Judas Priest: porque não entregar o que os fãs esperavam?
Resenha - Nostradamus - Judas Priest
Por Ricardo Seelig
Postado em 13 de agosto de 2008
Nota: 4
Às vezes eu me pergunto o que passa na cabeça de certas bandas. Com a volta de Rob Halford em 2003, o Judas Priest estava com tudo na mão para fazer os fãs esquecerem a passagem apagada de Tim Owens pelo grupo. Mas, ao invés de fazer o que sempre fizeram e, até prova em contrário, sempre souberam, Tipton, Downing e companhia resolveram inovar.
O mediano "Angel Of Retribution" já dava a pista, mas o novo álbum, "Nostradamus", escancara de vez. Porque não entregar aquilo que os fãs estavam esperando? Seria fácil, o disco venderia horrores e a banda lotaria shows em todo o mundo. Mas não, o Judas Priest quis experimentar algo novo a essa altura de sua carreira, e o resultado foi desastroso, pra dizer o mínimo.
Pra começar, "Nostradamus" é pretencioso, chato de ouvir (com um número interminável de vinhetas entre as faixas) e pouco inspirado. As composições se arrastam por longos e dolorosos minutos, explorando um conceito pra lá de batido. Tentando soar épico, grandioso e sinfônico, o Judas Priest encheu o disco de teclados que, ao invés de somar ao arranjo das canções, puxam o material para baixo, dando ao álbum um ar ultrapassado, como se fosse um refugo mal feito de "Turbo", de 1986 (um dos meus discos preferidos do Judas, só pra constar).
No meio disso tudo, algumas músicas, não satisfeitas em serem apenas chatas, soam totalmente sem pé nem cabeça, como é o caso de "War", que tenta unir o característico metal do Judas Priest a um arranjo sinfônico que emula trilha de filmes como "Senhor dos Anéis" e derivados. O resultado? Horrível.
Outro momento constrangedor é "Death", onde a banda tenta soar climática e soturna, mas só consegue ser derivativa e decadente. É de se perguntar como nenhum dos integrantes do Judas teve senso crítico para perceber o nível risível dessa faixa.
E o trabalho segue essa linha apoteótica de churrascaria por quase toda a sua duração, em composições repletas de pretensão, supostamente grandiosas e épicas, mas totalmente sem inspiração e tesão. Enfim, um mostro sem sentido que desafia o ouvinte a chegar ao seu final.
Mas aquele que conseguir isso vai ter ao menos duas faixas que merecem uma atenção especial. "Nostradamus", a que dá nome ao trabalho, é um heavy metal vigoroso na linha do que a banda fez na época de "Painkiller", e que coloca um gostinho do que o disco poderia ter sido. Já "Future Of Making" tem um andamento cadenciado e passagens repletas de melodia, mostrando o quanto uma dose de inspiração é fundamental para uma canção, já que seus mais de oito minutos descem redondinho.
Concluindo, "Nostradamus" é um álbum muito decepcionante, um tropeço enorme na discografia do Judas Priest, um dos maiores nomes da história do heavy metal. Se a banda voltou com a sua formação clássica para gravar discos do nível desse último trabalho e do anterior, "Angel of Retribution", era melhor ter encerrado as suas atividades.
Faixas:
1. Dawn of Creation
2. Prophecy
3. Awakening
4. Revelations
5. The Four Horsemen
6. War
7. Sands of Time
8. Pestilence and Plague
9. Death
10. Peace
11. Conquest
12. Lost Love
13. Persecution
CD2
1. Solitude
2. Exiled
3. Alone
4. Shadows in the Flame
5. Visions
6. Hope
7. New Beginnings
8. Calm Before the Storm
9. Nostradamus
10. Future of Mankind
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