Bandas de Heavy Metal esquecidas (ou desconhecidas) do público brasileiro
Por Arysson Lima
Postado em 20 de novembro de 2015
Fãs de metal possuem infinitas opções de escolha, caso estejam entediados com o som de uma determinada banda. Dentro do gênero musical que tanto apreciam, existe uma infinidade de vertentes, e cada qual com bandas de qualidade ímpar, com diferentes propostas, seja na parte instrumental, seja na temática lírica que abordam. Mas é claro, existem aqueles que possuem um amor especial pelo metal tradicional, aquele que deu origem, moldou e estabeleceu clichês para todos os outros subgêneros que viriam a surgir. Claro que, refletindo a partir desse breve conceito, bandas respeitáveis e importantes como Judas Priest, Iron Maiden, Black Sabbath ou Saxon são as primeiras que vêm à mente da maioria, naturalmente, pois são, inegavelmente, as bandas de maior repercussão do âmbito aqui no Brasil. Mas existem outras bandas que, mesmo que praticamente anônimas atualmente, contribuíram e mantiveram a chama do Metal acesa em alguma parte de suas carreiras, e essa contribuição chegou aos ouvidos de alguns bangers brasileiros. E o propósito dessa matéria é justamente apresentá-las aos metalheads que ainda as desconhecem, e, se as conhecem, ao menos, incentivá-los a escutá-las novamente, com um interesse revigorado, acompanhando as pequenas resenhas dos álbuns citados abaixo.
PICTURE – ETERNAL DARK - 1983
Eternal Dark é o terceiro álbum da banda holandesa Picture, uma das primeiras bandas de Metal do país, e é uma obra fantástica do início ao fim. Com linhas de composição bem próximas a de bandas como Angel Witch e Accept, temos um álbum sólido, bem produzido e com influências fortes de Rock N’ Roll dos anos 70, com muita ênfase nas guitarras e no vocal ora agressivo, ora melódico de Pete Lovell em diversas passagens. O álbum possuiu uma versão nacional na época do seu lançamento, e isso tornou a banda um tanto conhecida pelo público brasileiro, mas com o passar do tempo, o número de ouvintes do Picture em terras tupiniquins foi se tornando cada vez mais reservado.
Músicas chave: Eternal Dark, The Blade, Tell No Lies, Griffons Guard The World.
PILEDRIVER - METAL INQUISITION – 1985
Piledriver é uma banda canadense de Heavy/Speed Metal, talvez uma das bandas mais agressivas surgidas no início dos anos 80. Metal Inquisition é o debut, lançado em 1985, e o grupo mostrou não estar afim de brincadeirinhas. As letras possuem temas como violência, satanismo, sexismo, etc. Letras perturbadoras, sádicas e perversas, de dar inveja a qualquer banda de Death Metal por aí, e um instrumental muito bem trabalhado, um timbre de guitarra semelhante ao barulho de uma motosserra. O Piledriver ganhou status de grupo Cult no Brasil, sendo um tanto difícil encontrar camisas, vinis ou CDs deles a venda, mas ainda assim, existe uma pequena, porém fiel, base de seguidores da banda por aqui.
Músicas chave: Sex With Satan, Sodomize The Dead, Metal Inquisition.
SORTILÈGE – MÉTAMORPHOSE – 1984
Essa é uma daquelas bandas que poderiam, ou melhor, deveriam ser mais conhecidas pelo público, não só brasileiro, mas do mundo todo. O Sortilège foi uma das bandas pioneiras do Metal francês, e Métamorphose foi o primeiro álbum lançado por eles. Trata-se de uma magnífica sequência de grandes músicas do mais puro Metal. O senso de melodia, agressividade e progressividade que cada uma das músicas apresenta é de espantar; as linhas vocais são de um bom gosto exemplar, com letras simples de serem cantadas e ao mesmo tempo empolgantes, com tons altíssimos em algumas passagens. Não à toa, eram sempre citados por Chuck Schuldiner (DEATH, CONTROL DENIED, VOODOOCULT) como sua banda favorita. O álbum apresenta versões em francês e em inglês, e embora a mencionada aqui na matéria seja a segunda, é mais que recomendado que o escutem também no idioma original. A banda, infelizmente, encerrou suas atividades em 1986.
Músicas Chave: Alien, Majesty, Cyclopes Of The Lake, Delirium Of a Madman.
TAROT – SPELL OF IRON - 1986
Talvez o Tarot tenha um nome mais conhecido entre os fãs de metal brasileiros que as outras bandas citadas aqui nessa lista, mas, sem sombra de dúvidas, não é somente pela qualidade inegável de seus álbuns, mas sim porque Marco Hietala (baixo/vocal) também integra o Nightwish, uma das mais bem sucedidas bandas de Metal em termos comerciais, bastante popular em toda a América Latina. Mas não pense que o som entre as bandas é semelhante – até mesmo a forma de cantar de Hietala aqui é diferente. Spell Of Iron é um marco do Metal finlandês, e da arte da capa às músicas, o ouvinte é levado a um universo diferente, comandado pelas sonoridades ríspidas (e ao mesmo tempo tão perspicazes) que a banda conseguiu criar. Os riffs e solos são destaque absoluto. As influências da NWOBHM estão presentes em todos os momentos e a particularidade mais notável são os vocais graves de Hietala, muito bem impostados e que dão um rosto ainda mais obscuro às composições.
Músicas Chave: Dancing On The Wire, Midwinter Nights, Never Forever.
ARMORED SAINT – MARCH OF THE SAINT – 1984
Eis aqui uma banda que teve constantes irregularidades em toda a sua carreira, mas que mesmo aos trancos e barrancos ainda conseguiu lançar álbuns relevantes. O Armored Saint é uma banda de Metal oriunda de Los Angeles, e o som de March Of The Saint é puríssimo. A figura de John Bush, vocalista, se tornou conhecida em decorrência a sua entrada no Anthrax, mas isso não ajudou e nem divulgou o Armored Saint. Mas, voltando a falar do álbum, um dos grandes destaques é a sonoridade cristalina das guitarras, os riffs não ficam abafados em meio aos graves produzidos pela bateria e pelo contrabaixo e isso fortaleceu e muito no resultado final das músicas. O vocal de John Bush alterna facilmente entre o agudo e o grave, mostrando uma boa influência de Ian Gillan e Paul Rodgers, e um álbum com todos esses méritos merece, no mínimo, uma atenciosa audição por parte daqueles que apreciam Heavy Metal.
Músicas chave: Can U Deliver, Take a Turn, March Of The Saint, Mutiny On The World.
BARON ROJO – VOLUMEN BRUTAL – 1982
O Baron Rojo é uma banda espanhola que deu seu primeiro pontapé rumo ao sucesso no início dos anos 80, abrindo até para o Iron Maiden, mas por algum motivo, não conseguiram seguir adiante. Volumen Brutal é talvez o álbum de maior força dentro da discografia deles e é apaixonante desde a primeira audição. O maior destaque são as letras, todas escritas em bom castelhano (embora também tenham as traduzido para inglês), e com uma sonoridade bastante refinada, ou seja, vocais bastante agressivos e um instrumental muitíssimo pomposo. O álbum foi produzido no Kingsay Studios, pertencente a Ian Gillan, e Bruce Dickinson os ajudou na tradução de algumas músicas para o inglês. A banda continua na ativa até hoje, ainda lançando álbuns, e mostrando que, mesmo sem reconhecimento, a paixão pelo Metal é o que os move.
Músicas Chave: Resistire, Los rockeros van al infierno, Las flores del mal.
Sugestões de bandas que não possuem tanto reconhecimento em terras pátrias? Comentem a vontade.
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