Biohazard
Postado em 06 de abril de 2006
Por Fernanda Zorzetto
O Biohazard foi formado em 1988, no Brooklin, em Nova Iorque. Soube como poucas bandas unir o rap e hip-hop, predominante na área em que viviam, ao hardcore. Com influências que vão de Public Enemy e Suicidal Tendencies à Black Sabbath, foi uma das primeiras bandas, juntamente com o Anthrax, a fazer a fusão dos estilos e incorporá-la regularmente em todas as músicas.
No início, a formação contava com Billy Graziadei na guitarra e vocais, Evan Seinfeld no baixo e vocais, Danny Schuler na batera e Bobby Hambel na segunda guitarra. A presença de dois vocais, com jogos de voz, acompanhavam a bateria bem quebrada e cadenciada.
Apesar de alguns chamarem o estilo do Biohazard de rapcore, a banda detesta ser rotulada e classificada em qualquer estilo de música. Sobre isso, Graziadei diz: "nunca sentamos para planejar o rumo de nossa criatividade de nenhum modo".
A banda soube transformar todas as formas de violência que absorveram do seu meio e canalizar em algo positivo: a música. Suas letras falam da raiva e da frustração cotidiana e suas atitudes estão sempre voltadas para a consciência política e social.
Em 1990, dois anos após a formação, a banda já lança "Biohazard" pela Maze Records (que no ano anterior havia produzido trabalhos de bandas como Sarcófago, Exciter e Venom). O álbum levou duas semanas para ser gravado e foram distribuídas apenas 40 mil cópias, com pouca divulgação. Após muita discussão com a gravadora, a banda consegue entrar em tour com o Kreator nos EUA e começa a conquistar seus fãs.
No mesmo ano, o Biohazard grava participação na música "Slam" do Onyx, grupo de rap da mesma área e amigos pessoais da banda desde o início.
Os problemas com a Maze continuam e a banda negocia contrato com a Roadrunner Records (Sepultura, Obituary, Fear Factory e Deicide) e, no ano de 92, "Urban Discipline" é lançado pela nova gravadora.O álbum, que foi gravado ao vivo no estúdio e mixado por Steve Ett (Beastie Boys), conta com um cover da música "We're Only Gonna Die (From Our Own Arrogance)" do Bad Religion.
A banda inicia, então, uma tour na qual divide palco com as bandas Sick Of It All e The Exploited e começa a ser realmente conhecida fora dos EUA. O reconhecimento e sucesso se ampliam ainda mais quando produzem vídeos para as músicas "Punishment" e "Shades of Grey".
Em 93 participam da trilha sonora do filme "Judgement Night" com a música de mesmo nome, junto com o Onyx. É lançado mais tarde um álbum com a trilha, da qual participam também Slayer com Ice T e Pearl Jam, com Cypress Hill.
Nesse meio tempo, o Biohazard negocia contrato com a Warner Brothers e assinam em 94. Ainda nesse ano, é lançado "State of the World Address", gravado em Los Angeles e produzido por Ed Stasium (Motörhead, Ramones, Living Colour).
A diferença nas letras desse álbum, é que agora elas falam de problemas mundiais: drogas, corrupção, inveja, racismo e política, e não somente de questões da comunidade, graças às tours e aos novos países e culturas que a banda conheceu.
Outro vídeo é produzido, para a música "Tales from the Hard Side" e no mesmo ano, o logo da banda é votado o mais popular do estilo em pesquisa da revista Rolling Stone's. Após algumas negociações, a banda entra em tour com Fishbone, Pantera e Slayer.
Ainda em 94, o Biohazard participa do tributo "Nativity in Black: Tribute to Black Sabbath", com a música "After Forever". O álbum conta ainda, com a presença de feras como Bruce Dickinson, White Zombie, Megadeth, Faith No More e a brasileira Sepultura.
Em 95 a banda marca presença em mais uma trilha sonora, agora do filme "Demon Knight (Tales from the Crypt)" com a música "Beaten". Do álbum da trilha, também fazem parte bandas como Pantera, Megadeth, Rollins Band, Machine Head e Sepultura.
Discussões entre os músicos sobre os caminhos que a banda seguiria colocam Hambel para fora. Segundo Graziadei, os músicos partiram do mesmo ponto quando iniciaram, mas Hambel estava pretendendo "direções diferentes do resto da banda".
Em 96, e agora como um trio, o Biohazard lança "Mata Leão". O álbum, esperado por fãs do mundo todo com apreensão devido às mudanças, teve grande aceitação e a força de sempre do Biohazard. O título deste álbum deriva de um golpe de golpe de Jiu Jitsu (esporte que todos os integrantes da banda praticam). Músicas como "Authority" estão aí para provar isso.
"Mata Leão" foi produzido por Dave Jerden (Red Hot Chili Peppers, Anthrax e Alice in Chains) e contou com duas músicas em vídeo, "Authority" e "A Lot to Learn".
Em 97, é lançado o primeiro (e promete a banda, também único) álbum ao vivo do Biohazard, "No Holds Barred - Live in Europe".O trabalho conta com 24 músicas de todos os álbuns anteriores em 63 minutos , incluindo o cover do Sabbath.
Gravado na Alemanha (Hamburgo), não possui mudanças de estúdio ,já que a banda queria o mais "cru e real" possível. O álbum deve ser encarado, segundo os músicos, como uma lembrança dos shows, para que os fãs possam sempre relembrar a experiência que é ver o Biohazard ao vivo. Segundo a banda, "um show do Biohazard não é um show qualquer; é um rito espiritual e tribal".É também o primeiro disco inteiro com o novo guitarrista Rob Echeverria - ex-Helmet - (que já tinha participado de Mata Leão em algumas faixas).
Ainda em 97, a banda é convidada para participar do show e álbum "The Ozzfest Live" com a música "These Eyes (Have Seen)". Bandas como Sepultura e Slayer também fazem parte do projeto.
Em meados de 99 a banda lança o álbum "New World Disorder", produzido novamente por Ed Stasium e com participação especial de Igor Cavalera, batera do Sepultura e Christian Wolbers, baixista do Fear Factory. Este álbum é bem mais pesado que os anteriores e direciona a banda pra um caminho mais metal e menos hip hop, Rap e hardcore que até então era sua marca registrada.
Muitas bandas falam em suas letras sobre consciência social e política, mas poucas delas ficaram tão conhecidas pela força e atitudes do Biohazard. A banda, amadurecendo, sempre lutou contra a alienação social e a hipocrisia. Nas palavras de Graziadei; "lutamos para que o mundo seja um lugar melhor para viver da única maneira que sabemos fazer, através da música". Dando lição para os que acham que uma banda tem que "se vender", ou falar em suas letras de coisa alguma, para ter sucesso, fica também a mensagem: "Se você não curte a estrada em que está, chegar ao destino não significa nada." (Billy Graziadei)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps