Saída de Emergência
Por Israel Mauricio de Moraes Nicoletti
Fonte: site saída de emergência
Postado em 19 de junho de 2011
Ah, se todo trabalho fosse tão prazeroso – ao menos para um fã e estudioso de rock brasileiro – quanto divulgar O Importante É O Principal, segundo disco da banda paulistana Saída de Emergência, que está completando oito anos de rock simples, descompromissado e dançante, daquele que soava antigo em 1975 enquanto soa novo em 2010 e vai soar atemporal daqui a muito mais tempo.
O Saída mantém a mesma formação, com Dino Chaves (guitarra e vocal), Lelo Carvalho (contrabaixo) e Lok’s Rasmussen (bateria – "o único americano da banda", como Dino faz questão de afirmar, já que ele é paulista de Americana); a única mudança é a entrada de um quarto integrante, Danilo Godoy (guitarra), que estréia neste disco. No começo Dino se orgulhava do Saída como um trio: "Pra tocar rock and roll já está bom". Mas, nada radical, o grupo admitia nos shows um quarto integrante e segundo guitarrista convidado, e agora chamou Danilo para se efetivar como quarteto; conforme resume o baterista Lok’s, "geralmente de quatro é mais legal" – e ele não perde tempo em acrescentar: "com todo o respeito".
Falamos sobre o rock do Saída ser simples, direto e despretensioso. Mas isso não impede que suas composições tenham o glacê de letras que procuram passar alguma mensagem, evitando falar apenas sobre dançar, beber, namorar ou coisa alguma. Alguns exemplos das 13 faixas deste CD são "Encabrestados F. C.", "Eu Não Sou Marginal", "Garoto Juca", "Lixo Comercial" e "Bem Acompanhado".
"Encabrestados" fala dos poucos que vivem de iludir muitos, "encabrestados na religião e encabrestados na política". "Eu Não Sou Marginal" é sobre um episódio real em que Marinho foi confundido com um marginal no centro de Sampa ("eu sou do bem e não do mal"); se parece familiar, é uma regravação bem-vinda do disco anterior. "Lixo Comercial" é uma esculhambação bem humorada com o pop mais apelativo, caprichadamente produzido e, bem, comercial: "Eu quero a porcaria, a lama, a sujeira, negócio seboso, um, dois e vamos lá", comenta Dino. E "Bem Acompanhado" fala de como encarar as dificuldades preferindo a solidão às más companhias: "Eu estou só, mas muito bem acompanhado/é muito melhor ter a verdade do que a falsidade".
Não podemos esquecer de mencionar o produtor do disco, Petch Calasans. Este nome também soa familiar? É o mesmo que trabalhou em outras pérolas do rock brazuca como A Panela do Diabo.
Apenas dois discos em oito anos é pouco? Por outro lado, valeu a pena esperar, e dá para ir ouvindo e dançando enquanto não chega o seguinte. E para a banda este seu segundo CD é como se fosse o primeiro, mais bem distribuído e divulgado que o anterior, embora ainda independente (por enquanto!) e sempre honesto, sem preocupação de seguir modas, movimentos, nostalgias ("de que adianta viver de passado?", diz "Lixo Comercial") ou novos estilos – e realmente soando único num tempo em que o rock está com menos espaço por aí. Enfim, "O importante é o principal" – e o principal para o Saída de Emergência é o velho e bom rock and roll. E se divulgar trabalhos como este já é um prazer, imagine ouvir – e agora é com vocês.
Por Ayrton Mugnaini Jr.
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