Jon Oliva: nítida vontade de não se prender ao passado
Resenha - Festival - Jon Oliva's Pain
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 09 de setembro de 2010
Nota: 9
Desde que o SAVATAGE encerrou as atividades em 2001, os seus dois principais músicos iniciaram novos projetos. De um lado, o ex-frontman Zachary Stevens formou o CIRCLE II CIRCLE. Do outro, o vocalista/tecladista Jon Oliva fundou o JON OLIVA’S PAIN – que chega ao seu quarto lançamento via Laser Company Records – intitulado "Festival". Embora o novo disco apresente influências marcantes da sua ex-banda, é nítida a vontade de não se prender inteiramente ao passado do SAVATAGE.
Na ativa desde 2004, o JON OLIVA’S PAIN tem uma média interessante de um disco novo a cada dois anos. Enquanto que os seus registros anteriores não obtiveram destaque e repercussão verdadeiramente positiva, "Festival" mostra qualidade suficiente para não se enquadrar aos mesmos conceitos razoáveis. Com os membros que tocaram com Zachary Stevens no CIRCLE II CIRCLE – Matt Laporte (guitarra), Tom McDine (guitarra), Kevin Rothney (baixo) e Christopher Kinder (bateria) – Oliva (vocal/teclado) recupera os tempos áureos do SAVATAGE sem abrir mão da sonoridade mais próxima do metal tradicional/progressivo atual.
As influências do passado encontradas em "Festival" são apontadas e explicadas por Jon Oliva no encarte do álbum. A faixa-título, por exemplo, recupera algumas gravações de Criss Oliva – ex-guitarrista do SAVATAGE morto em um acidente de trânsito na década de noventa – de 1979. Embora a música apresente indícios de ser uma das principais do disco, "Lies" e "Death Rides a Black Horse" – apesar do instrumental mais simplificado em ambas – são muito mais capazes de empolgar os fãs de Jon Oliva. De qualquer forma, é impossível não ouvi-las sem recordar de "Poets and Madmen" (2001), último registro do SAVATAGE – exclusivamente com Oliva nos vocais.
Com um andamento mais cadenciado, "Afterglow" ganha peso através de uma performance impecavelmente agressiva de Jon Oliva no refrão. A ótima composição – talvez a melhor de todo o álbum – faz um contraste com a tradicional e igualmente empolgante "Living on the Edge", composta pelos irmãos Oliva na mesma época em que o SAVATAGE entrava em estúdio para registrar "Gutter Ballet" (1989). Diferente dos outros trabalhos do JON OLIVA’S PAIN, "Festival" possui um repertório de qualidade muito mais homogênea e instrumentalmente mais diversificado.
O exemplo máximo dessa característica é, sem dúvida, "Looking for Nothing". A única faixa acústica do disco possui uma áurea que remete diretamente ao que THE BEATLES e LED ZEPELLIN já fizeram dentro do formato no passado. De outro lado, "The Evil Within" – mesmo que utilize novamente riffs deixados por Criss Oliva em seu espólio musical – possui uma cara bastante moderna. O instrumental extremamente pesado é o que há de mais marcante nesse que é o último destaque de "Festival", juntamente com a cadenciada "Now", que mostra toda a versatilidade de Oliva como pianista e vocalista.
Certamente, não há mais como se sentir órfão do SAVATAGE. O novo álbum do JON OLIVA’S PAIN não só trará um sorriso ao rosto dos quem sente falta da banda por trás de obras excepcionais do porte de "The Wake of Magellan" (1998), como irá evidenciará a criatividade de Oliva como compositor. "Festival" está entre os melhores discos do ano.
Track-list:
01. Lies
02. Death Rides a Black Horse
03. Festival
04. Afterglow
05. Living on the Edge
06. Looking for Nothing
07. The Evil Within
08. Winter Haven
09. I Fear You
10. Now
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