Anti-Flag
Postado em 06 de abril de 2006
Biografia por Justin Sane (vocais e guitarra)
Traduzido por Bruno Themudo
Para a verdadeira história do Anti-Flag, você tem que ir até 1988. Nessa época, Pat mal conseguia tocar bateria, e eu era ainda pior na guitarra. Mas o fato mais importante é que nós éramos os únicos punk rockers da nossa cidade, Glenshawn, Pennsylvania (aonde nós crescemos), então ou ficaríamos dando voltas pelo shopping center, ou destruiríamos nossos cérebros nas drogas ou tentaríamos tocar punk rock. Nós fomos direto pro punk rock! Em 1989 nós já tocávamos bem o suficiente para ter uma banda a qual chamamos de Anti-Flag. Entretanto aquela banda não se parecia nada com o Anti-Flag de hoje. Nessa época minha irmã, Lucy, estava nos vocais principais, enquanto um número grande de guitarristas e baixistas passaram pela banda. Depois de só haver feito um show no salão de uma igreja nós achamos que banda estava enterrada definitivamente.
Pule para 1993, depois de tocar em várias bandas desprezíveis eu e Pat rodamos através do país para tirar uma onda na Costa Oeste. Pat voltou para Pittsburgh duas semanas depois da nossa chegada em San Francisco e eu fiquei por lá durante oito meses para curtir a cena. Quando eu voltei para Pittsburgh nós estávamos mais motivados do que nunca para começar uma banda séria. Tudo o que nós precisávamos era de um bom baixista. É aí que Andy Flag entra na foto. Eu o havia conhecido há um ou dois anos atrás na igreja. Nós dois tínhamos sido obrigados à ir a igreja pelas nossas mães e o Andy era o único garoto punk do grupo, então, naturalmente nos aproximamos um do outro. Andy tocava baixo, então, eu, ele e Pat nos reunimos algumas vezes para tocar, mas como eu e Pat fomos pra Costa Oeste logo depois, nós não conseguimos colocar nada pra frente. Então quando voltamos, nós chamamos ele de volta e ele aceitou.
Nós ensaiamos direto do meio de Fevereiro até o final de Março e em poucas semanas fomos chamados para tocar ao vivo num show da rádio WRCT em Pittsburgh. Infelizmente, nós ainda não tínhamos um nome! Enquanto Pat e eu já havíamos usado o nome Anti-Flag na nossa banda anos antes, estávamos pensando na idéia de usar o nome de novo. Porquê? Bem...foi assim... o nome foi inspirado no fato de que a cena do final dos anos 80 em Pittsburgh tinha sido invadida por um monte de idiotas que idolatravam o slogan: "Liberdade não Fascismo". Bom, o que seria ótimo, se esses otários praticassem o que eles pregavam, mas infelizmente, a idéia que eles tinham de punk rock era muito fascista. Eles começaram a costurar a bandeira americana nas suas jaquetas, dizendo juras de fidelidade à bandeira e (como o bando de valentões que eram) se quebrariam uns aos outros e todos que estivessem em seu caminho (basicamente eles eram uns machões atléticos que por acaso haviam entrado no punk). Nos shows eu via esses babacas com suas bandeiras cantando junto com Sub-Humans, Circle Jerks, Exploited ou qualquer outra banda que estivesse em turnê pela cidade, e eu me perguntava. Essas bandas não estavam cantado contra tudo o que esses auto-denominados "punx" acreditavam? Na minha opinião esses caras não estavam pegando o sentido da coisa. Eles deviam olhar no dicionário o significado de fascismo pra ver se eles aprendiam que o fascismo controla as massas de duas maneiras principais: 1 - Promovendo o nacionalismo extremo. 2 - Usando violência e terror sistematicamente (a favor deles só o fato de serem anti-racistas mas o que eles não perceberam é que você pode ser anti-racista e ainda assim ser um fascista).
Com isso em mente, apesar de nós já termos utilizado o nome Anti-Flag antes, nós achamos que o nome ainda dizia muito sobre o atual estado da comunidade punk e o do mundo como um todo. Nosso pensamento foi de que as pessoas não tentariam tratar a banda como entretenimento, e sim como um veículo para fazê-las pensar! Eles não tinham que concordar com a gente! Nós só queríamos deixar claro que não estávamos ali só pra entreter, nós tínhamos algo a dizer, tinha uma crença fundamental por trás da banda. Então na noite do show na WRCT nós atravessamos as portas como Anti-Flag.
Porque nós colocamos o hífen entre as palavras "Anti" e "Flag"? Gostaria de dizer que é um símbolo de desafio, nós estávamos esnobando as regras do inglês correto para demonstrar nossa indignação com sociedade moderna, etc, etc... Infelizmente, a verdade é que nós éramos estúpidos demais para saber o uso correto de um hífen.
Aonde foi o Anti-Flag depois disso?
Durante mais ou menos três anos depois de nascer, o Anti-Flag tocou em vários shows locais e fizemos o máximo de shows fora da nossa cidade, o que era difícil por que não tínhamos uma van e tínhamos pouco dinheiro. Por sorte, uma coisa que nós tínhamos em nosso favor era a união da cena punk. Nós tivemos muita ajuda para conseguir shows em outras cidades através de bandas de amigos nossos como os Bad Gene e o Submachine que já tinham saído em turnê. Para ir fazer esses shows nossa boa amiga Anne Flag nos levaria até os lugares na van dela.
Eventualmente, nós reunimos nossas coisas para uma turnê completa pelos Estados Unidos, que nós fizemos no verão de 95. Para nossa sorte o avô de Andy lhe deu uma van novinha de presente um pouco antes de nós viajarmos. Infelizmente se tornou óbvio que eu e Andy não nos dávamos bem quando ficávamos muito próximos durante muito tempo. Nós brigamos durante toda a turnê (na maioria das vezes por coisas estúpidas!) e o nosso relacionamento nunca voltou realmente ao normal. Nós fizemos nossa segunda turnê na primavera de 96 e só durou uma semana e meia. No final dessa turnê, Andy Flag resolveu sair da banda. Nessa época não era só eu e ele que não estávamos nos dando bem, Pat e Andy também não conseguiam se entender. Olhando para trás eu acho que a imaturidade e a inexperiência foram as grandes causas dos problemas. Nós perdemos o foco do que estava por trás da banda. Nós estávamos levando nós mesmos muito a sério e isso não deixava espaço pra diversão. (Desde então nós resolvemos nossos problemas com Andy e agora somos amigos de novo).
Depois de Andy Flag sair, Pat e eu sentamos e discutimos sobre o que tinha acontecido de errado. Nós decidimos que as coisas tinham que melhorar muito. E també decidimos que não iríamos permitir que as coisas ficassem tão fora de controle durante as turnês que chegássemos a discutir ou brigar por causa disso.Eu fico feliz em dizer que desde o acontecido nós fizemos 4 turnês completas pelos EUA, 3 turnês pelo Canadá e várias outras pela Costa Leste sem uma discussão sequer. Discórdias? Sim. Mas nada que não pudesse ser resolvido como seres humanos normais.
A partir desse ponto, nós tínhamos que achar um novo baixista. Por um curto período de tempo Sean do Bad Genes assumiu o lugar. Daí no verão de 96 numa turnê pelo Canadá, nosso amigo Justin de Connecticut assumiu. Um pouco antes do ano novo de 97, nós conhecemos Chris Head que assumiu o lugar durante um show que fizemos no ano novo.Então ele assumiu o lugar de novo para o show de release do cd "Die For Your Government" em 1997. Chris automaticamente entrou no Anti-Flag como a peça que faltava em um quebra-cabeça. Logo de cara curtimos o jeito dele tocar e andar com ele por aí. Nós sabíamos que tínhamos que reservar um lugar na linha de frente da banda para ele, mas infelizmente Chris não era um baixista, ele era guitarrista. Por essa razão nós não queríamos manter ele no baixo e ao mesmo tempo não queríamos que ele fosse embora. No final, decidimos deixar ele na segunda guitarra e achar outra pessoa pra tocar baixo. É aí que Jamie Cock entra na foto.
Pat e eu conhecemos Jamie na nossa turnê no verão de 95 quando tocávamos na cidade dela, Toronto, Canadá. Ela era realmente do caralho e queria muito tocar baixo com a gente. Nós estávamos saindo em turnê com o UK Subs dentro de um mês e não tínhamos ninguém pra colocar no baixo e aí pensamos. "Que se dane!" e era isso. Ela agora estava no Anti-Flag.
Fevereiro de 1998 marcou o quinto aniversário do Anti-Flag. Nós estivemos por toda América do Norte e uma coisa que foi sempre uma constante foram os moleques. Além de tentar fazer uma mudança positiva no mundo através da nossa mensagem, nosso verdadeiro combustível vêm dos moleques que encontramos por toda parte que percebemos enfrentar os mesmos problemas, idéias que nós. Quando as coisas vão mal ou alguma coisa não dá certo e nos perguntamos porque nos incomodamos com isso? Eu posso honestamente dizer, que tem a ver com todos esses moleques e outros punks que pegamos pelo caminho, que como nós, se importam com o que está acontecendo no mundo e estão tentando fazer o melhor para mudar de forma positiva (não importando o tamanho da mudança). Com isso em mente quero agradecer a todos vocês, jovens de coração que tem nos apoiado durante todos esses anos. Têm sido demais!
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