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Triumph: o Segundo Maior Power-Trio do Rock Canadense

Por Doctor Robert
Postado em 02 de julho de 2014

Responda rápido: quando alguém lhe pede para citar uma "banda de rock canadense", qual o primeiro nome que lhe vem à mente? E se a pergunta for mais restrita, perguntando sobre um trio canadense? A resposta quase que unânime para ambas deve ser "Rush", por ser o nome mais popular do rock canadense mundo afora (talvez alguns metalheads até citem o Anvil...). Mas, será que alguém se lembraria do Triumph?

Talvez a maior maldição na carreira do Triumph seja justamente isso: ser eternamente comparado ao Rush. Sim, as semelhanças existem sem dúvida – ambas são um Power Trio do Canadá, mais especificamente de Toronto, cuja sonoridade apresenta elementos de rock progressivo; ambas possuem um baixista que toca teclados e um vocalista que canta em tons altíssimos... Talvez por isso, tanto os fãs mais radicais de Geddy Lee e companhia quanto os seus detratores desdenhem o Triumph, como se este fosse apenas um mero clone dos filhos mais famosos do rock canadense. Baita injustiça, pois além dos estilos serem bem diferentes, tal atitude menospreza o talento da banda aqui focada...

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O Triumph foi formado em 1975, quando o baterista Gil Moore e o baixista Mike Levine assistiram a uma performance de uma banda local chamada ACT III, da qual fazia parte o guitarrista Rick Emmett. Impressionados com o que viram, passam a assediar o virtuoso músico. Após uma Jam e acertados alguns detalhes financeiros e musicais (Moore e Emmett dividiriam os vocais principais, Levine assumiria os teclados), os três não demoraram em se unir, conseguindo seu primeiro show remunerado ainda em setembro daquele ano. No ano seguinte, são contratados pelo selo canadense Attic e lançam seu primeiro álbum, que levava apenas o nome da banda (relançado posteriormente com o nome de "In The Beggining"). A estreia pra lá de promissora trazia ótimas composições, com destaque para o hard rock de "Street Fighter" e a progressiva "Blinding Light Show", que continha em seu miolo um belo solo de violão erudito, denominado "Moonchild". Curiosidade: o nome de Rick foi grafado erroneamente como Rik, e desde então este passou a adotar esta alcunha, sem a letra "C".

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Em 1977 conseguem contrato com uma gravadora maior, a RCA, que passaria a distribuir seus álbuns no exterior. Seu segundo álbum, "Rock and Roll Machine", foi lançado em duas versões: uma no Canadá, pela gravadora Attic (que continuava os representando por lá), contendo somente com gravações inéditas, e outra nos EUA e exterior, onde foi feita uma mescla destas novas composições com faixas do primeiro trabalho, além de uma capa diferente – em ambas as versões, os grandes destaques ficam para "Bringing It On Home" e para a faixa título, além de uma ótima cover de "Rocky Mountain Way", de Joe Walsh. Grande sucesso na América do Norte (principalmente no Texas), conseguindo até disco de platina, o disco elevou o status do trio, que passou a fazer turnês constantes, chegando inclusive a ser atração principal de alguns festivais, como o Canada Jam, em 1978.

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O terceiro disco, chamado "Just A Game" (1979), já demonstrava certas mudanças e mais sofisticações nas composições, sem abandonar totalmente as influências progressivas, mas pendendo para o estilo AOR que se popularizava cada vez mais, trazendo o Triumph para as rádios rock. As faixas "Hold On" e "Lay It On The Line" ficando entre as Top 40 nos EUA e chegaram inclusive ao primeiro lugar em várias estações de rádio do país, garantindo mais um disco de ouro ao trio. Mas o melhor ainda estava por vir na década seguinte.

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O ano de 1981 trouxe mais uma coincidência com o Rush para a história do Triumph. Ao mesmo tempo em que Lee, Lifeson e Peart lançavam aquele que para muitos é até hoje o seu melhor trabalho ("Moving Pictures"), Emmett, Levine e Moore naquele ano traziam à luz o aclamado "Allied Forces", onde o trio condensava todas as suas melhores influências e ideias originais para produzir um álbum excepcional. A singela "Magic Power", a ótima "Fight The Good Fight" e a épica "Ordinary Man" são os grandes destaques, sem falar na enérgica faixa título. Resultado: mais de um milhão de discos vendidos apenas nos EUA (chegando ao número 23 da Billboard), além de uma grande turnê como headliners, de onde o show de Cleveland foi transmitido ao vivo pelo legendário programa de rádio "King Biscuit Flower Hour" (e posteriormente lançado em CD).

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Em 1983 o Triumph lançou "Never Surrender", trazendo algumas letras de cunho crítico à política da época. Foi o período onde começavam os atritos internos do trio bem como destes com a gravadora RCA, principalmente pela divulgação fraca de seus discos. Tal discórdia os levou a romper seu contrato e assinar com a quase xará MCA, que assumiu os valores da quebra contratual, além de relançar todo o catálogo da banda. A turnê daquele ano contou com uma apresentação no famoso "US Festival", na mesma noite em que se apresentaram Quiet Riot, Mötley Crüe, Ozzy Osbourne, Judas Priest, Scorpions e Van Halen – o trio aproveitou as filmagens e lançou o show em VHS e, posteriormente, em DVD.

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1984 viu o lançamento de "Thunder Seven" diretamente em CD, uma manobra arriscada para a época, já que o formato (então muito caro) ainda não era acessível à grande maioria do público. Emmett continuou a se aprofundar em letras mais sérias, e os singles "Spellbound" e "Follow Your Heart" conseguiram algum êxito, mas as vendagens ficaram bem aquém do esperado, o que levou a gravadora a rapidamente lançar o álbum também em LP e cassete.

Tentando se reerguer, gravadora e grupo resolvem adotar a estratégia de lançar um disco ao vivo, e em 1985 é colocado no mercado o excelente "Stages", contendo gravações retiradas das últimas três turnês do Triumph, além de duas faixas inéditas de estúdio ("Mind Games" e "Empty Inside") – a versão em LP ainda continha "Allied Forces" e um solo de bateria de Gil Moore, que ficaram de fora da versão em CD. Para quem não conhece o trabalho do trio, é uma excelente carta de apresentação, pinçando momentos diversos de sua carreira. E para os fãs, um item obrigatório.

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Em uma tentativa desesperada diante da pressão de trazer retorno lucrativo à gravadora que tanto os apoiava, o Triumph lança "The Sports Of Kings" em 1986, com uma sonoridade mais comercial e acessível, abraçando o AOR de vez com muita ênfase nos teclados e sintetizadores. "Somebody’s Out There", escrita de última hora para entrar no álbum, foi escolhida como single e obteve um bom êxito nas rádios e na MTV. Já "Tears In The Rain", escolhida para segunda faixa de trabalho, não obteve o mesmo sucesso. Para a turnê, o Triumph adiciona Rick Santers como músico de apoio nas guitarras e teclados e, ainda em 1986, excursionam junto a Yngwie Malmsteen nos EUA.

Insatisfeitos com os rumos tomados em sua sonoridade, o Triumph tenta uma volta às origens em "Surveillance", época em que a banda estava se rachando internamente, com a cozinha Gil Moore e Mike Levine querendo apostar numa levada hard blues setentista, enquanto que Rik Emmett buscava ampliar seus horizontes musicais calcado fortemente no rock progressivo. "Headed For Nowhere" e "All the King’s Horses" traziam a participação especial do guitarrista Steve Morse (à época, tocando com o Kansas), e talvez sejam os maiores destaques de um disco irregular, marcado pelas turbulências internas que culminaram com a saída de Emmett em 1988, para se dedicar a uma carreira solo "não tão popular, mas mais honesta", segundo suas palavras. Como ainda deviam um álbum contratualmente para a gravadora MCA, foi lançada a coletânea "Classics" em 1989.

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Abalados pela saída de seu frontman, Moore e Levine dão um tempo nas atividades da banda e apenas em 1992 decidem voltar, recrutando Phil X (hoje mais conhecido como "estepe" de Richie Sambora no Bon Jovi) para a vaga de Emmett nas guitarras – Gil Moore assumiria os vocais em definitivo. "Edge Of Excess", de 1993, foi o último álbum de estúdio lançado pelo Triumph, que encerrou suas atividades no mesmo ano, logo após sua nova gravadora (Victory) fechar as portas. Um triste e amargo fim para um grupo extremamente subestimado e que ainda poderia render muitos bons frutos.

Gil Moore passou então a se dedicar exclusivamente ao seu estúdio de gravação, chamado Metalworks, onde já gravaram artistas como Guns N’ Roses, Aerosmith, Katy Perry, Black Eyed Peas, Jonas Brothers e outros. Ele fundou também o Metalworks Institute, que dá cursos de Produção de Áudio, Produção de Som para Palco, Administração de Negócios em Entretenimento e Tecnologia e Performance Musicais. Não se sabe muito sobre Mike Levine no período, e Emmett continuou trabalhando em sua carreira solo e, posteriormente, no duo Strung-Out Troubadours, junto a Dave Dunlop.

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Em 2007, os membros originais do Triumph se reuniram para a indução ao Hall da Fama da Indústria Musical Canadense, e em 2008, novamente para a indução ao Hall da Fama da Música Canadense. Foram as primeiras vezes em que Rik Emmett se encontrava com seus ex-parceiros, que finalmente voltaram aos palcos na Suécia, retorno este registrado no DVD chamado "Live at Sweden Rock Festival", gravado no festival de mesmo nome em 2008, pela Frontiers Records. Ficou a promessa de novos shows a serem realizados esporadicamente, mas nada de inédito foi lançado pela banda, restando a expectativa dos fãs de um retorno "pra valer".

Para quem não conhece, vale a pena correr atrás e descobrir uma daquelas bandas que tinha tudo para ser grande, mas acabam ficando pelo caminho...

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Sobre Doctor Robert

Conheceu o rock and roll ao ouvir pela primeira vez Bohemian Rhapsody, lá pelos idos de 1981/82, quando ainda pegava os discos de suas irmãs para ouvir escondido em uma vitrolinha monofônica azul. Quando o Kiss veio ao Brasil em 1983, queria ser Gene Simmons e, algum depois, ao ver o clipe de Jump na TV, queria ser Eddie Van Halen. Hoje é apenas um bom fã de rock, que ouve qualquer coisa que se encaixe entre Beatles e Sepultura, ama sua esposa e juntos têm um cãozinho chamado Bono.
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