Gathering: mantendo o alto nível no novo álbum
Resenha - Disclosure - Gathering
Por Luís Fernando Amâncio
Fonte: World Wide Suicide
Postado em 24 de setembro de 2012
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Quando, em augusto de 2007, a vocalista Anneke van Giersbergen deixou o The Gathering, o chão se abriu para os raros fãs da banda. Pois não era uma simples troca de integrante. A entrada de Anneke marcou a mudança no som do grupo, que progressivamente foi abandonando estilos mais pesados (doom/ gothic metal) para sonoridades mais atmosféricas, que a banda denominou trip rock (alusão ao trip hop de grupos como o Portishead).
Mais do que esse marco simbólico, Anneke se tornou a "cara" do The Gathering. Com sua bela voz e o assombroso carisma, a cantora não poderia ocupar lugar diferente. Foi tão protagonista na banda que resolveu dar seu vôo solo. Ser seu próprio rosto.
E agora, cinco anos depois, podemos ver que o rompimento, embora dolorido aos entusiastas do grupo, foi honesto. "Everything is Changing", terceiro álbum solo de Anneke (os dois anteriores usaram o nome Agua de Anique como transição) indica que a cantora está convicta em flertar com o pop. Vide o clipe de "Take me Home" -
Já o The Gathering lançou nesse mês seu segundo trabalho pós-Anneke, "Disclosure". Esse álbum teve maior participação de Silje Wergeland (ex-Octavia Sperati), norueguesa que assumiu os vocais. O anterior, West Pole (2009), ela encontrou praticamente pronto. E Disclosure é um atestado de que o The Gathering segue fiel ao seu trip rock, sem soar repetitivo no caminho que escolheram.
No álbum novo, os holandeses liderados pelos irmãos Hans e René Rutten incorporam mais características do rock progressivo, outro rótulo que costuma ser utilizado para definir sua sonoridade. Não o progressivo de intermináveis solos virtuoses, é bem verdade, mas na exploração da capacidade sensorial da música.
"Paper Waves", apresentada ao público brasileiro no show da banda em julho de 2011, abre o disco. É uma faixa eficaz como abertura do disco, mostra que o que virá a seguir é promissor. Os saudosistas podem até sentir falta de Anneke, mas Silje cumpre bem a árdua tarefa de substituí-la. Sobretudo por soar bem e em seu próprio estilo.
"Meltdown", em seguida, é a música mais ousada do cd. Além do vocal masculino (estreia do tecladista Frank Boeijen na função), algo que não ocorria desde "All My Life", do "Souvenirs" (2003), a música inicia com uma dinâmica bastante moderna. Porém, pela metade, ela toma rumo mais introspectivo. De fato, "Disclosure" é um álbum de músicas longas e com variações internas. "Heroes For Ghosts", quarta faixa, que teve um clipe lançado no ano passado, dura mais de dez minutos. Épica, mostra uma banda entrosada.
"Paralyzed", terceira música, é a que mais se aproxima de uma balada no disco e, de fato, tem potencial para single. Conta com uma bela melodia vocal e um acompanhamento bem digno.
"Disclosure" tem também uma faixa dividida, "Gemini I" e "Gemini II", essa encerrando o cd. "Missing Seasons" talvez seja a canção que menos chama a atenção no cd. "I Can See Four Miles" reforça que, mais do que faixas grandes, temos músicas grandiosas no décimo álbum de inéditas do The Gathering.
O supracitado show dos holandeses em São Paulo, no ano passado, mostrou que o impacto gerado pela saída da ex-vocalista afetou o número de seguidores do grupo. O público que compareceu naquele domingo foi consideravelmente menor que aquele do outro show da banda no Brasil, em 2006, ainda com Anneke – o tamanho do local onde os eventos ocorreram também transmite essa realidade, do Via Funchal para o Hangar 110.
"Disclosure" nos faz concluir que, junto da separação entre os integrantes, também ocorreu uma entre seus seguidores: foram-se os(as) tietes de Anneke, ficando os verdadeiros fãs da banda. Pois musicalmente é inegável que o The Gathering mantém sua identidade. Com mudanças, claro, pois trata-se de uma característica de sua trajetória. Mas eles seguem explorando as possibilidades do trip rock. Seus fãs da banda podem ser poucos, todavia são convictos de serem uns privilegiados.
Track-list:
1. Paper Waves
2. Meltdown
3. Gemini I
4. Heroes For Ghosts
5. Missing Seasons
6. See For Miles
7. Paralyzed
8. Gemini II
Formação atual:
Silje Wergeland – vocal
René Rutten – guitarra
Marjolein Kooijman – baixo
Hans Rutten – bateria
Frank Boeijen - teclado
Clip "Heroes for Ghosts" -
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
Irmãos Cavalera não querem participar de último show do Sepultura, segundo Andreas Kisser
O guitarrista que Jimmy Page admitiu estar fora de seu alcance: "Não consigo tocar"
Andreas Kisser diz que não tem a "mínima vontade" de voltar a tocar com irmãos Cavalera
O melhor disco de Raul Seixas, apurado de acordo com votação popular
A canção dos Rolling Stones que, para George Harrison, era impossível superar
Robert Plant acrescenta o Rio de Janeiro à turnê brasileira em 2026
Monsters of Rock confirma as 7 atrações da edição de 2026 do festival
Fender lança linha de instrumentos em comemoração aos 50 anos do Iron Maiden
Os cinco maiores bateristas de todos os tempos, segundo Dave Grohl
A icônica banda que negligenciou o mercado americano; "Éramos muito jovens"
O melhor baterista dos últimos 10 anos, segundo Lars Ulrich do Metallica
O Melhor Álbum de Hard Rock de Cada Ano da Década de 1980
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
Evanescence anuncia turnê mundial para 2026


Ingressos à venda para show do The Gathering com Anneke van Giersbergen no Brasil
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal


