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Rock 'n Roll: estudo mostra ligação com psicopatologia

Por Emanuel Seagal
Fonte: Jornal Brasileiro de Psiquiatr
Postado em 24 de junho de 2013

O Jornal Brasileiro de Psiquiatria publicou um artigo chamado "Termos psicopatológicos em bandas e músicas de rock and roll", escrito por Thaísa Silva Gios (formada em medicina pela FURB) e Francisco Lotufo Neto (doutor e professor do departamento de psiquiatria da USP). Confira abaixo uma amostra do artigo.

Termos psicopatológicos em bandas e músicas de rock and roll.

RESUMO

Objetivo: Investigar o uso de termos psicopatológicos nos nomes de bandas de rock and roll e em suas músicas. Método: Termos psicopatológicos do glossário do DSM-IV (manual diagnóstico de transtornos mentais) foram digitados em português e inglês na página do YouTube. Bandas e músicas de rock and roll foram identificadas. O mesmo procedimento foi realizado, a título de comparação, com o glossário de termos neurológicos da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).

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Resultados: Foram encontrados nomes de bandas ou músicas referentes a 62 termos psicopatológicos e a 24 termos neurológicos. Os termos psicopatológicos foram mais frequentes, apresentando diferença estatisticamente significativa. Foram encontradas 60 bandas de rock com nomes inspirados na psicopatologia e na neurologia. Dessas, 44 bandas usavam nomes de transtornos mentais e 16 bandas usavam termos neurológicos. Bandas e músicas de rock usam mais nomes psiquiátricos que neurológicos. Predominaram nas músicas nomes relacionados ao uso de substâncias. Ao se compararem nomes de bandas e canções brasileiras e estrangeiras, não se encontrou diferença estatisticamente significativa.

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Conclusão: Bandas de rock and roll usam com maior frequência termos psicopatológicos em seus nomes e em suas músicas. Bandas brasileiras apresentam resultados semelhantes.

OBJETIVO
Realizar um estudo transversal investigando o uso de termos neurológicos e psicopatológicos em nomes de grupos musicais e músicas de rock and roll e comparar os achados em bandas brasileiras e estrangeiras.

MATERIAIS E MÉTODOS
Os instrumentos utilizados foram o site YouTube, o DSM-IV e a Classificação Internacional de Doenças 10ª edição (CID- 10). Todos os 144 termos psiquiátricos do glossário do DSMIV foram utilizados na pesquisa (páginas 45-57). A título de comparação, todos os 241 termos neurológicos do capítulo VI da CID-10 (G00-G99) foram utilizados também (páginas 382-416). Os termos psicopatológicos presentes no glossário do DSM-IV foram digitados em português e inglês na página inicial do YouTube. A pesquisa na internet foi realizada entre os dias 23/12/2011 e 4/1/2012. As três primeiras páginas de busca foram então analisadas, buscando a presença de nomes de bandas de rock and roll ou músicas. Foram excluídos epônimos que não tiveram inspiração psiquiátrica ou neurológica. Após encontrar as bandas e músicas, buscou-se a nacionalidade delas no próprio site YouTube. Para comparação dos dados, foi utilizada a mesma metodologia em relação aos termos neurológicos presentes na CID-10. Os resultados foram organizados em tabelas e analisados pelo teste t de Fisher. Valor de p menor ou igual a 0,05 foi considerado estatisticamente significante.

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RESULTADOS
Foram encontrados nomes de bandas ou músicas referentes a 62 termos psicopatológicos e a 24 termos neurológicos. Os termos psicopatológicos foram mais frequentes, apresentando diferença estatisticamente significativa (p = 0,000002).

Bandas de rock and roll inspiradas na psicopatologia Foram encontradas 60 bandas de rock com nomes inspirados na psicopatologia e na neurologia. Dessas, 44 bandas usa vam nomes psiquiátricos e 16 bandas usavam termos neurológicos. Bandas de rock usam mais nomes de transtornos mentais que neurológicos (p = 0,00009). Onze outras bandas foram excluídas por remeterem a nomes próprios ou não terem significado relacionado às áreas em estudo: Rett Kurs, Nina Becker, Zé Paulo Becker, Thane Thomsen, Ove Thomsen, Isaacs, Gregory Isaacs, The Isaacs, Síndrome de Bar, Kanye West, Aura Dione. Esses nomes são epônimos de algumas síndromes psicopatológicas e neurológicas, mas não tiveram inspiração no rock. Exemplos de bandas nacionais brasileiras que utilizaram termos da psicopatologia foram: Delirium tremens, Hienas Distímicas, Narcolepsia, Carrossel Delirante, Conduta Destrutiva, Esputo Catatônico, Dirty Alcool, Alcool Club, Grupo Substância, Palhaço Paranoide, Banda Paranoide, Parafilia Horrenda, Mc Insônia, Parassônia, Hipersônica, Dissonia, Cleptomania, Distonia, Sem Abuso. As bandas internacionais encontradas que usam termos psicopatológico, com as respectivas nacionalidades, foram: Delirium Tremens (Alemanha), Delerium (Canadá), Anorexia Nervosa (França), Dispareunia (Peru), Mal de Parkinson (Argentina), Bipolar (Espanha), Distimic Suicide (Chile), Ciclotímico (México),Gallinero Ciclotimico (Argentina), Hardcore Ciclotimico (México), Ciclo Timia (Irlanda), Borderline Insane (Portugal), Santa Demencia (México), Demencia Mortalis (República Tcheca), Demencia (Argentina), Quartet Doloroso (Estados Unidos), Sex Pistols (Inglaterra) e Parafilia (França). Em relação às bandas Borderline, Facticio, Delirium, Sono e Esquizoide, não foram encontradas pela busca no site YouTube a nacionalidade específica e a descrição da banda, e as músicas eram em idioma estrangeiro. Foram comparadas as bandas brasileiras e estrangeiras (Tabela 1) e seu uso de nomes psiquiátricos e neurológicos. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p = 0,77).

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Bandas brasileiras (N/%) Bandas estrangeiras (N/%)
Psiquiatria 20 (45,4%) 24 (54,5%)
Neurologia 8 (50%) 8 (50%)

Músicas de rock and roll inspiradas na psicopatologia
Foram encontrados 176 nomes de canções utilizando termos neurológicos e psiquiátricos. Desses, 159 músicas utilizaram termos psiquiátricos e 17, neurológicos (p = 0,00009). Foram excluídos sete outros nomes de músicas por não estarem relacionados às áreas em estudo. Em relação aos termos psiquiátricos, predominaram nas músicas nomes relacionados ao uso de substâncias como: "Esbórnia e álcool", "Anfetamina mil grau", "Cocaína", "Nicotina", "Que corra la nicotina". Na tabela 2, observam-se os temas psicopatológicos mais frequentes encontrados. Os nomes das bandas e músicas sugestivos de psicopatologia foram classificados em temas pelos autores segundo seu valor de face.

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Tabela 2. Temas psicopatológicos usados nos nomes de grupos de rock e em suas canções

Bandas Músicas
Uso de substâncias 4 38
Psicoses 3 12
Sexualidade 3 9
Transtornos de personalidade 4 12
Transtornos do humor 7 13
Transtornos de ansiedade 0 5
Transtornos somatoformes 0 3
Sono 6 26
Cognição 8 12
Transtornos na infância/adolescência 2 7
Transtornos alimentares 1 1
Outros 7 21

DISCUSSÃO

O uso frequente de termos psicopatológicos por bandas e compositores de rock and roll pode ter diversos significados: assinalar a prevalência elevada desses transtornos na população ou o receio e desconforto que esses sintomas provocam; enfatizar a associação do transtorno mental com protesto ou com liberdade individual, ser diferente ou fora dos padrões ou a busca por uma identidade própria que não se conforma com a tradição.

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Foram encontradas algumas bandas e músicas usando termos neurológicos. Mesmo essa especialidade tão próxima da psiquiatria não despertou o mesmo interesse. No mundo da cultura e das ciências humanas, a preocupação com a psicopatologia é muito maior, é carregada de ideologia e desperta maior polarização e paixão. É incomum encontrar nomes ligados a outras especialidades médicas como gastroenterologia ou cardiologia, por exemplo.

Odómmok, psicólogo e vocalista da banda de symphonic black metal FROST DESPAIR, por fazer parte de ambas áreas, a musical e a psicologia, comentou: "Eu me coloco nessa discussão dos resultados de forma um pouco diferente. Há necessidade de mais estudos em relação à prevalência de transtornos mentais em populações que ouvem rock e metal e a mensuração da contribuição desses fatores para o desenvolvimento da perturbação mental. Ainda, letras, música e clipes em provenientes do rock e metal frequentemente chocam pessoas que não tem "experiência" familiaridade com os gêneros e cultura musical destes estilos. Entretanto, há o fenômeno da habituação aos estímulos estressores como música forte e alta por exemplo. Não necessariamente há uma relação de causa e efeito entre ouvir rock/metal e apresentar um transtorno mental. Há uma interação complexa de variáveis e mais estudos são necessários no campo."

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Para conferir o estudo na íntegra acesse
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0047-20852013000100007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

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Sobre Emanuel Seagal

Descobriu o metal com Iron Maiden e Black Sabbath até chegar ao metal extremo e se apaixonar pelo doom metal. Considera Empyrium e X Japan as melhores bandas do mundo, Foi um dos coordenadores do finado SkyHell Webzine, escreveu para outros veículos no Brasil e exterior, e sempre esteve envolvido com metal, seja com eventos, bandas, gravadoras ou imprensa. Escreve para o Whiplash! desde 2005 mas ainda não entendeu a birra dos leitores com as notícias do Metallica. @emanuel_seagal no Instagram.
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