Republique du Salem: rock vintage, exalando poeira e qualidade
Resenha - RDS - Republique du Salem
Por Ricardo Seelig
Postado em 27 de junho de 2016
Com produção do guitarrista norte-americano Marc Ford (The Black Crowes, Ben Harper), o auto-intitulado segundo disco da banda paulista Republique du Salem é um ponto fora da curva no atual cenário do rock nacional. Lançado no primeiro semestre de 2015, chegou somente agora aos meus ouvidos, através de uma gentil lembrança da própria banda que me enviou o CD para audição.
Vamos começar falando a respeito do projeto gráfico. Esbanjando bom gosto, o disco traz uma arte muito legal, sem exageros, que se destaca por detalhes que enchem os olhos de qualque ouvinte de música, como a luva no encarte interno onde o CD é acondicionado, cuja arte remete a um disco de vinil. A própria mídia do CD brinca com os clichês e a memória afetiva do ouvinte, e ao invés de trazer o nome do disco impresso tem a inscrição Master#1 impressa em uma fonte que traz à mente aqueles CD-Rs que a gente gravava há mais de uma década atrás. Fechando o pacote, o CD vem com uma palheta personalizada da banda, autografada pelo guitarrista Guido Lopes.
Musicalmente, trata-se de uma banda de rock vintage, em todos os sentidos. Da estrutura das músicas à abordagem instrumental, passando pela timbragem dos instrumentos e pela mixagem propositalmente suja, o RDS exala poeira e naftalina. Essa escolha, quando feita de maneira inócua e visando apenas seguir a corrente de outros artistas, de maneira geral não alcança bons resultados. Mas quando ela reflete o modo como os músicos se relacionam com a sua arte, a fonte de suas inspirações e o seu próprio modo de vida, o que temos é um trabalho que exala autenticidade. O Republique du Salem se enquadra no segundo grupo.
Contando com a experiência de Marc Ford na produção (o guitarrista também participa da última faixa do disco, "Go Ye and Preach My Gospel", releitura para a canção do gaitista Rev. Dan Smith), a banda reafirma suas influências (Led Zeppelin, Black Crowes, Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd) e entrega um álbum muito mais maduro, consistente e interessante que a estreia, lançada em 2013. Gravado inteiramente nos Estados Unidos, o disco é totalmente composto em inglês (a exceção é "Latindo", única cantada em português) e transita entre o clássico blues rock setentista e faixas que metem o pé mais fundo no blues. No meio do caminho, momentos pulsantes e swingados como "What You’re Like", com influências de Jimi Hendrix, Funkadelic e James Brown.
O saldo final é extremamente positivo, e mostra uma banda que teve coragem para se reinventar totalmente. Este segundo disco do RDS está muito alinhado com o cenário atual de bandas que exploram uma sonoridade propositalmente vintage, e tem tudo para agradar tanto os fãs de bandas clássicas quanto os apreciadores de nomes contemporâneos como Rival Sons.
Com o seu segundo disco, o Republique du Salem faz uma aposta corajosa e digna de elogios. A banda sabe que o estilo de música que almeja produzir não tem penetração no mercado brasileiro e está restrita a um nicho de ouvintes. No entanto, foca com sabedoria exatamente neste nicho, do qual os próprios músicos fazem parte e conhecem com precisão. Pra deixar bem claro: o nome deste nicho é rock and roll puro e simples. Se você faz parte deste povo, a satisfação será imensa ao ouvir o novo trabalho do RDS.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
O álbum que David Gilmour vê como uma continuação de "The Dark Side of the Moon"
A melhor música de rock lançada em 2025, segundo o Loudwire
É oficial! Iron Maiden vem ao Brasil em outubro de 2026; confira as informações
Cinco grandes bandas de heavy metal que passarão pelo Brasil em 2026
Alter Bridge abrirá para o Iron Maiden apenas no Brasil
O rockstar que não tocava nada mas amava o Aerosmith; "eles sabiam de cor todas as músicas"
Max Cavalera diz ser o brasileiro mais reconhecido do rock mundial
Clemente (Inocentes, Plebe Rude) sofre infarto e passa por cirurgia
O que James Hetfield realmente pensa sobre o Megadeth; "uma bagunça triangulada"
Steve Harris e Bruce Dickinson comentam tour do Iron Maiden pela América Latina
A categórica opinião de Regis Tadeu sobre quem é o maior cantor de todos os tempos
Dream Theater abre venda de ingressos para turnê no Brasil; confira os preços
Por que Paralamas do Sucesso se recusaram a tocar nos Rock in Rio 2 e 3, segundo produtor
Guns N' Roses confirma novo local para show em Porto Alegre


"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional
"Rebirth", o maior sucesso da carreira do Angra, que será homenageado em show de reunião
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme


