ser synthdance; não se trata de dizer que melhoraram, apenas ficaram diferentes e a partir de agora podemos amá-las também nessas versões.
Man Of Two Worlds também está mais vagarosa, mas continua celta: antes a gente cantaria durante imaginária batalha; agora é pra preparar o espírito no pátio do castelo. Death In The Afternoon quase dobrou de tamanho, ficou mais grandiosa e cheia de suspense do que o original, sem perder a pegada dançante em seu miolo. Midge Ure consegue botar fã pra dançar até com orquestra. Não são mais locomotivas synthpop, mas The Voice e Reap The Wild Wind ainda mexem quadris.
Qualquer compilação ou releitura ultravoxiana terá seu centro no hino New Romantic, Vienna. Em 1980, Ure e companheiros já misturaram orquestração com synths esparsos; extremidades lentas, com miolo mais animado; Kraftwerk encontrava Strauss. Vienna impressiona até hoje, é tesouro nacional na Inglaterra e sagrada para fãs da banda e dos anos 80, em geral. Ou seja, melhor não desfigurar o sagrado para não ser queimado como herege. Respire aliviado quem ainda não ouviu ou sequer sabia sobre Orchestrated: a macacovelhice de Ure conseguiu a proeza de manter tudo que Vienna oferece, mas em versão orquestral (com alguma ajudinha tecnológica, claro, porque ninguém é só acústico).
Se nem o Ultravox foi enorme em sua terra natal (no Brasil então...), imagine a carreira-solo de Midge Ure. Mas, é difícil não se derreter com a doçura apaixonada de Breathe. Quem não sonha em ouvir "breathe some soul in me/breathe your gift of love to me/breathe life to lay 'fore me/to see to make me breathe"? Além do que, Midge está cantando melhor do que no original. Duro resistir ao crescendo de If I Was e não querer entoar junto.
If I was a soldier
Captive arms I'd lay before her
If I was a sailor
Seven oceans I'd sail to her
If I was a painter
I'd paint a world that couldn't taint her
If I was a leader
On food of love from above I would feed her
If I was a poet
All my love and burning words I would show it
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda de thrash fora do "Big Four" que é a preferida de James Hetfield, vocalista do Metallica
Guns N' Roses é anunciado como headliner do Monsters of Rock 2026
Os 5 melhores álbuns do rock nacional, segundo jornalista André Barcinski
A canção do Genesis que a banda evitava tocar ao vivo, de acordo com Phil Collins
Os dois maiores bateristas de todos os tempos para Lars Ulrich, do Metallica
Os 16 vocalistas mais icônicos da história do rock, segundo o The Metalverse
Inferno Metal Festival anuncia as primeiras 26 bandas da edição de 2026
Rick Rubin elege o maior guitarrista de todos os tempos; "ele encontrou uma nova linguagem"
O artista que Roger Waters diz ter mudado o rock, mas alguns torcem o nariz
Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira
Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer
O disco de reggae que Nando Reis tem seis exemplares; "Quase como se fossem sagrados"
Exodus: quando a banda "engoliu" o Metallica e nunca mais abriu para eles
Por que a saída de Eloy Casagrande do Sepultura foi boa, segundo Andreas Kisser
A música favorita de todos os tempos de Brian Johnson, vocalista do AC/DC
Ace Frehley: "Se não fosse 'Music From The Elder', talvez eu não saísse do Kiss"
O artista de rock com 3 bilhões no Spotify que David Gilmour disse ter péssimo gosto musical
A incrível música do Black Sabbath que Geezer Butler achou "comercial demais"


Quando o Megadeth deixou o thrash metal de lado e assumiu um risco muito alto
"Hollywood Vampires", o clássico esquecido, mas indispensável, do L.A. Guns
"Hall Of Gods" celebra os deuses da música em um álbum épico e inovador
Nirvana - 32 anos de "In Utero"
Perfect Plan - "Heart Of a Lion" é a força do AOR em sua melhor forma
Pink Floyd: O álbum que revolucionou a música ocidental



