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Faith No More: Álbum formidavelmente estranho, surreal e perfeito

Resenha - Angel Dust - Faith No More

Por David Torres
Postado em 11 de junho de 2015

Após terem concebido o excelente álbum de estúdio que atende pelo nome de "The Real Thing", em 1989, os californianos do Faith No More haviam acabado de apresentar ao mundo a sua obra prima, levando o quinteto a realizar uma enorme turnê mundial que teve a duração de três anos. A música "Epic" havia se tornado um sucesso estrondoso e inquestionável, com seu videoclipe sendo veiculado exaustivamente na até então iniciante emissora de TV MTV. No entanto, em 1992 foi o momento de retornar aos estúdios e produzir um novo material. Eis que, em 08 de junho daquele ano foi concebido "Angel Dust", o quarto álbum de estúdio dos norte-americanos, lançado pela gravadora Slash Records sob a produção de Matt Wallace – que também foi o responsável pela produção dos três álbuns anteriores da banda e o mais recente, "Sol Invictus" (2015).

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Depois de um colorido, extravagante e divertido "The Real Thing" três anos antes, o quinteto californiano retorna com um registro muito mais experimental e escuro, fato esse que se deve, sem sombra de dúvidas, a entrada do novo "frontmen", Mike Patton, que acrescentou novas sonoridades para a banda após a sua entrada no disco anterior. Isso dividiu muito as opiniões. Muitos adoraram a nova sonoridade e a nova direção que o grupo estava tomando e outros detestaram radicalmente na mesma proporção e intensidade. Além disso, muitos culpam esse disco, bem como o sucessor, "King for a Day, Fool for a Lifetime" (1995) de terem influenciado o surgimento do gênero malfadado rotulado como "Nu Metal". Realmente não há duvidas de que essa vertente tem suas raízes estilísticas calcadas no som produzido pelo quinteto, entretanto, além de não terem sido as únicas influências para esse estilo tão controverso que se popularizou no fim dos anos noventa e começo de 2000, é inegável que o som que se ouve em "Angel Dust" é algo tão surreal e único que é simplesmente impossível de rotular nessa ou em qualquer outra categoria musical.

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Os teclados alucinantes de Roddy Bottum e os "riffs" pesados de Jim Martin abrem a ótima faixa de abertura, "Land of Sunshine". Nessa primeira música do álbum já vemos que a proposta musical da banda é diferente e já nos prepara para o que está por vir ao longo de todo o trabalho. Outros elementos que se destacam dessa faixa são o baixo pulsante, "grooveado" e completamente "funky" de Billy Gould e os vocais incrivelmente transitórios de Mike Patton. Uma curta introdução dá espaço para os acordes iniciais da excelente e esquizofrênica "Caffeine". O que temos aqui é uma "cozinha" competente, teclados e "riffs" em total sincronia e vocais que variam drasticamente, indo de momentos cantados, falados e sussurrados a gritos histéricos. A bateria percussiva de Mike Bordin abre "Midlife Crisis", a terceira faixa do álbum e outro grande destaque do álbum. Contando com um refrão grudento e contagiante e melodias viajantes, é um dos grandes sucessos da carreira da banda e possui um videoclipe que foi veiculado massivamente nos anos noventa.

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Teclados macios e sublimes abrem a balada "RV". Contando com belíssimas melodias, mais uma vez mostra o porquê da banda ser impossível de ser rotulada. Novamente temos um desempenho vocal de cair o queixo, bem como uma execução instrumental a altura. Trazendo a tona as novas tendências musicais do grupo, "Smaller and Smaller" possui "riffs" sólidos e consistentes, um bom solo de guitarra, um ótimo trabalho de bateria e de baixo, além de uma melodia de teclado tétrica e completamente atmosférica. Uma ótima faixa. Experimental, porém realmente ótima! Quebrando o clima da faixa anterior, vem "Everything's Ruined", que já inicia com pacatas harmonias de teclado de Roddy Bottum, não demorando muito para as palhetadas precisas de Jim Martin surgirem na sequência, assim como a sempre competente "cozinha" de bateria e baixo encabeçada respectivamente por Mike Bordin e Billy Gould. A sonoridade dessa faixa se assemelha mais com a proposta original da banda e é mais um grande destaque do álbum e mais uma música do disco a possuir um videoclipe.

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A climática e bizarra "Malpractice" dá continuidade ao álbum e é uma faixa muito complicada de se digerir de primeira. Aqui nós temos uma sonoridade mais complexa e no mínimo esquizofrênica, composta por ótimos e pesados "riffs", um teclado atmosférico e fúnebre e vocais assustadoramente transitórios. Mike Patton usa e abusa do experimentalismo e entrega para o ouvinte a faixa mais estranha e obscura do trabalho, que conta com um ritmo excêntrico e fragmentado. Particularmente gosto muito dessa faixa, mas é inegável que é a faixa mais controversa do álbum e uma das mais difíceis de assimilar de primeira. "Kindergarten" vem logo em seguida e novamente apresenta uma sonoridade completamente diferente da faixa anterior, apresentando formosas e cintilantes harmonias de guitarra e teclado, harmonias que caminham sempre juntas e em perfeita sincronia. Mais uma vez temos um deslumbrante desempenho de toda a banda. O sinistro teclado de Roddy Bottum marca o início da ótima "Be Aggressive", outro grande destaque desse trabalho. Nela, temos um grandioso empenho nas seis cordas, uma marcação irretocável de baixo, linhas de bateria certeiras e ótimas passagens vocais, além de um coro infantil e altamente contagiante e marcante no refrão da composição.

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"A Small Victory" é a décima faixa do álbum e um dos grandes destaques e êxitos comerciais desse trabalho de estúdio, possuindo também um videoclipe promocional que foi bastante veiculado na época. Mais uma vez temos os nossos ouvidos agraciados com uma sequência de melodias completamente viajantes. Na sequência, nos deparamos com "Crack Hitler", que mais uma vez é dona de um timbre completamente antagônico e experimental. Os teclados de Roddy Bottum permeiam toda a música e os vocais permanecem transitórios e amalucados. Também temos coros interessantes na metade da composição, harmonizando-a ainda mais. É mais uma boa faixa, porém um tanto complexa de se compreender na primeira audição, comprovando mais uma vez as mudanças radicais na sonoridade da banda a partir desse disco.

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E quando o ouvinte acha que o experimentalismo e o show de bizarrices sonoras terminaram, a banda entrega "Jizzlobber". É muito difícil definir esse som. É uma faixa com um andamento bastante fragmentado e que muda de ritmo rapidamente, apresentando melodias novamente soturnas e no mínimo estranhas de teclado, acompanhadas pelo vocal insano de Mike Patton, "riffs" intensos e bem construídos, além de levadas interessantes de bateria. Um grandioso e climático órgão encerra essa faixa que, apesar de estranha é realmente muito boa. "Jizzlobber" foi escrita e composta pelo guitarrista Jim Martin, que alega ter tocado todos os instrumentos nessa faixa, com exceção do órgão no fim da música, cujos arranjos foram escritos e executados pelo baixista Billy Gould. O final desse grande álbum fica reservado o vistoso "cover" de "Midnight Cowboy", uma releitura que o Faith No More fez para o tema instrumental do filme homônimo de 1969, traduzido para o nosso país tupiniquim como "Perdidos da Noite". Aqui nós temos um trabalho completamente monumental de toda a banda, que executa a releitura desse grande tema com maestria e vigor.

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Acredito que a essa altura existam algumas pessoas que estejam questionando "Onde está "Easy", o "cover" do Commodores?!", certo? Pois bem, essa releitura realmente dispensa apresentações, mas não integrou esse lançamento em suas prensagens originais, ainda que tenha sido lançada como um "single" promocional e tenha se tornado um sucesso inquestionável nas mãos do Faith No More, um dos maiores sucessos na carreira da banda, diga-se de passagem, ganhando um videoclipe muito conhecido e divulgado, além de ser sempre tocada nas apresentações do grupo desde aquela época. De fato, é um dos "covers" excepcionais que a banda coleciona em seu acervo de releituras. Anos mais tarde, "Easy" foi inserida em relançamentos de "Angel Dust".

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Além de ser o segundo trabalho da banda a contar com o vocalista Mike Patton, "Angel Dust" é também o último trabalho do grupo a contar com o guitarrista Jim Martin, que deixou a banda após esse registro por não gostar do direcionamento sonoro que o Faith No More tomava. Por sinal, há alegações de que o guitarrista se envolveu muito pouco nas composições desse álbum por conta disso. Ainda que não tenha alcançado o mesmo "status" e sucesso comercial que o antecessor e insuperável "The Real Thing", "Angel Dust" é um grande álbum e merece ser ouvido com muita atenção. Por mais que apresente uma sonoridade experimental e muitas vezes indigesta nas primeiras audições, é um registro formidavelmente estranho, surreal e perfeito.

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Escrito por David Torres

01. Land of Sunshine
02. Caffeine
03. Midlife Crisis
04. RV
05. Smaller and Smaller
06. Everything's Ruined
07. Malpractice
08. Kindergarten
09. Be Aggressive
10. A Small Victory
11. Crack Hitler
12. Jizzlobber
13. Midnight Cowboy
14. Easy

Mike Patton (Vocal)
Jim Martin (Guitarra)
Billy Gould (Baixo)
Mike Bordin (Bateria)
Roddy Bottum (Teclados)

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Sobre David Torres

Formado em Propaganda & Marketing, se autodenomina "Fanfarrão" graças ao seu senso de humor e modo de enxergar o mundo à sua volta. Apaixonado por filmes de terror, quadrinhos e bandas como D.R.I., Faith No More e Napalm Death, escreve também para o blog Blasting Noise Fanzine. Possui muitos sonhos, dentre eles dar início a um projeto de grindcore.
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