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Candlemass: história e as curiosidades de Tales Of Creation

Resenha - Tales Of Creation - Candlemass

Por Alcides S. Maia Júnior
Postado em 24 de setembro de 2012

Após uma extensa e bem sucedida turnê pela Europa e Estados Unidos para promover o álbum "Ancient Dreams" a banda se preparava para gravar seu próximo álbum. Depois de todos os problemas com a gravadora em relação a mixagem de "Ancient Dreams" a primeira providência foi trocar a Active pela Music For Nations na Europa e a Metal Blade nos Estados Unidos.

Candlemass - Mais Novidades

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Nos álbuns anteriores era comum a banda se reunir para ensaiar, gravar algumas ideias e escolher o repertório para o álbum antes de entrar no estúdio. Nesse processo cada membro podia dar a sua opinião a respeito das composições e geralmente se chegava a um acordo. Em "Tales Of Creation" a banda se reuniu para a pré-produção sem Messiah Marcolin, que havia tirado uma folga após a turnê. Quando Messiah voltou, o repertório já estava pronto para ser gravado no estúdio e o clima entre os integrantes ficou pesado e ficaria pior dali em diante.

A banda escolheu novamente o Stockholm Studio para gravar o álbum e dessa vez contaram com o trabalho de Mats Lindfors na co-produção, como pretendiam durante as sessões de "Ancient Dreams". A ideia era lançar um álbum diferente de tudo o que a banda já havia lançado mas sem perder a identidade construída nos álbuns anteriores. Leif Edling decidiu então resgatar uma antiga ideia de escrever um álbum conceitual sobre a origem da vida que ele tinha desde os tempos do Nemesis. Com a ajuda de seu amigo John Reinholm gravaram uma fita demo com as primeiras ideias. Com exceção de "Under The Oak" que havia sido lançada em "Epicus" as faixas que fariam parte de "Tales Of Creation" ficaram arquivadas durante o período compreendido entre 1985 e as gravações de "Tales Of Creation" em 89. A intenção agora era juntar as peças do quebra-cabeça e gravar a história inteira.

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O conceito de "Tales Of Creation" começa ainda no álbum "Ancient Dreams" com a faixa "Darkness In Paradise" que fala de uma alma expulsa do Paraíso. Essa alma é enviada ao inferno na Terra e ao longo da história passa pelos reinos da morte, inferno e paraíso em busca de paz e harmonia.

Apesar de Leif Edling ter revisitado material antigo em "Tales Of Creation", de nenhuma forma o álbum representa uma simples regravação de canções descartadas. Com exceção de "Under The Oak" e "Into The Unfathomed Tower" que preservaram os arranjos presentes na fita demo, as outras faixas foram totalmente retrabalhadas e são diferentes das versões gravadas em 85, algumas delas preservando somente o título original. As faixas narradas como "The Prophecy", "Voices In The Wind" e "Dawn", são pequenos poemas que não tinham música, no álbum elas receberam uma trilha de fundo e serviram para introduzir as canções que a sucedem.

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Durante as sessões de gravação os ânimos se acirraram entre Messiah Marcolin, David Constable (empresário da banda) e Leif Edling. Enquanto Messiah Marcolin gravava seus vocais para "Under The Oak", Leif Edling e Constable estavam na sala de controle e o empresário começou a dar palpites sobre como Messiah devia cantar, enfatizando que ele devia diminuir seus vibratos e começar a cantar em um estilo mais tradicional, menos operístico, tudo isso com a aprovação de Leif Edling, o que irritou o vocalista. Constanble que era inglês começou também a corrigir a pronúncia da palavra "dawn"em "A Tale Of Creation" e foi preciso muita diplomacia da banda para apaziguar os ânimos.

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Lançado em setembro de 1989 o álbum foi bem recebido pelo público e pela crítica, embora não tenha obtido o mesmo sucesso comercial de "Ancient Dreams" e de "Nightfall". Foi lançada uma versão dupla em 2001 com o álbum original e com algumas das faixas demo gravadas em 85 e o vídeo ao vivo de "Dark Reflections" no disco bônus.

Para divulgar o álbum o Candlemass saiu em turnê pela Europa com shows no Hammersmith Odeon e por todo o continente junto com King Diamond e nos Estados Unidos junto com o Savatage. Em 1990 a banda gravou seu show em Estocolmo que deu origem a "Live", primeiro álbum ao vivo do Candlemass. O show também foi registrado em vídeo para ser lançado em VHS, mas problemas entre a banda e a companhia contratada para registrar o evento fizeram com que o vídeo só fosse lançado mais de uma década depois no DVD "Documents Of Doom".

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Ao fim da turnê a banda se reuniu para a pré-produção de Chapter VI e as rusgas entre Messiah, banda e empresário aumentaram a medida que Messiah trazia ideias para o álbum que a banda não gostava. Dave Constable então chamou Messiah para uma conversa e disse para ele mudar seu estilo operístico, que diminuísse seus vibratos e cantasse em um estilo mais tradicional, em suas palavras mais "rock n' roll", deixando claro que todos na banda concordavam com ele. Messiah disse que não mudaria seu estilo de cantar e furioso mostrou o dedo do meio ao deixar o estúdio, abandonando o Candlemass até sua volta em 2002 na turnê de reunião e no álbum branco de 2005.

A seguir as curiosidades do álbum:

Capa:

Inicialmente a ideia para a capa de "Tales of Creation" seria usar a terceira pintura da série "The Voyage Of Life", intitulada "Manhood" de Thomas Cole, mas decidiram usar uma ilustração do pintor francês do século 19 Gustave Doré. Leif encontrou a ilustração em uma antiga Bíblia de sua família e que combinava perfeitamente ao conceito do álbum. A obra intitulada "Let There Be Light" (Haja luz), retrata a passagem bíblica do livro do Gênesis, onde Deus diante da escuridão sobre a face da Terra criou a luz ao falar a frase que dá título a obra. A ilustração original não tinha a figura representando Deus no centro, que foi adicionada posteriormente a pedido da banda.

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The Prophecy:

Faixa instrumental acompanhando um texto introdutório narrado por Jim Bachman, um amigo da banda que teve que fazer uma "vaquinha" para arrecadar fundos para sua viagem à Europa e sua volta aos Estados Unidos.

Dark Reflections:

A demo original era uma faixa mais rápida com bumbos duplos de bateria e com letra diferente da versão final. Para o álbum a banda optou por um andamento mais lento. A demo original pode ser conferida no disco 2.

Voices In The Wind:

Curtíssima introdução para "Under The Oak", narrada por Jay Larssen.

Under The Oak:

A faixa teve muitas formas e versões antes de chegar na versão final gravada na fita demo ainda em 85. Foi lançada oficialmente no primeiro álbum do Candlemass, "Epicus Doomicus Metallicus" com Johan Langquist nos vocais. Em "Tales Of Creation" temos uma versão com arranjos idênticos à versão de "Epicus" mudando somente os vocais. No disco 2 temos a demo original com Leif Edling nos vocais.

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Tears:

A primeira versão se chamava "The Prophet And The Flower". Assim como as faixas "The Prophecy", "Voices In The Wind" e "Dawn", era um pequeno poema sem música. Leif então reescreveu a faixa e a transformou em uma canção completa.

Into The Unfathomed Tower

Faixa instrumental dividida em sete partes, "I. Dance Of The Fay", "II. Magic / Entering The Tower", "III. Dance Of The Fay (Reprise)", "IV. Soulsflight", "V. Towards The Unknown, "VI. Choir Of Angels" e " VII. Outside The Gates Of Heaven". Para conseguir o timbre de bateria desejado, Mats Lindfors cortou grandes pedaços da pele da parte frontal dos bumbos para colocar os microfones. Várias tentativas foram feitas mas em nenhuma delas a bateria ficou como a banda queria, obrigando Mats a editar a faixa final entre quatro tomadas que haviam sido gravadas. Na era das gravações analógicas isso significava cortar as fitas com os trechos desejados no local exato e emendá-los tomando cuidado para que não ficassem cortes na fita editada. No disco 2 temos a demo original.

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The Edge Of Heaven

A primeira versão se chamava "Guardian Angel" e Leif Edling havia esquecido de sua existência ao pesquisar as fitas em seu arquivo.

Somewhere Nowhere

O título da canção foi inspirado no filme "The Flying Deuces" da dupla conhecida no Brasil como "O Gordo e o Magro". A faixa foi tocada poucas vezes durante a turnê e durante a pré-produção Leif não lembrava que a canção existia até descobrir a fita guardada em seus arquivos. A versão demo pode ser conferida no disco 2.

Through The Infinitive Halls of Death

A versão final é muito diferente da faixa demo de 85. Na demo ela tinha um verso inteiro somente com os vocais e a bateria. Era tocada constantemente durante a turnê.

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Dawn

Jim Bachman narra a faixa. Foi adicionado bastante reverb para dar a sensação de alguém no limbo entre o Céu e o Inferno.

A Tale Of Creation

A faixa tomou muito tempo da banda no estúdio porque Messiah esqueceu sua linha vocal e levou algum tempo para que conseguisse lembrá-la. Lars Johansson também teve problemas para gravar seu solo. A versão demo é totalmente diferente da lançada no álbum e pode ser conferida no disco 2.

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Sobre Alcides S. Maia Júnior

Conheceu o rock ainda moleque através do futebol, ao escutar We Are The Champions do Queen, a partir daí foi conhecendo diversas bandas clássicas como Black Sabbath, Deep Purple, Pink Floyd, Led Zeppelin, Rainbow, Judas Priest, Iron Maiden, Candlemass, entre outras.
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