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Martin Birch: o produtor que moldou o som do Deep Purple e do Iron Maiden

Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 22 de fevereiro de 2016

Poucos produtores tiveram um impacto tão profundo no desenvolvimento da sonoridade do hard rock e do heavy metal como o inglês Martin Birch. Seu currículo inclui álbuns clássicos de ícones como Deep Purple, Wishbone Ash, Rainbow, Whitesnake, Black Sabbath, Blue Öyster Cult e Iron Maiden, entre outros, discos esses que possuem o status de clássicos inquestionáveis e até hoje são referências.

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O início da carreira de Martin Birch se deu através de trabalhos como engenheiro de som. Respeitado e admirado pelos resultados alcançados em discos como "Beck-Ola" (1969, Jeff Beck), "Then Play On" (1969, Fleetwood Mac), "Long Player" (1971, Faces) e "Argus" (1972, Wishbone Ash), Birch deu o passo seguinte assumindo o posto de produtor em uma rica e frutífera parceria com um dos maiores nomes da história do hard rock, o Deep Purple.

Martin já havia trabalhado com o Purple antes, como engenheiro de som dos LPs "Concerto for Group and Orchestra" (1969), "In Rock" (1970) e "Fireball" (1971). A estreia como produtor foi em grande estilo, assinando a produção de "Machine Head" (1972), um dos maiores clássicos da história do hard. Com um som cristalino, claro e límpido, o álbum elevou o Deep Purple ao topo e até hoje é a porta de entrada para quem quer dar os primeiros passos pelo universo do grupo. Ambos, Purple e Birch, marcariam de vez seus nomes na história com o ao vivo "Made in Japan", lançado também em 1972 e que conquistou corações e mentes de maneira definitiva. A dobradinha com o Deep Purple rendeu ainda outros grandes discos como "Who Do We Think We Are" (1973, apenas como engenheiro de som), "Burn" (1974, também apenas como engenheiro), "Stormbringer" (1974), "Come Taste the Band" (1975), "Made in Europe" (1976) e "Last Concert in Japan" (1977).

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Já uma espécie de integrante fixo da família Purple, Martin foi escolhido por Ritchie Blackmore para assinar os álbuns do Rainbow quando o guitarrista deixou a banda. Na nova empreitada do homem de preto, Birch manteve a limpeza característica do som do Purple, porém tornando-a mais áspera e pesada. A forma como captou o som da bateria de Cozy Powell em clássicos como "Rising" (1976) e "Long Live Rock ‘n’ Roll" (1978), fazendo o instrumento soar pesado, profundo e praticamente presente na sala do ouvinte, encontra parâmetro apenas na maneira com que Jimmy Page gravou e transpôs para os discos do Led Zeppelin a força da natureza que era John Bonham. Com o Rainbow, foi o responsável também pela produção de "Ritchie Blackmore’s Rainbow" (1975), "On Stage" (1977) e "Finyl Vinyl" (1986).

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Ainda mantendo-se na área de abrangência púrpura, Birch relacionou-se profissionalmente durante muitos anos com David Coverdade. Os nove primeiros álbuns do Whitesnake foram produzidos por ele e apresentam um som mais grave e profundo, em uma sonoridade ideal para que as influências de blues e soul da primeira parte da carreira da banda aflorassem em toda a sua plenitude. Para a cobra branca, Birch produziu os discos "Snakebite" (1978), "Trouble" (1978), "Live at Hammersmith" (1978), "Lovehunter" (1979), "Ready an’ Willing" (1980), "Live ... in the Heart of the City" (1980), "Come and Get It" (1981), "Saints & Sinners" (1982) e "Slide It In" (1984). A parceria só teve fim quando Coverdale decidiu mudar a sonoridade do Whitesnake, deixando de lado suas raízes e apostando em um hard feito sob medida para conquistar o mercado norte-americano.

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Mas Birch não ficaria sem trabalho com a decisão de David. Desde 1981, o produtor inglês estava ao lado de uma das bandas mais influentes e populares do metal britânico: o Iron Maiden. A parceria, iniciada no segundo disco do grupo, "Killers", foi fundamental para tornar o Maiden um dos maiores nomes do rock durante a década de 1980. Sem sombra de dúvida, o trabalho de Birch com Steve Harris e companhia está no mesmo patamar de importância e influência que a sua parceria com o Deep Purple. O som que Martin produziu para o Maiden, metálico, cortante e com o baixo de Harris acima de todos os instrumentos, se tornou uma das marcas registradas do heavy metal. Para a banda, assinou os álbuns "Killers" (1981), "The Number of the Beast" (1982), "Piece of Mind" (1983), "Powerslave" (1984), "Live After Death" (1985), "Somewhere in Time" (1986), "Seventh Son of a Seventh Son" (1988), "No Prayer for the Dying" (1990) e "Fear of the Dark" (1992). O fim da relação de Martin com o Iron Maiden coincidiu com a saída do vocalista Bruce Dickinson do grupo, marcando o fim de uma era.

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Além destas bandas, Martin produziu diversos discos marcantes para outros artistas. Entre os principais estão "Heaven and Hell" (1980, Black Sabbath), "Mob Rules" (1981, Black Sabbath), "Cultösaurus Erectus" (1980, Blue Öyster Cult), "Fire of Unknown Origin" (1981, Blue Öyster Cult) e "Assault Attack" (1982, Michael Schenker Group).

Birch se aposentou em 1992 e seu último trabalho foi "Fear of the Dark", do Iron Maiden. Atualmente com 67 anos, Martin vive no interior da Inglaterra, onde goza o merecido descanso após moldar e influenciar profundamente o hard rock e o metal com suas produções antológicas.

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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