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Avenged Sevenfold: Gritando seu nome para o mundo

Resenha - City of Evil - Avenged Sevenfold

Por Hugo Alves
Postado em 27 de julho de 2012

Falar de álbuns que levaram seus respectivos autores ao estrelato pode parecer chover no molhado, mas não é. Principalmente quando se trata de bandas relativamente novas, como é o caso do AVENGED SEVENFOLD. A banda se tornou um dos maiores nomes do Metal atual, abriu shows pra bandas do naipe de METALLICA e IRON MAIDEN, perdeu seu baterista, tocou com um mestre das baquetas (MIKE PORTNOY, ex-DREAM THEATER), passou por cima de tudo o que poderia ter destruído outros com menos vontade ou garra e agora prepara seu aguardadíssimo sexto álbum de estúdio. O estopim dessa bomba sonora que alcançou a todos nós foi seu terceiro álbum de estúdio, o incrível "City of Evil" (2005).

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De cara, o disco abre com uma paulada chamada "Beast and the Harlot" (considerada por muitos como seu grande clássico), com uma introdução mais que classuda, em que a guitarra de SYNYSTER GATES soa pura maldade, com o vocal rasgado de M. SHADOWS como pano de fundo. A seguir, o clima muda para algo inacreditavelmente rápido e pesado, graças ao ritmo frenético e incansável do saudoso ex-baterista THE REV. O tema não poderia ser melhor: retirado da bíblia, fala sobre Babilônia e a queda da respectiva. Algo comum no meio Heavy Metal, às vezes até clichê. Esta, entretanto, é uma daquelas músicas que provam que muitos clichês são necessários. Destaque para o belo solo de guitarra de SYNYSTER GATES e para as guitarras gêmeas que ele e ZACKY VENGEANCE desenvolvem nesta canção, algo digno de uma dupla como DAVE MURRAY & ADRIAN SMITH (IRON MAIDEN), por exemplo. Paulada que dita o ritmo do disco quase inteiro e merece o sucesso que conquistou.

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Sem deixar a peteca cair, começa uma introdução de bateria que me remeteu a duas canções distintas: "Painkiller" (JUDAS PRIEST) e "Spread your Fire" (ANGRA), tanto pela levada da bateria sozinha como pelo ritmo. O nome desta é "Burn it Down", que permanece como uma das preferidas dos fãs. O vocal de M. SHADOWS nesta canção é predominantemente mais emocionante e melódico e menos rasgado e violento – algo que indignou boa parte dos fãs mais antigos, que apreciavam o Metalcore que a banda praticava até o segundo álbum. Por outro lado, essa mudança foi o que alavancou o grupo rumo ao chamado "mainstream", e fez com que conquistassem o mundo e continuem fazendo isso até agora. De qualquer modo, nesta canção o instrumental é mais duro, algo que contrasta com o já citado trabalho vocal, que mistura diferentes emoções: dor, tristeza, medo e, em alguns momentos, uma raiva explicitamente angustiante. Ou seja: música perfeita!

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Já "Blinded in Chains" começa com uma breve batida tribal sucedida por um trabalho de guitarras dobradas em terças maravilhoso e um baixo marcante e importantíssimo para a levada da música – aliás, há de ser destacado o trabalho de JHONNY CHRIST como baixista, pois seu som tem uma atitude que é difícil de ver e ouvir hoje em dia, por causa de bandas que parecem ter um baixista apenas para completar o time, e por causa de "pseudo-baixistas" que acreditam que aprender o que são os sete tons e os semitons seja nível avançado... O cara é bom e mostra seu poder de fogo, ditando com competência as diversas mudanças de tempo que a canção sofre, enquanto M. SHADOWS canta e berra como ninguém, demonstrando ser, sem sombra de dúvidas, um dos melhores "frontmen" da atualidade e, talvez de todos os tempos.

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Chega a hora de outra música de trabalho do álbum – e, na minha humilde opinião como músico e fã, a melhor do disco –, e seu nome é "Bat Country". O ritmo é acelerado até ser ignorante e extremamente frenético, e o vocal de M. SHADOWS é exoticamente rítmico, parecendo contribuir com baixo e bateria pelas batidas da canção. As guitarras misturam elementos típicos do Heavy Metal, como bases marcadas, palhetadas fortes e rápidas e alguns riffs mais Hard Rock complementando o trabalho vocal. A mudança no meio é um ótimo susto: fica lenta, com uma guitarra limpa e um vocal malicioso, só para voltar ao peso, os versos iniciais e um solo de guitarra fantástico, onde SYNYSTER GATES mais uma vez demonstra saber usar seu instrumento sem exageros – algo tão comum na música pesada –, abusando das alavancadas apenas porque a música pede por isso. A seguir um segundo solo, com fills de guitarras gêmeas dele e de ZACKY VENGEANCE e base marcada de fundo – outra vez, não tem como não fechar os olhos e imaginar essa parte em muita música do IRON MAIDEN. Entretanto, e apesar dessas explícitas influências, os caras não deixam por menos e sempre mostram isso com identidade, e não copiando, o que contribui para que seu som seja inconfundível e da melhor qualidade.

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A quinta canção é "Trashed and Scattered", uma verdadeira paulada na cara. Sem firulas; é bateria rápida, baixo marcado e guitarras melódicas, com o vocal inconfundivelmente agressivo de M. SHADOWS mandando ver. Outra vez JHONNY CHRIST cresce numa canção, pois nas pontes é seu baixo, e somente baixo e bateria, que aparecem e ditam as regras. A banda para quase que bruscamente e vem a sexta canção, que também é uma música de trabalho: "Seize the Day", que conta com um belo videoclipe de divulgação. A pegada é quase pop, o que de maneira alguma compromete a canção. O trabalho instrumental é predominantemente acústico, com alguns emocionantes fills de guitarra, onde é provado que muitas vezes menos é mais – poucas notas que são capazes de fazer muito marmanjo chorar, dependendo da situação em que se ouve a canção. M. SHADOWS mais uma vez se destaca, com seu vocal extremamente limpo e carregado de tristeza, o que torna a música ainda mais verdadeira e maravilhosa. Mais pro final, o clima muda, como se quem escreveu estivesse em total desespero e à beira de um ataque – só ouvindo pra entender o que isso quer dizer. Mas eu garanto: o resultado de tanto desespero é paradoxalmente divino!

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A canção "Sidewinder" começa com som de ventos seguido de um fill de guitarras gêmeas que soam como se cantassem um hino. Entra a base trabalhada no melhor estilo METALLICA da época do "...And Justice for All", mas com mais melodia, tornando o trabalho muito característico. "The Wicker End" começa dando um aperto no coração; outra batida tribal, desta vez acompanhada de um baixo pesado, introduzem a canção. Guitarras marcadas e M. SHADOWS berrando sobre assassinato e chances de sobrevivência complementam o pacote, o que torna esta uma das melhores composições da banda neste álbum. Outra relaxada com o simples, mas bonito trabalho de violões que introduz "Strength of the World", que logo é acompanhada por uma maravilhosa orquestração – e pelo menos pra nós, brasileiros, não tem como não lembrar do SHAMAN ouvindo essa pérola que, infelizmente, a banda raramente se lembrou em shows. É lógico que o peso voltaria e o que temos a seguir é uma base marcada, numa canção cheia de riffs e fills, onde a guitarra de SYNYSTER GATES parece cantar junto com seu vocalista. Posso dizer, sem medo de errar, que essa é a canção mais exótica de todo o álbum, o que pode causar certo estranhamento e até rejeição por parte de alguns, mas garanto que é outra bela canção. Vale ressaltar também os backing vocals, que lembram alguns trabalhos do ANTHRAX.

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Finalizando o álbum temos "Betrayed" e "M.I.A.". A primeira começa com uma introdução de guitarra que não se parece com quase nada que ouvi antes. É uma canção muito progressiva, pois há peso extremo no início e, do nada, as guitarras soam limpas e vocais sobrepostos ditam o sofrimento da letra da canção. É uma faixa bem "dark" e, pra quem gosta desse estilo de música, é um prato cheio. A segunda canção fecha de vez o álbum, destacando doçura no início e bases pesadas e cavalgadas, bem como marcação e o vocal de M. SHADOWS por vezes agindo sozinho. Não mantém o mesmo nível do álbum como um todo mas não deixa de ser uma boa maneira de fechar esta obra maravilhosa dos tempos atuais.

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É inegável que o AVENGED SEVENFOLD mistura diversas influências. Além do que já foi citado na resenha, eles ainda guardam lições nas escolas do PANTERA (de quem regravaram a faixa "Walk" no álbum "Diamonds in the Rough"), SLAYER e até mesmo do GUNS N’ ROSES (desculpem-me os "haters", mas aquelas vocalizações que o Shadows faz quando canta grave são totalmente baseadas no AXL ROSE dos bons tempos) – a banda chegou a tocar com SLASH a faixa "It’s so easy" em uma de suas turnês, bem como M. SHADOWS contribuiu com o guitarrista na faixa "Nothing to Say", presente no primeiro álbum solo do cabeludo. Enfim, a banda bebeu de diversas fontes e isso poderia ter gerado confusão, mas não; eles souberam filtrar tudo o que aprenderam e dosar exatamente, fazendo o que é certo na hora certa. O álbum "City of Evil" ganhou muitos prêmios e levou o nome AVENGED SEVENFOLD a um novo patamar, tornando-os nomes importantíssimos num gênero tão esquecido nos dias de hoje, o Heavy Metal. Alguns podem até não gostar da banda, mas que eles vêm desenvolvendo seu trabalho com maestria, não há como negar. E quando um álbum praticamente grita o nome do artista para o mundo, não tem como não dar ouvidos a ele.

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Tracklist do CD:

01. Beast and the Harlot
02. Burn it Down
03. Blinded in Chains
04. Bat Country
05. Trashed and Scattered
06. Seize the Day
07. Sidewinder
08. The Wicked End
09. Strength of the World
10. Betrayed
11. M.I.A.

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Sobre Hugo Alves

Hugo Alves é formado em Letras (Português and Inglês) pela UNISO - Universidade de Sorocaba e futuro mestrando em Literatura ou Semiótica. Começou a escutar Rock aos 11 anos com "Bring Me to Life" do Evanescence, mas o que o tomou para sempre para o Rock and Roll foi "Fear of the Dark" (versão ao vivo no Rock in Rio), do Iron Maiden, banda que, ao lado de The Beatles, considera como favorita, amando quase que igualmente os sons de Viper, Angra, Shaman, Andre Matos, Rush, Black Sabbath, Metallica, etc. Foi vocalista das bandas Holygator e Bad Trip, iniciantes em Sorocaba/ SP, e também toca guitarra e baixo. Outra de suas paixões é a Literatura, pela qual desenvolveu o gosto pela escrita e comunicação.
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