Resenha - What Have You Got To Loose? - Mouth Of Clay
Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 16 de novembro de 2002
Nota: 9
Dias atrás estava acompanhando uma discussão numa mailing list sobre Rock Progressivo, onde, de um lado do ringue, estavam os ardorosos defensores dos anos setenta (alguns que confessadamente só adquirem algum disco se tiver sido editado até o final da década), e do outro lado os que consideram um absurdo condicionar a aquisição de um disco ao ano em que foi gravado.
Polêmicas à parte, é de consenso geral de ambos que aqueles anos foram mais que especiais para os admiradores do Progressivo, pois foi naquela época que as bandas do estilo se consolidaram e produziram obras que servem até hoje (e com certeza vão servir para sempre) de referência ao gênero.
(Claro que este consenso irá variar conforme o gosto do freguês, pois com certeza o pessoal chegado ao Rockabilly irá cultuar os anos cinqüenta, a galera do Metal os anos oitenta, e assim por diante).
Tal qual o Progressivo, outros gêneros dentro do Rock também produziram seus melhores e mais marcantes trabalhos naqueles anos, que são considerados por alguns como "mágicos", pois, se não todas, a maioria das bandas/artistas da época parece que traziam uma aura mística, esplendorosa, vibrante, contagiante...
(ihhh... exagerei, por favor desculpem a empolgação, mas sou assumidamente apaixonado pelos seventies, a ponto de produzir uma coluna sobre as bandas 'pesadas' da época, chamada "HARDÃO SETENTISTA"...)
Mas não sou só e meia dúzia de malucos que cultua aqueles anos: há grupos atuais que se dedicam a revisitar a sonoridade daqueles tempos, tais como o GOV'T MULE, o STORM AT SUNRISE, o ABRAMIS BRAMA, FIVE FIFTEEN e outras, muitas editadas pela gravadora Record Runner, da Suécia, país onde parece haver uma certa concentração de bandas "setentistas".
E o MOUTH OF CLAY é mais um vindo daqueles lados, que se dedica tanto a recriar a "atmosfera" da época, que até suas gravações são um tanto quanto abafadas, parecendo realmente que estamos ouvindo alguma raridade perdida daqueles anos.
Formado no final de 2000, o grupo é composto por quatro músicos com faixa etária por volta dos trinta anos, naturalmente entusiastas de coisas como LED ZEPPELIN, URIAH HEEP, DEEP PURPLE, ROBIN TROWER e seus conterrâneos do NOVEMBER, além de outras preciosidades da época.
Se formos estabelecer algum parâmetro de comparação, podemos dizer que este álbum soa como uma mistura do primeiro disco de estúdio do SOUNDGARDEN e do GOV'T MULE, porém trazendo uma pegada ainda mais setentista, resultado talvez da qualidade sonora.
Por outro lado, há bastante uso e abuso de Wah-Wah, e principalmente do velho e bom Hammond em faixas como "Hear The Coming", "Burned", que nos remete diretamente aos trabalhos do URIAH HEEP e do DEEP PURPLE no início dos anos setenta, além de umas pequenas faixas com um certo "suíngue", característico de bandas de "Rock Sulista" americano (mas não como o LYNYRD SKYNYRD, e sim como o MOLLY HATCHET).
Impossível deixar de destacar o maravilhoso vocal de Jocke Eriksson, que lembra um pouco o de Dave Tice (BUFFALO), por sinal um dos temas da minha já citada coluna...
(Bão... desnecessário comentar que este disco é recomendado somente para quem gosta disto tudo descrito acima, né?) :oP
Faixas:
Made of lead
Cutting my loss
Hear the coming
Burned
Perfect world
With your bones
Overflow
An eye in each corner
Morning flight
Rush
Eleven seas
Total Time - 60:38
Formação:
Hawkan Englund (guitar)
Jugge Lindhult (bass)
Olle Frödin (drums)
Jocke Eriksson (vocals)
John Lindholm (participação especial nos "Hammonds")
Site oficial - www.mouthofclay.com.
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