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Los Shakers & Los Mockers: a invasão uruguaia!

Por Lucas Alves
Fonte: Os Armênios
Postado em 05 de outubro de 2009

Em 1964 o mundo presenciava um dos momentos mais críticos da Guerra Fria, a corrida espacial, a Guerra do Vietnã e as turbulências causadas pelo Movimento dos Direitos Civis liderado por Martin Luther King. Em janeiro daquele mesmo ano, os Beatles lançavam seu primeiro disco nos Estados Unidos, o Meet the Beatles!, que provocou turbulências ainda maiores no plano cultural.

Era o início do fenômeno conhecido como British Invasion, em que diversas bandas inglesas, como Rolling Stones, The Who, Yardbirds, Dave Clark Five, aproveitaram as mudanças que a beatlemania causou na música popular estadunidense para lançar seus discos no mercado norte-americano. Todas as atenções do mundo da música estavam voltadas aos Beatles que já em abril detinham as cinco primeiras posições no Billboard Top 40 singles in America.

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Um pouco mais ao sul, na America Latina a conjuntura era outra. Denominados de terceiro mundo, a maioria dos paises sul-americanos acabaram ao longo da década de 1960 adotando regimes militares, influenciados pelos Estados Unidos, que queriam garantir seu poder na região. O baixo poder econômico dos paises platinos, comparado ao norte-americano, aliado à censura implantada pelos militares - então sem contar com a impossibilidade de piratear música pela internet! -, gerou um escasseamento do material relativo às bandas da British Invasion. Os poucos discos lançados por aqui, ainda por cima eram mal produzidos, não eram lançados em seus formatos originais, tinham baixa qualidade de som. Para piorar a situação, a mídia, ao menos no Brasil, retratava os músicos como subversivos, arruaceiros e nocivos à juventude. Quem queria conhecer mais do que Love me Do precisava se esforçar ao máximo para conseguir informações fidedignas sobre os discos e as outras bandas.

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No ápice da British Invasion, encontramos em nossos vizinhos fronteiriços um fenômeno semelhante: a invasão uruguaia. A EMI-Odeon Argentina não perdeu tempo e foi até o Uruguai buscar sua versão latina dos Stones e dos rapazes de Liverpool: Mockers & Shakers, respectivamente. Os portenhos conviviam com as lojas de discos repletas de gravações uruguaias. Os jovens argentinos desfrutavam de algo invejável, viviam sua própria "invasão britânica". Os Shakers eram tidos como grandes astros no país e a população experimentava o mesmo frenesi existente nos Estados Unidos. Para dar um ar ainda mais mítico, vale ressaltar que, quando os Shakers estouraram, a British Invasion estava longe de ser difundida tanto na Argentina como no Uruguai.

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Los Shakers!

Los Shakers surgiram em 1963, na capital uruguaia, com os irmãos Fattorusso, Hugo e Osvaldo, nos vocais e guitarras, Pelín no contrabaixo e Caio na bateria. Inicialmente a banda tocava jazz em lugares como o Hot Club, mas tudo mudaria em 1964, quando os membros ouviram pela primeira vez as músicas dos Beatles. Resolveram mudar drasticamente, adotaram as vestimentas e cortes de cabelos d’os Beatles e passaram a ensaiar covers da banda. Assim que adotaram a nova postura, assinaram contrato com a EMI-Odeon e além de se mudar para Buenos Aires foram impelidos a criar suas próprias composições. Em 1965 estouram com o hit Breaking it All, ou, se preferir, Rompan Tudo (em espanhol), cantado em inglês. Ainda naquele mesmo ano, lançam seu primeiro disco, intitulado Los Shakers, composto por catorze faixas sensivelmente influenciadas pelas melodias Lennon/Mccartney. As composições eram todas em inglês, pois os empresários intencionavam lançá-los nos Estados Unidos, o que efetivamente fizeram, porém sem muito retorno.

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Em 1966 é lançado o Shakers for You, disco que continua seguindo fielmente os Beatles. Aparecem músicas mais trabalhadas, com pegadas psicodélicas, sonoramente muito próximas ao Rubber Soul. O disco obteve grande sucesso na Argentina e consolidou ainda mais a banda no país. Ainda seguindo o embalo dos Beatles, os Shakers participaram do filme Escala Musical, uma comédia-musical na mesma linha de A Hard Day’s Night. Nessa época, a banda já havia caído nos braços do público. Depois da temporada na Argentina, quando voltaram ao Uruguai, foram recepcionados por uma caravana que percorreu todo o trajeto do aeroporto até o Victoria Plaza Hotel. Naquele mesmo dia, no Cine Plaza, os Shakers fariam um show após a apresentação do cantor francês Alan Barriere. O público, porém, não estava muito disposto a ouvir outra coisa que não fosse os hits dos Shakers e, sendo assim, abafaram a voz de Barriere pedindo o sucesso Rompan Tudo.

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Os Shakers eram ambiciosos e não se contentaram apenas com o sucesso no Uruguai e Argentina. Estavam determinados a atingir o mercado mundial e para isso aproveitam-se da língua em comum existente na Espanha para lançarem seu terceiro álbum. La Conferencia Secreta del Toto’s Bar (1968) é considerado o melhor disco da banda e, segundo muitos críticos, um dos melhores do rock psicodélico. Faixas como Yo Recuerdo Mi Mundo, com ritmo ousado e letra condizente não deixam dúvidas quanto à qualidade artística do grupo. A referência ao Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band de seus gurus era óbvia, porém o álbum conceitual não perde em nenhum momento a originalidade, ainda mais levando em conta o período incipiente do rock psicodélico em que a obra foi produzida. Infelizmente o produtor e a gravadora não acharam o disco atraente na época. Os Shakers nunca chegaram a estourar, logo o contrato com a gravadora expirou e a banda acabou se separando.

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Los Mockers!

Os Mockers, assim como os Stones, eram tidos como os maus garotos. A banda possuia baixa qualidade técnica e no começo nem instrumentos de verdade eram usados. O baixo era improvisado, não passava de uma caixa de madeira com uma corda estendida ao longo de um cabo de vassoura, a guitarra de Jorge Fernandez havia sido fabricada nos fundos de sua própria casa em Montevidéu. Completando a banda estava Esteban na gaita harmônica, Julio no baixo e Beto na "bateria" - na verdade um tambor com duas baquetas. Um ano depois dos primeiros ensaios, em 1964, a banda já estava adquirindo maior qualidade, usando o dinheiro de um emprestimo compram instrumentos de segunda mão e mudam seu nome de Teddy Boys para Los Encadenados. Nesta época ainda não apresentavam um estilo definido, tocavam tanto músicas latinas como Perfidia e La Bamba, como Beatles.

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Em 1965 as coisas começariam a melhorar. Jorge havia aprendido a tocar muito bem sua guitarra, o que levou a banda até um musical exibido todo domingo na tv uruguaia. Nesta mesma noite, o grupo conheceu Polo, um jovem de 17 anos que cantava de forma eletrizante, era tudo o que a banda precisava para deslanchar. Os rapazes decidiram também adotar um estilo inconfundivel, o mesmo dos Rolling Stones. O objetivo era claro, parecer o máximo possível com a banda inglesa. O resto do ano foi pura farra, aproveitando o movimento do verão o grupo tocava quase toda noite na zona portuária de Montevidéu, o que aprimorou ainda mais as apresentações explosivas dos futuros Mockers. Quando o verão acabou, o grupo se recolheu e começou a ensaiar e criar suas próprias canções. Até mesmo tentaram gravar um single, só que a qualidade dos estúdios uruguaios era decepcionante, a produção acabou saíndo muito abaixo do esperado.

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No verão seguinte, a temporada de shows recomeçou e, em uma dessas apresentações, um produtor da EMI estava na plateia. Parecia um sonho irracível, mas era verdade, os Mockers iriam para Buenos Aires, onde gravariam suas próprias composições em um estúdio de qualidade. Além de músicas autorais, o grupo foi amplamente reconhecido devido a uma versão de Paint it Black, muito mais gritada e barulhenta do que a original. Assim como os Shakers, agora o grupo desfrutava de relativa fama nos dois países. O sucesso dura um ano, até que atritos entre os membros acaba levando a dissolução da formação original. Mesmo com novos membros os Mockers tentam seguir adiante, mas a perda de qualidade do grupo era evidente, o que resulta em um declinio acentuado e o público assiste ao triste fim dos Stones uruguaios.

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* * *

Após a dissolução das bandas, seus membros se espalharam pelo mundo. O Shaker Hugo morou no Brasil por um longo período, tendo até trabalhado com Tom Jobim e Milton Nascimento. Praticamente todos seguiram trabalhando com música. Infelizmente o baterista Alberto (Mockers) sofreu um acidente fatal com sua motocicleta, logo após o término da banda. Os Mockers recentemente fizeram um encontro comemorando os quarenta anos de carreira. Suas músicas ganharam lugar em novas compilações, especialmente na Espanha. Os discos são difíceis de ser encontrados à venda no Brasil, já que nunca foram lançados aqui. Os Shakers, para celebrar seu reencontro, nos saúdam com um disco novo, intitulado Bonus Tracks. Desta vez com letras em espanhol, eles mostram que suas quase quatro décadas de carreira musical os tornaram mais originais do que nunca.

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