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Uns e Outros: há mais de 30 anos nas trincheiras do rock'n roll

Por Alek Honse
Fonte: Alek Honse
Postado em 11 de abril de 2020

Quando Marcelo Hayena e Nilo Nunes decidiram formar uma banda de rock nos idos de 1983 suas pretensões eram modestas, eram muito garotos ainda: serem convidados para festas, tomar cerveja de graça e conquistar as meninas. O sonho de ser um roqueiro era limitado ao subúrbio em que viviam no Rio de Janeiro. Até que em 1986 participaram do festival Banda contra Banda e ficaram em segundo lugar defendendo a Canção Dois Gumes. As doze primeiras bandas teriam suas músicas lançadas em uma coletânea. A música começou a tocar nas rádios agradando a crítica, o público e chamou a atenção das gravadoras. O horizonte se ampliara e o subúrbio ficara pequeno para o Uns e Outros.

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O que Marcelo e Nilo não sabiam naquele momento era, que o que era difícil até ali, só viria a piorar dali pra frente. Estar no mercado era uma guerra e eles teriam que se preparar para a luta e garantir um lugar ao sol.

Estavam no campo de batalha diariamente e tinham de se esquivar – e às vezes, revidar – dos tiros dados pela imprensa especializada em causar intrigas, pelos críticos musicais com sua pena implacável quando não tinham seus egos massageados pelos artistas, eram hostilizados – pasmem! – até por fãs de outras bandas, numa guerra sem limites. E ainda havia a gravadora. Grande mecenas dos artistas em início de carreira, produziam, bancavam os custos, pagavam para ter a banda sob contrato e colocavam o artista no topo, mas também, de uma hora para outra jogavam os artistas nas trincheiras do ostracismo, bastava para isso um discussão entre o artista e algum peixe grande da gravadora. Artistas que estavam com música tocando no país inteiro, de repente se viam na geladeira, o disco deixava de ser trabalhado, outro artista ocupava seu lugar. Para esses a guerra estava perdida.

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O Uns e Outros começou a entender como essa guerra era travada e com isso aprendeu a sobreviver. Sabiam exatamente a hora de se proteger das rajadas de balas provenientes das intrigas, das críticas injustas ou dos franco atiradores invejosos de plantão. Também aprenderam a esperar o momento certo de por a cara fora das trincheiras e munidos de suas armas: guitarra, baixo, bateria, teclado e o microfone, atirar de volta os petardos de sua indignação, de sua revolta com o status quo, seu incorformismo com as injustiças sociais e sua sede de mudança com os rumos da política, causa dos maiores males desse país.

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E aprenderam a esperar. Sabiam que se dessem a cara a tapas e saíssem em campo aberto, perderiam a guerra. E isso eles não queriam. São soldados, aprenderam as estratégias e mesmo mais de trinta anos depois, continuam na batalha. A banda mudou de formação algumas vezes, mas a dupla Hayena/Nunes não sucumbiu. Continuaram a travar a luta desigual dos que ousam ser autênticos. Viram os disco de vinil perder lugar para os CD’s e esses para o streaming. Não desistiram. Viram as gravadoras fechar as portas e acompanharam o mercado. Hoje estão nas plataformas digitais, estão nas redes sociais. E continuam antenados para se manter vivos nessa guerra.

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São soldados da música. Da boa música. Viram o rock cair em desgraça e perder espaço para o pagode, depois para o sertanejo, mais a frente para o axé e agora o funk. Não o funk maravilhoso de Tim Maia, de James Brown, mas o funk rastaquera proibidão. Não, eles não tem nada contra isso. Nem a favor. Cada um tem seu espaço e a guerra por audiência e capas de revista é de todos. Não deles. Continuam lutando para um país melhor, com mais educação, mais saúde e mais honestidade. Utópicos? Sim, com certeza, mas não se dão por vencidos. Essa guerra está longe de acabar. Enquanto os dedos de Nilo puderem deslizar sobre as cordas de sua guitarra, enquanto Gueu conseguir armar seu baixo com linhas primorosas, enquanto Bruno Baiano preparar a artilharia de sua bateria e a voz cada vez melhor de Marcelo estiver sibilando o espírito de luta, a batalha não estará perdida. Ainda que a mediocridade musical impere, ainda que produtores não entendam o que está sendo proposto, ainda que o mercado se feche, o Uns e Outros sabe que onde houver um jovem disposto a presenciar um bombardeio de boas Canções, eles ainda terão com o que contribuir.

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Persistência, coragem, tesão e alegria. São palavras que podem definir essa que é sem dúvida alguma, uma das maiores bandas de rock do Brasil de todos os tempos.

Observando a capacidade da banda de se reinventar, a energia contagiante com que seus integrantes sobem ao palco, a vibração do público em cada show é fácil concluir que o horizonte deles ainda está se ampliando, o campo de batalha continua inóspito, mas eles não conhecem a palavra desistir.

Para o bem do rock, da boa música eles persistem. Nilo e Hayena são sobreviventes de um mundo que já não mais existe, mas aprenderam a se defender e atacar em qualquer terreno. A guerra para eles, só está começando.

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Alek Honse - jornalista

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