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Kamelot: Um álbum que vale muito a pena o seu investimento

Resenha - Haven - Kamelot

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 07 de abril de 2016

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

O Kamelot é uma banda que eu ouvi falar, pela primeira vez, em 2005, quando do lançamento do álbum The Black Halo, que eu lembro vivamente de ser alardeado aqui pelo site. Naquela época, eu já inclusive escrevia para o Whiplash.net, e tenho resenhas lá no meu blog que publiquei aqui, quando era ainda a época do sistema de resenhas de usuários que o site tinha. Enfim, depois de ter escutado The Black Halo, lembro de ter criado um grande interesse pela banda, porque aquele disco era muito bom, mas por alguma razão eu acabei não acompanhando sua trajetória. Aí, no começo deste ano, eu vi este disco novo, chamado Haven.

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E como eu estou por fora do restante do material do grupo, coisa que pretendo consertar dentro de algum tempo, eu não vou ficar citando trabalhos anteriores, ou coisas do tipo, simplesmente falar do álbum novo da banda, lançado em Maio de 2015, como um novo ouvinte, apesar de já ter escutado pelo menos um trabalho anterior deles. Mas venho fazer isso, porque a banda realmente me impressionou de verdade.

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E uma das principais características que me chamou a atenção no trabalho do Kamelot, foi esse aspecto neoclássico do som deles, com os arranjos virtualmente evocando todo um espírito celta irlandês misturado com o peso do power metal sinfônico cheio de orquestrações fantásticas de instrumentos de cordas. Gosto muito disso, e no universo da música pesada, é uma coisa que parece que nunca sai de moda, você tem coisas aí como Blind Guardian, Epica, Gamma Ray, Stratovarius, enfim, todo mundo seguindo mais ou menos uma mesma tendência de soar épico e majestoso dentro do power metal, cada um a seu jeito e com seu próprio encanto.

A primeira coisa que me atraiu primeiramente ao grupo, foi o nome, remetendo às lendas inglesas e histórias de cavalaria, que gosto bastante. A ilustração de The Black Halo também foi um fator importante à época, aquela figura magnífica da mulher semi-imersa na água; e o conteúdo musical do disco fez jus à promessa da ilustração.

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Então eu vi Haven em Janeiro deste ano, passando em frente à prateleira de CDs da loja em que eu estava, e me lembrei de como foi legal aquele disco de 2005, aí resolvi arriscar. Outra coisa que me atraiu ao disco, foi a linda arte da capa, belíssima, e que de certa forma, me remeteu a uma arte de algum game recente da série Final Fantasy. Eu juro que só fiquei esperando tocar o tema de batalha e pensei "opa, agora vai, 'xeu pegar o controle lá que já já engaja numa batalha!" Enfim, brincadeiras a parte, se você observar as artes do Kamelot, elas sempre são muito imersivas, te transportando direto ao clima do disco.

O álbum recebeu várias avaliações positivas em diversas redes, inclusive com razão. A música do Kamelot continua belíssima aqui, desde o dia que eu os conheci pelo disco de 2005. Não é a mesma banda, aliás, tem só dois membros da formação do The Black Halo, o guitarrista Thomas Youngblood e o baterista Casey Grillo, então é natural que a gente note mudanças de direcionamento musical, em alguns arranjos. Mas de forma geral, a proposta parece ser a mesma.

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Quando a primeira faixa do disco abriu de forma bem suave, e depois disso, engatou uns poucos efeitos de teclado, pensei que havia entrado numa fria. Mas gostei do que ouvi. A banda já entrou na faixa "Fallen Star" com aquele climão celta que eu falei no começo. E é impressionante que a banda consiga canalizar essas influências, pois trata-se de uma banda americana, que atualmente conta com um vocalista mais novo, o sueco Tommy Karevik, e que comparado com o vocalista Roy Khan, que esteve no grupo de 1998 até 2010, está fazendo um bom trabalho de substituição, pelo menos neste disco que eu pude ouvir.

"Insomnia" é outro bom destaque com aquele riff de música celta irlandesa no começo, aos arranjos e solos fortes de guitarra, e que é seguido pelo peso do metal melódico do grupo. O som deles também está forte e bastante instigante com a próxima, "Citizen Zero", outra das minhas favoritas do disco, que conta ainda com um ótimo trabalho de corais.

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Também destaco o trabalho ótimo de fusão da música celta clássica com a agressividade do speed metal melódico e todo o trabalho de arranjo maravilhoso feito aqui na excelente "Veil Of Elysium", uma música que eu voltei inúmeras vezes para ouvir, e uma das que eu mais curti o trabalho da bateria, beirando o progressivo de forma épica.

Pausa para uma balada, e ouso dizer uma excelente e linda balada celta, chamada "Under Grey Skies", com dois minutos de um belíssimo acompanhamento ao violão e mais três minutos seguintes de arranjos fantásticos no som da guitarra; a canção ainda conta com a flauta irlandesa tocada por Troy Donockley, hoje no Nightwish, e com o acompanhamento vocal magistral da cantora Charlotte Wessels, da banda Delain.

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Eu simplesmente poderia parar por aqui e te dizer "olha, compre o álbum, ponto. É muito bom, do começo ao fim, vale o investimento." Mas eu vou te dar mais alguns motivos para isso. E um deles é a pesada e melódica "Beautiful Apocalypse", que tem um excelente trabalho vocal e uma melodia bem dramática. Ela é seguida pela belíssima speed metal "Liar Liar (Wasteland Monarchy)", que alterna entre momentos épicos e dramáticos muito bem arranjados e ganhou um clipe muito legal de divulgação; a música conta com a participação descomunal da vocalista Alissa White-Gluz, do Arch Enemy, que alterna entre vocais guturais e belos acompanhamentos com Karevik. E como um último destaque da versão regular do disco, a faixa instrumental de fechamento "Haven", onde o trabalho de orquestração feito por Youngblood e o tecladista Oliver Palotai resume os conceitos da obra em dois minutos e dez segundos de arranjos encantadores.

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E como "haven" é inglês para "refúgio", eis aqui realmente um grande refúgio para o admirador do metal celta destes cavaleiros da banda americana. Mas há ainda mais algumas surpresas. Na versão japonesa do CD, você ainda encontrará a speed metal "The Ties That Bind", que é uma extra bacana, não uma das melhores, mas dá pra curtir. Esta faixa é substituída na versão vinil do disco (sim, há uma faixa exclusiva para a mídia) pela speed metal "At First Light" que é muito mais interessante que a extra japonesa, e ouso dizer aqui que foi até uma sacanagem da gravadora disponibilizar essa faixa só para o vinil.

E para finalizar, há a versão que é a que eu tenho aqui em mãos, que é o disco regular, que vem com mais um CD extra contendo quinze faixas de versões alternativas das músicas do álbum. Há por exemplo versões instrumentais de certas faixas, e versões só ao piano, uma versão acústica e uma orquestral, todas elas, músicas do próprio álbum regular, sem grandes surpresas. Quem é colecionador, pode optar por ela, e é um investimento bacana, as versões alternativas são bem arranjadas e muito bonitas, mas eu sinceramente apostaria no vinil se fosse você, até pela ótima faixa extra exclusiva que possui.

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Resumindo: fiquei ainda com mais vontade de conhecer o restante do trabalho do Kamelot do que quando os conheci no ano de 2005, e também surpreso de como foi que eu deixei passar este lançamento do ano passado, que me impressionou agora de forma tão positiva com sua excelente produção, que ainda conta com a presença ilustre do alemão Sascha Paeth, que já trabalhou com tanta gente de peso, como o Avantasia, o André Matos, o Rhapsody Of Fire e tantos outros. Definitivamente um álbum que vale muito a pena o seu investimento, principalmente se você é um fã confesso de speed metal, power metal, e bandas melódicas pesadas que tem essa envergadura celta na sonoridade. Grande disco!

Haven (2015)
(Kamelot)

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Tracklist:
01. Fallen Star
02. Insomnia
03. Citizen Zero
04. Veil of Elysium
05. Under Grey Skies (com Charlotte Wessels e Troy Donockley)
06. My Therapy
07. Ecclesia
08. End of Innocence
09. Beautiful Apocalypse (com Charlotte Wessels)
10. Liar Liar (Wasteland Monarchy) (com Alissa White-Gluz)
11. Here's to the Fall
12. Revolution (com Alissa White-Gluz)
13. Haven
Bônus da versão japonesa:
14. The Ties That Bind
Bônus da versão vinil:
14. At First Light

Disco extra da versão Deluxe Earbook:
01. End of Innocence (Piano Version)
02. Veil of Elysium (Acoustic Version)
03. Fallen Star (Orchestral Version)
04. Here's to the Fall (Orchestral Version)
05. My Therapy (Orchestral Version)
06. Fallen Star (Instrumental Version)
07. Insomnia (Instrumental Version)
08. Citizen Zero (Instrumental Version)
09. Veil of Elysium (Instrumental Version)
10. Under Grey Skies (Instrumental Version) (com Charlotte Wessels e Troy Donockley)
11. My Therapy (Instrumental Version)
12. End of Innocence (Instrumental Version)
13. Beautiful Apocalypse (Instrumental Version)
14. Liar Liar (Wasteland Monarchy) (Instrumental Version) (com Alissa White-Gluz)
15. Revolution (Instrumental Version) (com Alissa White-Gluz)

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Selos: Napalm Records / Universal / ADA / Warner

Banda:
Tommy Karevik: voz
Thomas Youngblood: guitarra, arranjos orquestrais
Sean Tibbetts: baixo
Oliver Palotai: teclados, arranjos orquestrais
Casey Grillo: bateria, percussão

Músicos convidados:
Alissa White-Gluz: voz (faixas 10 e 12)
Troy Donockley: flauta irlandesa (faixa 5)
Charlotte Wessels: voz (faixas 5 e 9)

Discografia anterior:
- Silverthorn (2012)
- Poetry for the Poisoned (2010)
- Ghost Opera (2007)
- The Black Halo (2005)
- Epica (2003)
- Karma (2001)
- The Fourth Legacy (1999)
- Siége Perilous (1998)
- Dominion (1997)
- Eternity (1995)

Site oficial:
http://www.kamelot.com

Para mais informações sobre música, filmes, HQs, livros, games e um monte de tralhas, acesse também meu blog:
http://acienciadaopiniao.blogspot.com.br

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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