Na passagem por São Paulo, Kamelot dá show de técnica e qualidade

Foi em 2020 quando os primeiros anúncios da turnê sul-americana do Kamelot vieram a público. O show, que era de divulgação do álbum "The Shadow Theory" – e não é mais – agora está com a banda batendo na porta para o lançamento de um novo disco, "The Awakening", que virá daqui um mês. A apresentação pode ter perdido um pouco do seu contexto depois de tantos anos, mas o que não se perdeu foi o encanto do público e a capacidade técnica da banda, que fizeram mais uma apresentação irretocável pelo Brasil. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens de Fernando Yokota.

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Neste interim, a LiberationMC anunciou que o projeto de Luca Turilli e Fabio Lione faria as honras de abrir a apresentação de Youngblood e companhia, e com um setlist completo as duas bandas dividiram o palco. O Rhapsody subiu ao palco às 19h30m, com extrema pontualidade, abrindo a apresentação com "Dawn of Victory", um dos grandes clássicos da formação original.

O público curtiu bastante a apresentação, cantando junto o refrão da música e sendo puxados pelo extremamente carismático Fabio Lione, que fez de tudo para chamar os fãs para interagirem com a banda e a apresentação. Musicalmente a banda ia bem, a qualidade do som estava muito boa, com um ótimo volume sonoro e os instrumentos bem alinhados.

Porém, é difícil não dizer que algo está faltando na banda. Quem viu a apresentação em 2018 sabe o que estou querendo dizer: há algo que não se encaixa neste novo projeto e que incomodou um pouco os ouvidos. Uma das coisas foi o enorme uso de recursos de playback, algo comum no estilo da banda, mas ainda mais potencializado pela falta de teclas na formação. É visível também que a banda perdeu a sua vontade, e exatamente por isso estão desbandando.

Setlist Turili / Lione Rhapsody:

Intro: In Tenebris

Dawn of Victory
Emerald Sword
The Village of Dwarves
Wisdom of the Kings
Knightrider of Doom
Symphony of Enchanted Lands
Land of Immortals
The Wizard's Last Rhymes
Holy Thunderforce
Riding the Winds of Eternity
Lamento Eroico
Unholy Warcry
Act VII: The Angels' Dark Revelation

Meia hora após a apresentação do Rhapsody, foi a vez do Kamelot subir ao palco do Carioca Club. O público ficou insano deste a introdução do show, quando a banda subiu ao palco os gritos ensurdecedores encheram a pista. A música de abertura foi cantada a plenos pulmões pelos fãs, que entraram no ritmo do show rapidamente, um grande salto de presença de palco da apresentação anterior.

Em termos de setlist, a banda se apresentou focada no disco "Haven", em um setlist que se aproximou bastante da apresentação anterior da banda em 2016, apesar de um pouco mais curto desta vez. Como a banda se prepara para o lançamento de seu novo disco, o show ficou naquele espaço de indecisão, onde o artista não tem mais um disco recente para divulgar mas ainda não pode dispor de suas novas músicas.

Isso não fez diferença para o público. Tommy Karevik parecia extremamente inspirado naquela noite, agradecendo o público e várias vezes impressionado com o pulmão dos fãs, que competiram com ele em vários dos refrãos para ver quem ia mais alto. O Kamelot sabe os momentos certos para ir rápido e também para ir devagar, trabalhando com as emoções do público de maneira única.

Tanto que logo após a primeira sequência inicial, onde a banda trabalha muito forte com a velocidade e a potência da música, puxadas pela maestria do novo baterista Alex Ladenburg (interessantemente ex-companheiro de Luca Turilli|), o Kamelot oferece um refresco ao seu público com a belíssima "Veil of Elysium", uma obra de arte que mostra o conjunto de uma letra mágica e emocionante com os vocais potentes da dupla Karevik e Melissa Bonny.

O dinamismo do Kamelot encanta, não só pela sua capacidade de manter os temas de fantasia – comuns ao gênero – mas também os misturando com eximia precisão com suas baladas emocionantes e, atualmente, com os temas de ficção científica e tecnologia, que permeiam os últimos lançamentos da banda, se desprendendo dos clichês e oferecendo um novo caminho para sua música.

Mas nem só de boas coisas o show foi feito, acho que a banda acaba passando um pouco do ponto com as brincadeiras no palco e as disputas com o público. "Forever", já no final do show, ficou interminável. Toda vez que vejo algo assim ocorrendo no show, sendo que os fãs e o público, em sua maioria, estão ali para ver a performance do artista, me faz imaginar qual o custo de adicionar mais uma ou duas músicas no setlist, especialmente neste caso músicas do último disco, que não teve um show da turnê digno de seu lançamento por estas bandas.

As músicas teriam funcionado bem melhor e não haveria uma clara quebra no público para ver a excelente participação gutural de Bonny em "Marcho of Mephisto", uma das favoritas dos brasileiros. Não bastasse a quebra anterior, ainda há uma saída da banda para um bis, onde eles retornam com Karevik empunhando a bandeira do Brasil para apresentar "One More Flag in the Ground", onde o público não largou um minuto sequer a letra da música, mostrando grande aprovação pelo disco que está por vir.

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Finalizando, a banda lançou "Liar Liar", promovida a bis nesta turnê em claro sinal de que veremos ela numa próxima apresentação da banda. O fechamento não poderia ser melhor, em mais um belíssimo confronto vocal entre Karevik e Bonny, os grandes destaques de uma apresentação quase irretocável, que uniu uma banda afiada e inspirada com uma excelente produção que só uma produtora do cacife da Liberation poderia garantir.

Setlist Kamelot:

Intro: Transcendence

Phantom Divine (Shadow Empire)
Rule the World
Insomnia
When the Lights Are Down
Veil of Elysium
Karma
Here's to the Fall
Center of the Universe
Sacrimony (Angel of Afterlife)
Forever
March of Mephisto
Bis:
One More Flag in the Ground
Liar Liar (Wasteland Monarchy)
Outro: Ministrium (Shadow Key)

Turilli / Lione Rhapsody

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