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Therion

Por Pedro Carlos Ienke
Postado em 06 de abril de 2006

Therion é uma polêmica banda da Suécia que com o decorrer dos anos foi capaz de desenvolver uma música absolutamente única, que mescla de forma perfeita a agressividade do metal com a complexidade harmônica da música clássica.

Tudo começa no ano de 1987, em Estocolmo cidade da Suécia, onde um grupo de garotos influenciados por grandes bandas da época (como Venom, metallica, Motorhead e Slayer) decidem montar a sua própria banda, voltada para o estilo que mais gostavam: o thrash.

Blitzkrieg foi o nome escolhido para a banda (que significa algo como uma guerra relâmpago, um ataque repentino) e que nada tem a ver com a homônima banda inglesa do mesmo nome. A formação original contava com o baixista Christofer Johnsson, o guitarrista Peter Hansson, o baterista Oskar Forss e o vocalista Matti Kärki. Depois de cerca de um ano tocando juntos, divulgando o seu trabalho com algumas apresentações em sua própria cidade, a banda se desfez. Depois de alguns meses os componentes voltaram a tocar juntos mudando o nome da banda para MegaTherion e mais tarde optando somente por Therion (que em hebraíco significa Dragão, a Grande Besta). Com a saída de Matti, C. Johnsson, líder da banda, assume os vocais e as guitarras. Com isso, um novo baixista assumiu as quatro cordas: Erik Gustafsson. O estilo do Therion evoluiu para o death metal, que na época era tão estranho como o thrash. Com esta formação e estilo a banda começou sua carreira musical, que viria a ganhar muito prestígio com o passar dos anos.

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Em 1989, a banda gravou dois demos independentes com três músicas cada, o primeiro intitulou-se "Paroxysmal Holocaust" com uma pequena tiragem de 600 cópias no formato cassete e o segundo foi "Beyond The Darkest Veils Of Inner Wickedness", também em cassete, com limitadas 500 cópias; mais adiante gravou também um Mini-LP com quatro músicas intitulado "Time Shall Tell", que foi vendido pela House Of Kicks, uma pequena loja-gravadora local, com uma tiragem limitada de 1000 cópias. Do sucesso destas gravações, o Therion conseguiu assinar seu primeiro contrato com uma gravadora, a Deaf Records filiada ao Peaceville Records na Inglaterra.

Foi em Agosto de 1990, no Sunlight Studio, em Estocolmo (Suécia) que o Therion gravou seu primeiro álbum, "Of Darkness" que só foi comercializado no ano seguinte. "Of Darkness" continha apenas músicas escritas entre 1987-1989; a própria banda percebeu que o estilo musical estava mudando e, por isso "guardou" as músicas novas para um outro álbum. Mesmo contendo apenas velhas canções o disco foi bem sucedido comercialmente, mostrando um death metal de raíz com vocais rasgados e ríspidos, típicos do estilo. O grupo ficou conhecido como uma das melhores bandas de death da Suécia.

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Deste ponto em diante, o Therion foi forçado a mudar algumas vezes de gravadora, conforme a banda sentia que não possuia o apoio necessário. Eles assinaram um contrato com a Active Records - outra gravadora inglesa - e assim fizeram seu segundo álbum "Beyond Sanctorum". A gravação feita em Dezembro de 91 no Montezuma Studio mostrou um progresso no estilo musical em relação ao início da banda. Haviam elementos novos, como teclados, vocais femininos, ritmos folk e até música persa em uma das canções. Estas mudanças foram difícilmente aceitas pelos fãs e bandas de death metal mais conservadores. Na época o Therion participava do "Inner Circle"; uma organização fechada de bandas da cena Black/Death metal, onde inspirados pelo Satanismo e suas diretrizes, aprendiam e praticavam suas crenças, alguns até cometiam atrocidades do tipo por fogo em igrejas, tudo em nome da Ordem. Faziam parte do "Círculo Secreto" ícones da Música Extrema como: Mayhem (grupo fundador), Bathory, Hellhammer, Darkthrone, Emperor, entre outros. Mas depois de "Beyond Sanctorum", surgiram diferenças ideológicas que bateram de frente com o legado do "Inner Circle". Devido a essas divergências extremas, que não aceitavam nenhum tipo inovação, a não ser destruir os princípios cristãos através de blasfemidades, o Therion fora taxado como falso por unanimidade dentro da instituição e convidado a se retirar da horda o que ocasionou ainda, em um atentado ocorrido na própria residência de Christofer Johnsson: uma garota, conhecida pelo nome de Suuvi Puurunen, tentou queimar a casa de Johnsson espetando um disco em chamas em sua porta, alegando que ele não era um verdadeiro seguidor da ordem, mostrando que o patamar das atividades do "Inner Circle" já chegara aos extremos.

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Neste momento, a banda passa por mais um período difícil: Oskar teria seu segundo filho, e por isso sentiu que deveria mostrar mais responsabilidade com a família; Erik mudou-se para o Texas (EUA), junto com sua família; Peter queria seguir outro estilo musical (mais voltado para o Pop). Christofer estava completamente sozinho e, como o esforço da gravadora em manter a banda ativa não foi tão grande como ele esperava, o Therion quase acabou, mas C. Johnsson não desistiu e ressuscitou a banda, com um line-up completamente renovado: Magnus Barthelson nas guitarras, Andreas Wallan Wahl no baixo e Piotr Wawrzeniuk (Carbonized) na bateria (galera de nome difícil, hein!).

Com estes novos integrantes o Therion fez alguns shows na Holanda, Bélgica e Suécia e, depois disso assinou um contrato com a gravadora sueca Megarock Records, criando assim no começo de 1993, novamente no Montezuma Studio, seu terceiro disco "Symphony Masses: Ho Drakon Ho Megas", trabalho lançado para experimentar a mistura de death metal com influências sinfônicas, música árabe, industrial e heavy metal tradicional dos anos 80. Na opinião de algumas pessoas, este álbum não foi tão bom como os anteriores, mas a vendagem média foi muito boa e a banda deu outro passo à frente mostrando versatilidade e identidade própria. Outras turnês menores foram feitas antes de acontecerem novos problemas com a formação: tanto Magnus quanto Andreas deixaram a banda por motivos financeiros - a banda não era nenhuma mina de ouro, mas precisava de muito trabalho, que levou um certo tempo para ser realizado - então a formação número três foi rapidamente feita, mostrando um novo baixista, Fredrik Isaksson. O Therion então era um trio, e fez sua primeira grande turnê junto com outras três bandas: Samael, Grave e Massacra.

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Apesar da Megarock estar trabalhando muito para promover o Therion, ela nunca conseguiu elevar a banda até o ponto desejado por eles, e outra gravadora foi contratada: a Nuclear Blast Records da Alemanha, que tinha tudo aquilo que o grupo sempre procurou, gravando assim em 1995 o seu primeiro Cd-Single "The Beauty In Black", que foi uma amostra do que viria à ser o quarto título da banda, "Lepaca Kliffoth", gravado no conhecido Music Lab Studios em Berlin e produzido por Harris Johns (Sodom, Tankard, Kreator).

Um disco de heavy metal onde se começa a notar seu futuro estilo que, cada vez mais, caminhava para as influências sinfônicas; o clássico "Beauty In Black" tem arranjos melancólicos orquestrados, bem como cantos de ópera parcialmente executados pelos sopranos Hans Groning e Claudia Maria Mokri, que participou também no "Into The Pandemonium", quarto álbum do Celtic Frost, banda de que Christofer Johnsson foi e é fã de carteirinha, principalmente na época que o Therion era uma banda de puro Death metal. Essa admiração por Celtic Frost, rendeu um cover de "Sorrows Of The Moon". Esse momento foi muito bom para o grupo, que fez uma bela turnê na Alemanha junto com o Annihilator e mais outros memoráveis shows pela Europa e México. Depois da saída de Fredrik do grupo, por motivos pessoais, a banda fêz ainda sua primeira turnê pela América do Sul e planos sérios de criar o álbum sinfônico mais fantástico da década foram tecidos.

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Em meados de 1996, tendo uma conversa com o pessoal da gravadora C. Johnsson disse que não queria fazer outro álbum voltado para as guitarras e seus vocais, disse que tinha algumas músicas que poderiam compor um álbum totalmente sinfônico que teriam grandes chances de dar certo; a Nuclear Blast não interferiu em nada e deu o suporte à banda para o desenvolvimento do trabalho.

Com uma formação mais completa contando com Lars Rosenberg (Carbonized / Entombed) e Jonas Mellberg - guitarra e baixo respectivamente - entrou no Impulse Studio em Hamburgo para conseguir o título de maior gasto em uma gravação da Nuclear Blast Records até então; uma das obras mais inspiradas surgida no cenário metálico europeu. Para isso foram contratadas a orquestra sinfônica de Barmbek e dois corais completos: um deles foi o North German Radio Choir, que contribuiu com os vocais de ópera e o outro era um coral de Rock profissional, chamado The Siren Choir. O resultado de um mês e meio de trabalho pesado no estúdio junto com os produtores Jan P. Genkel e Gottfried Koch, foi o impressionante álbum "Theli", eleito o melhor disco de heavy metal de 96 e o limitado EP "Siren Of The Woods" que saiu com três músicas editadas para rádio, destaque para "Babalon" que Lars tinha escrito para o Entombed, mas cedeu como faixa exclusiva para esse EP, tornando-o um ítem indispensável para os admiradores e colecionadores da banda.

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"Theli" é um disco de heavy metal inovador. As dez faixas que o compõem são uma verdadeira demonstração prática do que deve ser feito para que a música clássica case perfeitamente com o heavy metal. Os arranjos clássicos, as vozes operísticas e as mudanças de andamentos mostram uma mistura surpreendente e muito poderosa. A maioria dos vocais são de um tipo único e contagiante. Os corais líricos são usados em cada canção, fornecendo uma atmosfera gótica, mística e obscura. Até então nada tinha soado como esse álbum na cena heavy metal. As músicas de "Theli" seguem uma sequência, contam uma história, transmitindo as sagas de vários deuses desconhecidos com muito misticismo, baseadas em mitologias Gregas, Egípcias e Romanas. São composições pesadas, melódicas, complicadas e, acima de tudo, originalíssimas, frutos da mente inquieta do mentor, guitarrista, vocalista, tecladista e principal compositor do grupo sueco, C. Johnsson. Uma das músicas que mais representa a atmosfera do disco é "To Mega Therion", uma composição perfeita, que mistura solos de guitarras com quarteto de cordas e ópera, uma obra prima da música pesada. Vale a pena também notar as atuações de Piotr Wawrzeniuk (Carbonized) e Dan Swanö (Nightingale) com seus vocais góticos, contagiando em músicas como "Cults Of The Shadow" e "Nightside Of Eden". Este disco foi a explosão que a banda esperava há muito tempo, "Theli" passou a vender que nem pãozinho quente, atingindo a marca de 100.000 cópias, incluindo fitas de vídeo para o leste da Europa. Muitas turnês longas foram feitas nesse continente; um desses grandes shows foi feito junto com o Amorphis, também participaram do famoso festival de duas semanas na Grécia: o Dynamo Festival, com My Dying Bride, Sentenced, Secret Discovery e Sundown, diante de um público de 25.000 pessoas.

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1997 marca o ano do décimo aniversário do Therion e com isso eles lançaram o álbum "A'Arab Zaraq Lucid Dreaming", contendo covers do Scorpions, Iron Maiden, Running Wild e Judas Priest; mais algumas músicas inéditas das gravações de "Theli" que não couberam no álbum; uma regravação instrumental de "Symphony Of The Dead" clássico antigo do disco "Beyond Sanctorum" e também versões "Therionizadas" de uma trilha sonora de músicas clássicas que C. Johnsson fez como artista solo para o filme "The Golden Embrance", incluíndo também as versões originais como bonus track. Esse álbum traz uma boa visão de uma banda que transitou por vários estilos do metal: do Death até o que foi definido pelo próprio Christofer como "sinfônico/orquestral/ópera-metal de vanguarda". Esse disco marca a última participação de Dan Swanö. Piotr também deixa a banda e a música para se dedicar à dar aulas de história. Lars e Jonas que bebiam excessivamente, tinham sérios problemas de alcoolismo, também deixam o Therion.

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Como a cada álbum que gravam sempre há um progresso, uma melhora na qualidade de gravação e capacitação dos músicos, eis que, seguido do mesmo conceito desenvolvido pelo ópera metal, o Therion lança em 1998, "Vovin" que assim como "Theli" em hebráico, também significa Dragão, mas em Enochian (linguagem específica da magia negra). Junto também foi distribuído o Single promocional "Eye Of Shiva" somente para os meios de comunicação especializados em metal, contendo quatro faixas sendo que duas delas "Eye Of Shiva" e "Birth Of Venus Illegitima" foram editadas para rádio. Esse single é um material dificílimo de se encontrar.

A banda, nesse álbum era então um projeto solo de Johnsson, que cercou-se de músicos profissionais de estúdio para executar as músicas por ele compostas para "Vovin": Martina Hornbacher nos vocais, Tommy Erisson na guitarra, Wolf Simons na bateria e Jan Kazda no baixo - com a providencial ajuda de um coro de vozes e um quarteto de cordas - souberam captar toda a elegância e sensibilidade dos arranjos. Este trabalho foi encarado com muito mais responsabilidade, tratando-o não apenas como um simples álbum, mas sim como uma continuação aperfeiçoada daquele estilo que começou a se desenvolver em "Beyond Sanctorum". O álbum é melhor tocado e um pouco mais clássico. As músicas são bem mais estruturadas, todas executadas com corais de ópera tradicional como soprano, alto, tenor, bass, enquanto os arranjos clássicos feitos em "Theli" foram orquestrações desempenhadas por teclados, "Vovin" foi gravado com instrumentos reais de cordas e sopros, assim a orquestração soou muito mais original e expressiva. Os elementos heavy metal estão um pouco mais escassos do que em "Theli", o som das guitarras reduziram-se à ritmos galopantes simples, uns riffs e alguns solos, não deixando de ser acima de tudo, puro metal, clássico e pesado. "Wine Of Aluqah" e "Draconian Trilogy" são os pontos altos de "Vovin". A letra de "Draconian Trilogy" representa todo o conceito por trás do Therion. O conceito do dragão fica bem claro nela. Destaque para a participação de Ralf Scheepers (Primal Fear) na faixa mais metálica do álbum, "The Wild Hunt". Apresentações magistrais com uma orquestra inteira foram feitos em grandes festivais como o Wacken e o Dinamo Festival.

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No meio do ano de 1999, com a mesma formação contratada do disco anterior, veio o álbum "Crowning Of Atlantis", um disco no meio das sortes, pois a intenção era de se fazer um Mini-CD, um release para próximo trabalho, sem o cover do Manowar e as faixas ao vivo. Porém o propósito da Nuclear Blast, sua gravadora, era de lançar um álbum completo. Então o Therion reestruturou esse trabalho ficando com três músicas inéditas, um remix com vocal de soprano masculino para "Clavicula Nox", mais três covers: "Crazy Nights" (do Loudness), "Thor - The Powerhead" (do Manowar) com os vocais de Ralf Scheepers (Primal Fear) e a regravação de "Seawinds" (do primeiro disco do Accept) com as vozes que dispensam comentários de Martina Hornbacker e Sarah Jesibel Deva, num clima obscuramente gótico. Fechando o disco, três faixas ao vivo, que mostram que o Therion é tão capaz quanto nos álbuns de estúdio. Esta tornou-se uma coleção variada e agradável de canções que mostra uma excelente ponte entre o "Therion velho" e este "modelo novo" com uma apelação ao amor pelo metal verdadeiro.

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No final de Setembro de 1999, a banda se reorganiza com Kristian Niemann nas guitarras, Johan Niemann no baixo e Sami Karpinnen na bateria. Três meses de gravação no Woodhouse Studio na Alemanha resultaram no álbum "Deggial". A demora deveu-se à complexidade de gravar junto com a banda, um grupo de mais 27 músicos diferentes entre orquestra, coral e metais. Lançado no final do mês de Janeiro de 2000, "Deggial" (que é personagem de uma antiga lenda árabe e traduz algo como "falso profeta", o "anticristo", mas que nada tem a ver com o anticristo cristão) é para muitos a coroação do novo estilo da música do Therion. Se compararmos com os álbuns anteriores, este trabalho é mais Clássico, mas é também mais heavy metal. Podemos ouvir muito mais influências oitentistas neste álbum do que em qualquer outro que já tenham feito. O revival dos anos 80 é apresentado em vários andamentos e riffs de guitarras; C. Johnsson como compositor e arranjador teve como base as influências de compositores alemães como Wagner e Strauss e do russo Mussurgosky, o que lhe permitiu fundir perfeitamente os elementos da ópera clássica com o death/doom metal, definindo não somente um novo gênero desde sua ascenção em "Theli" (1996), mas também um aperfeiçoamento na produção, empregando uma orquestra/coral completa. Um exemplo disso é a fidelidade na versão que fecha o álbum: "O Fortuna" (primeiro andamento de "Fortuna Imperatrix Mundi - Carmina Burana" de Carl Orff) que não deixa nada à desejar para a original. Outro destaque memorável nesse disco é a participação de Hansi Kursch (Blind Guardian), nos vocais de "Flesh Of The Gods".

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No começo de Outubro de 2001, foi lançado "Secrets Of The Runes", um álbum totalmente conceitual, trazendo uma temática mitológica cujos alicerces encontram referências claras em "O Silmarillion" (livro de J. R. R. Tolkien) e numa antiga tradição nórdica que é baseada na existência de uma árvore ramificada por nove mundos distintos chamada de Yggdrasil, onde o álbum é focalizado, nos trazendo misteriosas lendas gregas sobre a origem do universo, o bem e o mal, a consagração dos deuses e conceitos organizados de maneira praticamente íntima sobre o mundo mágico de Odin, convidando o ouvinte a desafiar as esferas negras na busca para o entendimento das runas, que trazem os segredos da ascenção e decadência desses nove mundos. Cada mundo de Yggdrasil têm sua respectiva música no álbum, que varia de estilo e andamento de acordo com o conceito do mundo que representam, desde o prólogo "Ginnungagap" que é o vácuo da criação até o epílogo "Secrets Of The Runes" que canta a quinta essência de Thyrfing, falando da viagem que Odin fez quando recebeu as runas. A ilustração da capa representa o diagrama "The Great Tree Yggdrasil" (A Grande Árvore de Yggdrasil). Em "Secrets Of The Runes" a formação manteve-se estável, e a coesão entre os integrantes ficou fantástica. Isto fica claro a cada faixa executada: riffs de guitarras pesados e poderosos, baixo marcante e uma bateria cadenciada com exatidão, unidos à principal característica do Therion: a grandiosidade nos arranjos orquestrais, desempenhadas por uma ópera de 25 músicos (dentre coral e instrumentos de cordas e sopros como flauta, trombone e oboé). Os mais atenciosos notarão que a influência das óperas de Librettos do compositor alemão Richard Wagner, está mais latente do que nunca na música do Therion. Curiosidades à parte, a audição do álbum à imprensa foi feita num antigo local de culto nórdico e depois todos foram para um navio viking em alto mar com direito a roupas, comida e músicas típicas dos Bárbaros. Este álbum recebeu ótimas críticas por todo o mundo, elevando ainda mais o status da banda, que excursionou por todo o globo, incluindo o Brasil em 2001 mesmo, tocando em Porto Alegre no Bar Opinião dia 24/10, em Curitiba no Moinho São Roque dia 25/10 e em São Paulo no DirecTV Music Hall dia 26/10, sem dúvida alguma shows marcantes que deixaram saudades, pois nem mesmo os fãs mais ardorosos imaginavam que um dia teriam o prazer de assistir os Suécos tocando ao vivo em terras tupiniquins.

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Já no final de outubro o Official Therion Fanclub lançou "Bells Of Doom", um registro exclusivo, organizado por Ivo Elezovic, contendo alguns B-sides e faixas antigas que nunca foram publicadas ou tocadas ao vivo; uma raridade dos primórdios da banda, onde todo o seu potencial se gastava na voracidade do Death metal. É um disco excelente e difícil de conseguir, pois é comercializado somente pelo Fanclub, imprescindível para quaquer colecionador.

2002 é o ano do décimo quinto aniversário do Therion. Como forma de comemoração e agradecimento aos fãs, foi finalizado no final de setembro, "Live In Midgard", primeiro álbum duplo e ao vivo da banda, resultante da bem sucedida turnê de seu último disco "Secrets Of Runes". Foram selecionadas gravações de shows realizados na América do Sul e Europa, especificadamente na Colômbia, Budapeste e Hamburgo. "Live In Midgard" não é um daqueles supostos registros ao vivo que de tanta manipulação técnica, acabam soando como meros discos de estúdio. O grupo fez questão de gravar um verdadeiro registro ao vivo (do tipo "Live After Death" - Iron Maiden; "Live Evil" - Black Sabbath; "Alive I, II e III" - KISS) feito na raça, sem preocupações prévias, conseguindo nos transportar para a primeira fila de um show. Para uma banda que faz um som bastante rico em detalhes; a qualidade e fidelidade desse álbum superam as espectativas, pois esse foi gravado quase que completamente sem as correções de overdubs, demonstrando bastante naturalidade ao registrar as performances da banda em palco. Estão aqui todos os clássicos desde "The Return" ("Of Darkness") até "Summer Night City" ("Secrets Of The Runes"). Realmente um registro histórico que mostra o que o Therion fez de melhor durante esses quinze anos de estrada.

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Fonte: www.megaTherion.com

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