Sodom: O 26° Aniversário do Explosivo "Agent Orange"
Resenha - Agent Orange - Sodom
Por David Torres
Postado em 03 de junho de 2015
Ícones do Thrash Metal teutônico e mundial, os alemães do Sodom comemoram hoje o aniversário de 26 anos de um de seus trabalhos mais aclamados, o explosivo "Agent Orange". Após terem concebido uma sequência invejável de registros iniciada, com o histórico EP "In the Sign of Evil" (1984), passando pelos álbuns "Obsessed by Cruelty" (1986) e "Persecution Mania" (1987), os integrantes da banda lançaram o seu terceiro álbum de estúdio em 01 de junho de 1989, através do selo Steamhammer e sob a produção de Harris Johns, que havia trabalhado com a banda no álbum anterior e também já colaborou com nomes como Tankard, Helloween e Enthroned.
Como toda banda e artista que se preze, o Sodom sofreu uma evolução musical coerente e natural. Se em "Persecution Mania" a banda já estava mais madura e profissional, em "Agent Orange" se superaram ainda mais! Contando com uma ilustração de capa vistosa idealizada pelo talentoso artista Andreas Marschall (Blind Guardian, Destruction, King Diamond e muitos outros), o Sodom abandonou completamente os temas obscuros de seus primórdios e os substituiu por uma temática focada na Guerra do Vietnã, uma fascinação de Tom Angelripper. Esse terceiro registro de estúdio da banda surpreende os ouvintes com uma sonoridade mais evoluída, trabalhada e profissional. As letras, os arranjos das composições, os vocais, tudo evoluiu drasticamente desde o surgimento do grupo e nesse álbum, pode-se observar claramente tal aperfeiçoamento.
Esse petardo já abre com a emblemática faixa-título. Os "riffs" esmagadores de Frank Blackfire, aliados a excelente "cozinha" de baixo e bateria de Tom Angelripper e Chris Witchhunter mostram o potencial destruidor da banda a cada acorde e mudança de andamento. A letra focada no "agente laranja", uma mistura de dois herbicidas usada como desfolhante pelo exército norte-americano na Guerra do Vietnã, é bastante marcante e demonstra o por quê de ser um dos maiores clássicos da banda até hoje, especialmente pelo seu refrão poderoso, vociferado pelo "frontmen" Angeripper:
"Agent Orange
Agent Orange
Agent Orange
A fire that doesn't burn!"
A segunda faixa do álbum é a igualmente marcante "Tired and Red". A música também abre de forma primorosa, com todos os integrantes detonando em seus respectivos postos, alterna para um pacífico e sublime interlúdio, composto por belos dedilhados e em seguida, é intercalada por um solo de guitarra repleto de "feeling", executado com maestria pelo talentoso Blackfire. Uma grade música e pessoalmente, uma das minhas preferidas do álbum. "Incest" é a terceira do álbum e seus primeiros e vagarosos acordes conduzem a um ritmo completamente desenfreado e bombástico, implodindo as caixas de som logo em seguida. Novamente temos variações de andamento devidamente inseridas e arquitetadas.
Outro grande destaque dessa obra surge em seguida, a cadenciada "Remember the Fallen". Grandes "riffs", belos solos de guitarra, ótimas linhas de bateria e baixo, além do vocal maravilhosamente rasgado de Angelripper, perfeitamente encaixado na proposta sonora da banda. Um grande clássico que sempre é lembrado nas apresentações do grupo. A quinta faixa, "Magic Dragon" abre com sons de um avião de ataque, pois é uma composição dedicada ao avião de ataque Douglas AC-47. Novamente apresentando grandes "riffs" e passagens memoráveis, a banda executa tudo com muita garra, com cada instrumento tendo o seu devido destaque ao longo da música.
Explosiva, "Exhibition Bout" dá sequência à sessão de pancadaria alemã. Mais uma vez a banda detona e jamais perde o fôlego. Palhetadas cruas, bateria debulhadora, vocal rasgado e agressivo do início ao fim. As baquetas do já falecido Chris Witchhunter e as quatro cordas cavalares de Tom Angelripper introduzem a cativante e extremamente divertida "Ausgebombt", outro destaque absolutamente impossível de deixarmos de citar. Um arrasa-quarteirão composto por uma levada completamente empolgante e um refrão grudento. Um grande clássico da banda e do Thrash como um todo. É importante ressaltar que a música possui uma versão cantada em alemão, que foi lançada em um EP homônimo no mesmo ano. Eis que o disco chega ao fim com a ótima "Baptism of Fire". O trio comprova mais uma vez que não está para brincadeira, nos brindando com mais uma grande composição que encerra esse trabalho abrindo um enorme sorriso no rosto do ouvinte.
Dedicado a todas as pessoas, militares e civis, que morreram por agressões sem sentido de guerras em todo o mundo, "Agent Orange" é o segundo álbum de estúdio a contar com o guitarrista Frank Blackfire, que se juntou ao Kreator pouco depois e também foi o primeiro álbum de Thrash Metal a entrar nas paradas alemãs, um verdadeiro marco para o estilo e para a banda. No ano de lançamento, a banda caiu na estrada, excursionando ao lado do Sepultura, que na época promovia o igualmente clássico e excelente "Beneath The Remains". Esse fato culminou em uma rivalidade entre as duas bandas que é lembrada até os dias de hoje. Até hoje, esse trabalho vendeu mais do que qualquer outro álbum das bandas do Thrash teutônico. Um marco espantoso e realmente fenomenal, contudo, bastante compreensível, mediante a qualidade das composições do álbum. Qualidade que o torna um clássico indiscutível até os dias de hoje.
Escrito por David Torres
01. Agent Orange
02. Tired and Red
03. Incest
04. Remember the Fallen
05. Magic Dragon
06. Exhibition Bout
07. Ausgebombt
08. Baptism of Fire
Tom Angelripper (Vocal / Baixo)
Frank Blackfire (Guitarra / "Backing Vocals")
Chris Witchhunter (R.I.P. 2008) (Bateria / Percussão / Backing Vocals")
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