Samael: "Lux Mundi" é um disco bem difícil
Resenha - Lux Mundi - Samael
Por Marcos Garcia
Postado em 08 de novembro de 2011
Nota: 10
Fazer Metal e ser inovador, muitas vezes, cai no desgosto do público, uma vez que bandas respeitadas nem sempre acertam a mão na alquimia de seus avanços, e a lista de bandas consagradas que já caíram do cavalo nesse sentido não é pequena, mesmo porque para ser avant-garde é necessário saber ser sábio e reconhecer onde se deve parar para não perder a direção norteada pela própria identidade da banda, até onde a evolução irá não lhes cobrará a própria face sonora, muitas vezes adquirida com muito custo.
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O SAMAEL, de longe, é uma das bandas mais ousadas do Metal, porque desde ‘Passage’, o quarteto suíço flerta com elementos eletrônicos, mas isso ao invés de perder a identidade, eles souberam até onde ir e não perder contato com os elementos de seus trabalhos mais primordiais, que só foram mais polidos e trabalhados. Óbvio que houve vários momentos onde a banda deu esta impressão, mas acabaram retomando seu rumo e lançando trabalhos muito bons, como este ‘Lux Mundi’, seu novo CD.
No anterior, ‘Above’, a banda já mostrava que iria pegar mais pesado e menos industrial, e neste CD, parece que resolveu dar uma revisada no ‘Passage’, só que ainda menos industrial e mais Metal que neste, pois os riffs de guitarra de Vorph e Makro estão ainda mais cortantes que no CD anterior, embora os teclados estejam mais proeminentes (sem estragar em nada a banda) e a bateria esteja mais cadenciada e trabalhada, pois Xy andou fazendo o dever de casa e ambos estão fantásticos.
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A arte do CD é simples e bem feita (um trabalho de Patrick Pidoux), e a produção sonora, feita pelo próprio Xy, é de primeira linha, equilibrando cada elemento (Metal, industrial, ou o diabo que o seja) que compõe a música da banda evidente e em seus devidos lugares, sem se sobreporem, embolarem, ou atrapalharem uns aos outros.
Os destaques óbvios do CD são a ótima ‘Luxferre’, de onde foi tirado o primeiro vídeo de promoção do CD, bem pesada e agressiva nas guitarras; ‘Of War’, bem cadenciada, que graças aos teclados possui um clima um pouco sinistro; ‘Antigod’ (que foi o EP promocional que precedeu o lançamento do CD), outra faixa mais cadenciada; ‘The Shadow of the Sword’, mais rápida e um pouco mais industrial que as anteriores; ‘In the Deep’, onde o trabalho do baixista Masmiseîm é notado mais claramente e alguns corais dão um molho especial; ‘Pagan Trance’, pesada e bem feita, que apesar do nome, não tem nada com o estilo de música predominante nas raves da vida; ‘In Gold We Trust’, uma faixa de andamento bem cativante, com vocais com efeitos eletrônicos, mas sem beirar o industrial convencional; e a ótima ‘Soul Invictus’, que chega a alternar momentos sinistros, outros mais belos e outros semi-épicos. As outras também são faixas muito boas, que merecem a ouvida com extrema calma.
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Mas digo ao caro leitor: é um disco bem difícil, e que merece, em caso de torção de nariz, umas duas ouvidas, pois ele pode assustá-lo logo de cara, mas é, na opinião humilde, um dos melhores discos do ano, e espero que a banda continue assim, associando criatividade a uma personalidade bem própria.
Tracklist
01. Luxferre
02. Let My People Be!
03. Of War
04. Antigod
05. For a Thousand Years
06. The Shadow of the Sword
07. In the Deep
08. Mother Night
09. Pagan Trance
10. In Gold We Trust
11. The Truth is Marching On
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Formação
Vorph – Guitarras, vocais
Xy – Bateria eletrônica, bateria, teclados
Makro – Guitarras
Masmiseîm – Baixo
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