Cheol: força musical a ser respeitada
Resenha - Sick Sick Sick - Cheol
Por Glauco Silva
Postado em 08 de outubro de 2007
Nota: 8
É, caro leitor, do Planalto Central não vem só desgraça em forma de politicagem: o Cheol desponta de Goiânia como uma força musical a ser respeitada por todo o contexto de seu grandioso trabalho.
Esse EP, lançado em 2006 de forma independente, é uma pequena pérola de Black Metal ainda pouco conhecida: 6 faixas que, além de toda a qualidade musical, demonstra um talento inacreditável para escrever as letras, cortesia da dupla Mághor [V/G] e Nix [K]... cada uma das letras (5 delas em português) desfia poesias belíssimas e sombrias, saindo do velho chavão blasfêmia-gratuita que ainda impera no estilo.
A cadenciada "A Valsa de Eden" já abre o CD jogando na cara do ouvinte o que lhe aguarda: guitarras baseadas mais em acordes que notas seqüenciais, norteando uma balanceada cama de teclados que faz exatamente o papel correto que se espera do instrumento no Black: cria atmosferas belíssimas e etéreas, ao invés de se sobrepujar sobre os demais. Azz-Harad não se limita a marcar a música, eventualmente coloca suas 4 cordas à frente dos demais e o resultado é impressionante.
A horda já acelera o ritmo em "Hidra", a faixa mais curta, com linhas melódicas mais complexas e um belo trabalho de bumbos de Kaveira. "Diabolical And Sick" consegue elevar o nível do trabalho, mesmo com a mudança de idioma: aproveitam o clima de guerra estabelecido na última faixa e prosseguem na linha mais intensa... preste atenção no belíssimo e variado trampo das guitarras de Mághor e Ira Crist!
A próxima é, sem dúvida, minha preferida na bolachinha: "Rasga Mortalha" tem riffs e refrão que se tornam automaticamente marcantes, num andamento cadenciado de valsa. Ainda há espaço na faixa pra blastbeats e climas melancólicos, todos interligados de forma inteligente e formando um conjunto belíssimo... verdadeira obra-prima!
"Puerpério do Ódio" traz citação ao grande poeta Charles Baudelaire, enquanto a música em si investe numa pegada mais nervosa e energética. Fechando a obra, a longa bônus "Perversos Chamados da Crueldade", que já havia me chamado a atenção na coletânea "Southern Warriors Cult", resume e pontifica o trabalho da horda: vocais femininos discretos, mais Baudelaire e uma perfeito arquitetura de andamentos soturnos com harmonias de primeiríssima linha.
Grandioso este debut do Cheol, que merece toda a atenção não só pelo capricho e profissionalismo da apresentação gráfica e musical, mas - reforçando - principalmente pelo conteúdo lírico de riqueza ímpar, que eu não via há muito tempo... e diz aí, quantos você conhece que conseguem musicar Cruz e Souza? Aguardo ansiosamente um novo trabalho, e pé na estrada: seu talento e potencial para crescer é absolutamente inquestionável.
Lançamento: SubmusiK (BR), 2006.
Tempo total: 35 minutos, divididos em 6 faixas.
Websites da banda: www.cheol.com.br - www.orkut.com/Community.aspx?cmm=10589976
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