Resenha - Sepultura (Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre, 19/08/2022)
Por Guilherme Dias
Postado em 29 de agosto de 2022
O Sepultura voltou para Porto Alegre depois de 4 anos. A banda, que já tocou em vários locais da cidade, dessa vez tocou no Teatro do Bourbon Country, localizado na Zona Norte da cidade. A última apresentação havia sido no Bar Opinião, na "Machine Messiah World Tour". Desta vez a tour "Quadra" trouxe um espetáculo incrível para os fãs gaúchos.
O álbum "Quadra" foi lançado em 2020, mas apenas agora pôde ser apresentado. A consolidada formação conta com Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Eloy Casagrande (bateria). Alguns minutos depois das 21 horas todos os espaços do Teatro já estavam preenchidos. No fundo do palco a capa de "Quadra" e no som mecânico a introdução deste trabalho. O peso e velocidade de "Isolation" mostrou de cara qual era a proposta do show. Logo em seguida "Territory" incendiou o Teatro, que estava no formato pista, sem as suas tradicionais poltronas utilizadas em eventos de outros âmbitos culturais.
Em uma breve pausa, Derrick desabafou no microfone dizendo: "É muito bom tocar aqui. Finalmente vamos tocar o "Quadra" ao vivo. Muito obrigado, Porto Alegre". E logo em seguida apresentaram a pesadíssima "Means To An End" e a cadenciada "Capital Enslavement", que se destaca nos arranjos de guitarra de Andreas e na sua percussão constante do incansável Eloy. Revisitando a década passada foi a vez de "Kairós" (2011).
Andreas também foi ao microfone demonstrar a sua satisfação em estar no palco: "Que massa estar aqui depois de tanto tempo. Muito obrigado pela presença de todos. É a nossa primeira vez nesse local maravilhoso. Vamos tocar uma canção velha, vocês gostam dessa época? Essa é do ‘Chaos A.D.’" (1993). "Propaganda" colocou todos os setores do Teatro abaixo mais uma vez. "Vamos tocar uma mais velha ainda, quase nenhum de vocês havia nascido. Muito bom ver jovens aqui. Jovens como Paulo Xisto!!", gerando muitas risadas, além de gritos de "Xisto, Xisto, Xisto" na plateia. Kisser estava se referindo a "Dead Embryonic Cells" do álbum "Arise" (1991).
Um violão foi posicionado no palco para Andreas introduzir "Guardians Of The Earth". Ainda representando o último trabalho foi a vez de "Last Time", com belas orquestrações ao fundo e linhas destruidoras na cozinha de Xisto e Eloy. "Esse mosh pit tá muito bonito, quero ver para a próxima" disse Andreas antes de apresentarem "Corrupted" ("Roorback", 2003). Do passado recente foi tocada "Machine Messiah" (2017). Para o encerramento, apenas clássicos absolutos da carreira do Sepultura.
"E aí, Porto Alegre, nós vamos tocar uma música mais clássica, lado b. Are you ready? Hoje é sexta-feira!!! Are you Ready?" Disse Derrick, que recebeu muitos gritos como retorno por parte dos fãs. Derrick estava falando sobre a animalesca "Infected Voice" do clássico "Arise". Um breve apagar de luzes antes de "Refuse/ Resist" e depois de "Arise", quando os músicos se retiraram do palco e sonoros gritos de "Sepultura, Sepultura, Sepultura" eram cantados por todos na plateia.
Logo depois Derrick vai ao microfone e pergunta para a pista: "Mais uma?" e sem tempo de resposta o disco "Roots" (1996) foi representado por "Ratamahatta" e "Roots Bloddy Roots". O que o Sepultura fez em Porto Alegre foi um absurdo. Uma apresentação de altíssimo nível. O jogo de luzes e o cuidado com a qualidade sonora foi incrível. Um desempenho de nível mundial. Não é à toa que o Sepultura vem marcando presença nos maiores festivais do verão europeu nos últimos anos e está cada vez mais consolidado com diversos públicos ao redor do mundo. É possível dizer que o grupo encontra-se no seu auge técnico e artístico. Uma banda brasileira que nunca se desvirtuou de suas raízes e que vem renovando a sua identidade com autenticidade a cada lançamento.
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