Tamuya Thrash Tribe: versão crua e brutal da história brasileira
Resenha - Last of the Guaranis - Tamuya Thrash Tribe
Por Junior Frascá
Postado em 05 de novembro de 2016
Nota: 10
Pois bem, Luciano Vassan - Vocais, guitarras; Leonardo Emmanoel - Guitarras; J. P. Mugrabi - Baixo; e Bruno Rabello - Bateria conseguiram lançar uma das maiores obras do metal nacional contemporâneo. Desde a apresentação gráfica, passando pelas parte musical e lírica, tudo beira a perfeição em "TheLast of the Guaranis", primeiro álbum completodo TAMUYA THRASH TRIBE, do Rio de Janeiro.
O trabalho é tão intenso, agressivo e emocional, que leva o ouvinte a uma viagem sem precedentes, de uma forma intensa e introspectiva. Isso porque o thrash metal do quarteto, que também traz alguns elementos de death, aqui é aliado a um elemento cultural do povo nativo do Brasil, os índios, como já haviam feito bandas como SEPULTURA, em "Roots", e VOODOOPRIEST, em "Mandu", ambos trabalhos também seminais.
A ótima produção de Sidney Sohn Jr. também fez toda a diferença aqui, com tudo soando muito bem timbrado e forte. Além disso, Sidney também foi responsável pelas orquestrações, que dão um clima épico diversificado ao trabalho.
Mas há ainda aqui uma diversidade absurda de influências e instrumentos utilizados, com arranjos riquíssimos, e um bom gosto fora do comum.
Quanto aos elementos metálicos tradicionais, tudo é preciso: as guitarras exalam riffs e mais riffs classudos e pesadíssimos, acompanhados de uma cozinha técnica na medida certa, e o vocalista Luciano é um verdadeiro animal, urrando e deixando transparecer claramente todo o conteúdo sujo e emocional que o álbum carrega.
Além disso, o coral de crianças Guarani Mbya presente em "Oreru Nhamandú Tupã Oreru" é um dos pontos que chama a atenção, e embora pouco usual no estilo, casou perfeitamente com a canção; assim como as participações de Mário Mamede e Dudu Bierrenbach (do OGÃS DE CULTOS AFRO-BRASILEIROS) que fizeram as percussões em "Senzala/Favela" e "The Conjuration (Martyr)"; e o vocalista João Cavalcanti ,da banda carioca de samba CASURINA, em "Vinte e Cinco", só para citar algumas das participações especiais do disco.
A parte lírica do trabalho também é impressionante e bem construída, retratando uma realidade obscura, casando perfeitamente com o caos e a brutalidade sonora proposta pelos caras.
Dentre as 12 faixas aqui presentes, é impossível citar destaques, pois, como já ressaltado, todas são excelentes, merecem audições apuradas e com a devida atenção, sendo que a cada uma delas é possível se descobrir novos e novos elementos que as tornam ainda mais instigantes.
E sem contar que essa versão ainda traz um CD bônus, contendo o EP "United", remasterizado e com baixo e bateria regravados, e vem em um belíssimo digipack diferenciado, em tamanho comum para DVDs, e com uma belíssima e forte arte gráfica, de Isabelle Araújo.
Ou seja, trata-se de uma obra para orgulhar cada headbanger brasileiro, que traz em sua essência um pouco da história esquecida (muitas vezes forçada, graças à "síndrome de vira-lata" que assola grande parte de nossos conterrâneos) de nosso povo, e que certamente será lembrada como um marco na história do metal nacional. IMPERDÍVEL!
The Last of the Guaranis - Tamuya Thrash Tribe
(Nacional - 2016)
Músicas:
CD 1: "The Last Of The Guaranis":
1. Oreru Nhamandú Tupã Oreru
2. The Voice of Nhanderu (Von)
3. Brado de Xangô
4. Senzala Favela
5. The Last Ball of the Empire
6. The Lastof the Guaranis
7. Vinte e Cinco
8. Violence and Blood
9. A Call from Xapuri
10. The Conjuration (Martyr)
11. Uratau's Cry
12. Háhé'm
CD 2: "United Remastered":
1. Immortal King
2. Agonising and Insufferable
3. 1814
4. Missions
5. Uti Possidetis
6. Tamuya
7. Immortal King (versão acústica)
8. Tamuya (versão acústica)
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