Resenha - Goatreich -Fleshcult - Belphegor
Por Nelson Endebo
Postado em 07 de julho de 2005
A banda austríaca Belphegor é um segredo muito bem guardado dentro do mundinho black metal. O quarteto pratica a tal arte negra com criatividade e sem concessões bestas à facilidade dos elementos "sinfônicos" (entre aspas mesmo) tão explorados por formações de semelhante seara. Esqueça a grandiloqüência do Cradle Of Filth e o esmero estético do Dimmu Borgir – perto deles, o Belphegor longe passa. Lembram o grande e aparentemente esquecido finado Immortal, pelo absurdo poderio metálico de seu som. Formada em 1992, só agora estão tendo a atenção devida. Dentro do folclore underground, no entanto, são cultuados pelo extremismo anticristão e sua estréia, Bloodbath in Paradise, é adorada por muito marmanjo de corpsepaint por aí. A tosqueira deslavada dos primeiros álbuns, The Last Supper (1995) e Blutsabbath (1997) foi, aos poucos, sobrepujada pela habilidade técnica dos integrantes (que, não poderia deixar de ser, assinavam com pseudônimos malvadinhos e hilários) e o enorme talento do conjunto na composição de riffs.
Goatreich-Fleshcult é a celebração da maturidade musical desse maléfico quarteto-que-já-foi-trio. É verdade que pouco acrescenta à sonoridade do anterior, o igualmente detruidor Lucifer Incestus - lançado pela Hellion por aqui -, mas, ainda assim, é um torpedo black metal de respeito. A produção de Alexander Krull (Atrocity) é o ponto radical no disco: ao mesmo tempo em que transforma potencial em realidade, tira a crueza tão adorada pelos fiéis seguidores do black metal mais tradicional. Esqueça. Não há nada como um Maniac Butcher ou o infame círculo norueguês aqui. O som é high tech, polido e com timbres inacreditáveis de guitarra e bateria. E, é claro, as composições, inspiradas no fino do metal tradicional – riffs e melodias de guitarra, sem virtuosismo estéril -, que fazem de Goatreich-Fleshcult um oásis de eficiência no meio do marasmo.
Black Metal é o principal causador de polêmicas dentro do heavy metal há tempos. Há de se peneirar as bandas pela qualidade de sua música, não de sua ideologia. O rock é livre. Se o Belphegor não é a melhor banda do mundo (e não é mesmo), perfaz, com categoria, o que há de melhor no black metal atual. Sem demagogia, sem rabo preso com gravadora. Simples assim.
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