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Obituário: Captain Beefheart (Don Van Vliet), 1941-2010

Por Daniel Faria
Fonte: BBC News
Postado em 19 de dezembro de 2010

Captain Beefheart - sempre imprevisível

Com uma voz grave rosnante, que uivava e gritava à maneira de um de seus primeiros heróis, o bluesman Howlin' Wolf, Captain Beefheart tornou-se em uma figura grandemente influencial na música rock.

Artistas como Tom Waits, Nick Cave, Franz Ferdinand, Oasis, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes estão entre os que o citaram como influência.

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Depois, sob seu nome real Don Van Vliet, ele tornou-se um pintor aclamado.

Ele nasceu em 1941 no subúrbio de Glendale, California, onde seu pai dirigia uma van de uma padaria. Ele era filho único e seus avós moravam ao lado. Sua família indulgiu seus talentos artísticos - ele começou a esculpir aos 4 anos de idade.

Na adolescência, ele descobriu o blues junto com o amigo de infância Frank Zappa, que permaneceu um amigo e rival por toda a vida.

Juntos em Lancaster, California, no deserto Mojave, Zappa e Van Vliet criaram o nome Captain Beefheart e o mesmo formou uma banda de blues, His Magic Band, no meio da década de 1960.

Apesar do nome da banda ter ficado com Beefheart por mais de duas décadas, os membros da banda mudavam freqüentemente.

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Depois de estabelecerem-se com um número pequeno mas devoto de seguidores, a banda, aumentada pela presença de um guitarrista de slide chamado Ry Cooder, fizeram o primeiro álbum, "Safe as Milk" em 1967.

Apesar de inspirado por blues, o álbum refletiu a era da psicodelia com suas tendências surrealistas. E também dava indícios da avant-garde que acabaria virando a marca registrada de Captain Beefheart.

Várias gravadoras quiseram estabeleceram Captain Beefheart como uma alternativa americana às bandas de blues britânicas dos anos 60 ou como uma banda pop rival aos Beatles.

Mas Van Vliet não permitiria que limitassem sua expressão artística e com isto houve freqüentes separações.

Muitos fãs consideram sua obra-prima o álbum de 1969, "Trout Mask Replica", uma mistura dadaísta de blues, jazz "livre", rock e poesia beat.

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Às vezes louco, sempre imprevisível, o álbum foi às vezes considerado "impenetrável". Ainda assim, para os fãs, o trabalho mostrou-se como sendo uma mistura complexa de metáfora e uso de trocadilhos. "Um brincalhão verbal" era como o DJ britânico John Peel descrevia Beefheart.

O álbum foi produzido por Frank Zappa que deu a seu amigo controle artístico completo. "Se tivesse sido produzido por qualquer profissional ou produtor famoso", Zappa disse depois, "teria havido um número de suicídios".

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John Peel descreveu Beefheart como sendo "motivado pela perseguição à música até o limite entre desequilíbrio e gênio".

Ele sofria constantemente de ataques de ansiedade. Para o
"Trout Mask Replica" ele manteve os músicos em uma casa pelos oito meses que levaram para escrever o álbum duplo, só permitindo que eles saíssem uma vez por semana para comprar comida.

Havia pouco dinheiro, suficiente apenas para as provisões mais básicas. As condições foram descritas por um membro da banda como "quase um culto". Quando Zappa finalmente gravou o álbum, levou menos de 5 horas. As letras não faziam sentido e eram surreais, e os membros da banda ganharam apelidos como Mascara Snake, Zoot Horn Rollo e Rockette Morton.

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O álbum tinha uma batida regular de rock, constantemente mudando o tempo das canções. "Eu não gosto de hipnose", disse Beefheart, "eu quero que coisas mudem como as formas e sombras que caem do Sol".

Seu próximo álbum, "Lick My Decals Off, Baby" foi igualmente de natureza experimental, mas outros trabalhos como The Spotlight Kid e Clear Spot ficaram bem mais comercialmente viáveis.

O comportamento freqüentemente errante de Beefheart causou problemas sem fim com as gravadoras e na década de 1970 ele envolveu-se em várias disputas legais que precludiram sua habilidade de sair em tour. Isso deprivou audiências de um dos melhores atos ao vivo daquela era.

Ele também demonstrou ser um chefe duro demais para os membros da banda e assim havia constantes entradas e saídas.

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Seus próximos dois álbums, "Unconditionally Guaranteed" e "Bluejeans and Moonbeams" foram acusados pelos fãs de serem comerciais demais, mas depois "Bat Chain Puller" e "Ice Cream for Crow" foram aclamados.

Durante sua carreira musical, Captain Beefheart manteve uma seqüência prolífica de esboços e pinturas. Ele finalmente foi persuadido que, se era para ele ser um artista levado a sério e não somente visto como um músico que pinta, ele deveria desistir da música.

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Ele voltou para sua casa perto do deserto de Mojave no sul da California e tornou-se recluso. Ele ficou mais e mais renomado como um expressionista abstrato cujo trabalho, como sua música, é visto como original e inovador. E alcança preços altos.

No final, Captain Beefheart/Don Van Vliet não pôde mais pintar depois de contrair esclerose múltipla.

Seu trabalho, tanto na música como no desenho, nunca foi "mainstream" e somente ganhou um número relativamente pequeno de seguidores, mas ele era um personagem "maior do que a vida" que empurrou os limites de sua arte em uma maneira que influenciou muitos que o seguiram.

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Sobre Daniel Faria

Nascido em 1977, cresceu em um lar onde rock progressivo dominava as ondas do ar. Aos 12 anos, com a compra de "Paranoid" (Black Sabbath) tudo mudou e o metal gradualmente passou a ser o som predominante em casa. Estudou Computer Science / Applied Science pela Concordia University (Montreal, Québec, Canada) e hoje vive em um vilarejo rural em Simcoe County, centro-sul de Ontario, Canada.
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