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Radiohead: E mais um álbum desnecessário

Resenha - A Moon Shaped Pool - Radiohead

Por Wendell Soares
Postado em 24 de maio de 2016

Nota: 1 star

Tenho um amigo que, sempre que o lembro como a banda do Thom Yorke se tornou chata e pedante, costuma me dizer que são a maior banda inglesa dos últimos tempos. Eu nunca discordei. Aliás, até os uso pra traçar um parâmetro com os Los Hermanos, que, nas plagas nacionais, possuem um status de idolatria (e pedância) bem similares. Nos dois casos, temos duas bandas que despontaram com certo burburinho (Pablo Honey, no primeiro caso, e o autointitulado Los Hermanos), cometeram um discaço na segunda tentativa (The bends e Bloco do eu sozinho) e fizeram do terceiro álbum completo um ponto de referência para a música que surgia após ele (Ok computer e Ventura). Tivessem acabado ali, ambas as bandas seriam a influência máxima de uma geração, com álbuns cultuados e naquela linha limite entre o rock, o pop e tudo o que mais cabe na (boa) música. Mas aí ambas seguiram o mesmo curso. Com Kid A e IV, a curva deixa de ser ascendente, e ainda que haja algum sopro de criatividade, o DNA da banda, aquele tino assoviável, triste e belo - que arregimentou uma horda de fãs - se perde.A vantagem da banda brasileira é que, teoricamente, ela encerra atividades. Fica o mito e uma porção de tentativas, em álbuns solos chatos e iguais, mas nada capaz de macular a obra dos cariocas. Mas o Radiohead não se conteve com o fim. Ele quis se reinventar.

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Relevante situar que, 16 anos depois do fim dos anos 90, já não há exagero em dizer que Ok computer, do Radiohead, só se posiciona atrás do Nevermind (Nirvana) como álbum mais importante daquela década. E falando deles, especificamente, eu sempre adotei a piada que, tivessem terminado antes do Kid A, teriam feito um álbum nota 8, um nota 10 e um nota 11. Respectivamente.

Mas a década seguinte serviu pra banda criar um conceito de anti-música, jogar às favas a musicalidade pop e levar a lógica de experimentação a um patamar que nem Lou Reed e seu Metal machine music conseguiram.

E nem pontuo aqui que, devido essa noção estranha de ser pop, boa parte da música inglesa mainstream os usou como referência. Do Coldplay ao Muse. Pro bem ou pro mal.
A crítica aplaudiu. Alguns fãs defenderam. Inclusive, há casos graves daqueles que ainda acompanharam a banda após Hail to the thief e Amnesiac. Esqueçamos estes.
Depois veio In rainbows, e quando a gente quase acreditou que Thom Yorke e companhia ainda conseguiam compor pequenas pérolas pop, já era tarde. De King of limbs só ficou na memória a dança estranha do vocalista no clipe de Lotus Flower.
Na verdade, discorri sobre tudo até aqui, sem citar o álbum em questão, por que não precisa: não há nada novo ali.

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E se na discografia de alguns grandes (Morrissey, Dylan, pra ficar com dois), a não-inovação é tida como um elogio, aqui, depende de que lado você está.
Se for o tal fã que ainda considera o Radiohead a coisa mais genial da música, vai gostar. Veja bem, eu disse gostar. E só. Se for como eu, que abandonou a banda lá pelos idos de 2000, e chegou até a procurar no Muse (Absolution é magnifíco) ou no Grandaddy um resquício daquela noção musical monstruosa dos primeiros álbuns, vai odiar. Mas odiar muito.
Pudesse renomear o álbum, eu o chamaria de "Almost music". E já explico.
A moon shaped pool abre com o single Burn the witch, e quase consegue enganar em seus primeiros momentos. Tem violão, tem Yorke lamentando, tem clipe bonito. Mas a guitarra deixa a impressão de quase aposentadoria definitiva, ainda na primeira faixa.
Daydreaming é monocórdica e quase insinua uma canção triste. Mas a tristeza vira tédio antes do término e dá lugar aos barulhos eletrônicos que quase pontuam a faixa seguinte, Decks dark.
Sinceramente, não encontrei alguma faixa destaque, qualquer coisa que me fizesse querer ouvir o álbum de novo. Em Ful stop, quase fui enganado pela vibe pós-punk do Joy Division mas quando parecia que o álbum teria, no mínimo, um pouco de raiva, Yorke se desculpa e pede, repetidamente, que o "aceite de volta". É uma clichê pronto pra resposta. E a resposta é não. Ou talvez "quase".
A crítica, já previsível, vai incensar o álbum. Vai tentar relacionar alguma música a um clássico, vai falar sobre a aura cult da banda, vai discorrer sobre o término de casamento do vocalista e dizer que as letras estão "densas e complexas". Não será mentira, mas tudo isso servirá de pano de fundo pra chegar a um conclusão negativa: o Radiohead não é mais relevante.
E não é relevante por que optou pela estranheza quando, sua melhor faceta ainda é o pop.
Vai ser álbum do ano, vai ter fã (sempre eles!) compartilhando e idolatrando os clipes e os shows, mas no fundo, bem no fundo, até eles sabem: o tempo vai dar ao álbum o mesmo destino de tudo o que o Radiohead fez após Ok computer. Vai deixar morrer em silêncio e ignorar.
E num futuro não tão distante, quando a banda decidir "voltar às raízes", até eles irão concordar: a gente quer o Radiohead de Creep. De Karma Police. De Exit music. De No surprises.
E não isso aí, que me fez perder 50 minutos na audição deste álbum.
Decepcionante.

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