DragonForce: Um álbum intenso e marcante
Resenha - Maximum Overload - DragonForce
Por Victor de Andrade Lopes
Fonte: Sinfonia de Ideias
Postado em 20 de agosto de 2014
Nota: 9
Dois anos após o lançamento de The Power Within, primeiro álbum do sexteto com seu novo vocalista Marc Hudson, o DragonForce lança seu sexto álbum de estúdio, Maximum Overload. Apesar do nome do disco ser uma referência à overdose de informação a que estamos sujeitos hoje, na era dos tablets e smartphones, ele bem reflete o conteúdo musical do álbum: são faixas rápidas e intensas, como todo bom trabalho do DragonForce deve ser.
Enquanto o The Power Within pecava pela carência de solos alucinantes, faixas grandiosas (o que não quer dizer que não havia faixas boas) e uma presença tímida do tecladista Vadim Pruzhanov, Maximum Overload mostra um DragonForce com uma instrumentalização mais voltada para as músicas antigas, aliadas a um Marc Hudson mais entrosado e uma nobre preocupação em mostrar algo novo ao fã. Aliás, não custa lembrar que o álbum traz duas importantes novidades: o baixista francês Frédéric Leclercq coescrevendo todas as faixas com o guitarrista Sam Totman, que antes fazia tudo sozinho; e o produtor Jens Bogren se tornando o primeiro a trabalhar sozinho com um grupo acostumado a produzir seus trabalhos por conta própria ou tendo outros produtores apenas como assistentes.
O álbum já abre a mil por hora (ou a quase 240 bpm) com "The Game", primeira faixa a ser divulgada (se a versão demo de "Defenders" não for levada em conta), e segue na fritação com a ainda mais intensa "Tomorrow's King". Após mais uma faixa rápida ("No More"), vem "Three Hammers", mais lenta e marchante, e com um solo cujo take final foi "escolhido" entre vários pela cachorra de Herman Li - o guitarrista afirmou em entrevista ao Arena.com que colocou todos os takes para a cadelinha ouvir e escolheu o que provocou a reação "mais fofa" no rosto do animal. Apesar da relativa lentidão, a alta velocidade que dita o ritmo do álbum volta na mesma faixa no momento do solo. "Symphony of the Night" faz o inverso: mantém-se rápida e desacelera para boa parte do solo.
A lógica do álbum é quebrada em "The Sun Is Dead", uma faixa diferente, marcante e longa (mas nem tão longa quanto o que o DragonForce costumava fazer em álbuns anteriores). Diferente porque pega emprestado alguns elementos de heavy metal tradicional e metal progressivo, entregando um belo produto marcado por um solo de órgão ao final. É difícil explicar em palavras porque esta faixa destoa do disco, mas dá para adiantar que ela não deixa aquela sensação de "peixe fora d'água".
Já encaminhando para o final do álbum, as tês faixas seguintes ("Defenders", "Extraction Zone" e "City of Gold") voltam com a fúria característica do disco. "Defenders", assim como "The Game" e "No More", traz a participação providencial do vocalista Matt Heafy (Trivium). Fechando o trabalho, o cover "Ring of Fire", de Johnny Cash, que parecia improvável, mas deu certo. Em primeiro lugar, porque quem já ouviu o Edguy regravando "Rock Me Amadeus" do Falco em abril deste ano no álbum mais recente do quinteto alemão (Space Police – Defenders of the Crown) não achará mais nada estranho. Em segundo lugar, porque a banda não tentou meramente copiar a faixa - isto sim poderia dar muito errado. O sexteto preferiu pegar apenas a estrutura básica da música e aplicar todo o seu peso depois.
A edição de luxo traz como faixas bônus a relativamente morna "Power and Glory"; a emocionante (quase white metal) "You're Not Alone"; e as intensas "Chemical Interference", "Fight to be Free" (cover do Shadow Warriors, projeto paralelo de Sam Totman) e "Galactic Astro Domination" (remix de um breve instrumental utilizado como tema de um comercial de um aplicativo do banco inglês Capital One). Os japoneses, pra variar, foram agraciados ainda com uma outra faixa, "Summer's End". Na edição especial há também um documentário com o making of do álbum e uma performance ao vivo de "Cry Thunder", do The Power Within.
Com músicas bastante intensas, densas e preparadas com nítido profissionalismo, Maximum Overload consolida Marc Hudson como talentoso vocalista e mostra que o DragonForce ainda é muito relevante para o mundo do metal, possivelmente a banda de power metal mais popular da atualidade. Um álbum com hits instantâneos e com o qual o fã se sentirá muito à vontade. O baterista Dave Mackintosh, que anunciou sua saída da banda pouco depois do álbum começar a ser divulgado, pode dizer que fechou sua passagem no grupo com chave de ouro.
Faixas longas e solos de teclado ainda fazem muita falta na música do DragonForce. Neste álbum as ausências foram pelo menos compensadas por um forte investimento em riffs agressivos e influenciados pelo thrash metal (a própria faixa de abertura foi inspirada por Beneath the Remains e Reign in Blood, dois álbuns fundamentais do gênero) e também pelos solos inspirados e letras típicas. Um disco que sem dúvidas será lembrado como um dos melhores da banda futuramente, o que se deve, em parte, à adoção de Frédéric como coautor das faixas e à inclusão de um produtor externo.
Abaixo, o vídeo de "The Game":
Track-list:
1. "The Game"
2. "Tomorrow's Kings"
3. "No More"
4. "Three Hammers"
5. "Symphony of the Night"
6. "The Sun Is Dead"
7. "Defenders"
8. "Extraction Zone"
9. "City of Gold"
10. "Ring of Fire"
11. "Power and Glory (faixa bônus da edição de luxo)
12. "You're Not Alone (faixa bônus da edição de luxo)
13. "Chemical Interference (faixa bônus da edição de luxo)
14. "Summer's End (faixa bônus da edição japonesa)
15. "Fight to Be Free (faixa bônus da edição de luxo)
16. "Galactic Astro Domination (faixa bônus remixada da edição de luxo)
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