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Scorpions: inaugurando novo local para shows em Fortaleza

Resenha - Scorpions (CFO, Fortaleza, 08/09/2016)

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 14 de setembro de 2016

Para GUNS N' ROSES, o luxuosíssimo Centro de Eventos. Para PAUL MCCARTNEY, ELTON JOHN, ANTHRAX e IRON MAIDEN, a enormidade do Castelão. Para o MARRON 5 e EVANESCENCE, o Marina Park. Para MEGADETH, DREAM THEATER, BLIND GUARDIAN, ROGER HODGSON, SAXON, MOTORHEAD, o tradicional Siará Hall. Para o NIGHTWISH, a Praça Verde do Dragão do Mar. Para CANNIBAL CORPSE, TESTAMENT, OBITUARY, CAVALERA CONSPIRACY, SONATA ARCTICA o Complexo Armazém. Para DEEP PURPLE e SOULFLY, a Barraca Biruta. Para DESTRUCTION, ENTOMBED, SKULL FIST, CJ RAMONE, o Let's Go. Para o HELLOWEEN e GAMMA RAY, eu já nem sei mais onde foi, confesso. A lista é longa. Shows internacionais em Fortaleza já beiram o comum. Estamos fazendo injustiças e nem mencionando atrações mais underground (POSSESSED, TANKARD, ENTHRONED) ou de outros estilos (podemos falar de BEYONCÉ, MAGIC!, THE WAILERS, SOJA aqui também?). E nem mencionamos também medalhões brasileiros que com facilidade lotam alguns desses locais, como ANGRA, PITTY, HUMBERTO GESSINGER, a retornada LEGIÃO URBANA, CAPITAL INICIAL, os PARALAMAS DO SUCESSO, o RPM... É falácia dizer que Fortaleza respira rock, mas já é (e não é de hoje) certo dizer a cidade já conta com os dois elementos principais para que shows de rock sejam um sucesso: público e locais. É claro, ainda há percalços. SAXON e SOULFLY (em sua segunda vinda) tiveram público aquém das expectativas, talvez por seus shows terem acontecido logo depois de outros de nome bem maior (a saber, IRON MAIDEN e DEEP PURPLE, respectivamente). E há ainda os cancelamentos mal ou pouco explicados (BLACK LABEL SOCIETY, EXODUS). Há ainda a concorrência com outras cidades (LUCA TURILLI's RHAPSODY e PRIMAL FEAR tiveram datas remanejadas para acomodar melhor o público de São Paulo e os shows, que já estavam marcados em Fortaleza, acabaram não acontecendo). Ainda é preciso ter certos cuidados, mas, em geral, as produtoras já começaram, há um bom tempo, a ver que há um público faminto pelo bom e velho rock and roll na capital do Ceará. E nada melhor para celebrar esse momento efervescente do que trazer mais um grande medalhão e, de quebra, fazer a inauguração de mais um bom espaço. E foi isso que a Arte Produções fez na quinta-feira, 8.

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Mencionamos mais de quarenta bandas antes de falar o nome da banda que é o assunto principal deste texto. SCORPIONS, claro. É que foi uma longa estrada até aqui, culminando no IRON MAIDEN no CASTELÃO, mas continuando numa linha contínua a que, nesta semana, foi acrescentado mais um grande nome. E mais um grande lugar. A partir de agora, é só de SCORPIONS que iremos falar (e um pouco de MOTORHEAD e IRON MAIDEN, confiram). O quinteto formado pelos alemães Klaus Meine (vocal, guitarra, pandeiro), Matthias Jabs (guitarra), Rudolf Schenker (guitarra), pelo polonês Paweł Mąciwoda, lê-se Pável Montsívoda (baixo), e pelo norte-americano James Kottak (bateria), substituído temporariamente por motivos de saúde por Mikkey Dee, já havia se apresentado por três noites seguidas em São Paulo e ainda faria show no Rio de Janeiro dias depois.

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Uma conexão mais complicada. O que tem a ver o guitarrista que tocou em vários álbuns de uma banda inglesa com a banda alemã. Michael Schenker, irmão do guitarrista Rudolf Schenker, foi guitarrista do SCORPIONS por duas vezes e também foi o guitarrista do UFO por vários anos, gravando, entre outros, o álbum "Phenomenon", o terceiro do UFO, que tem a canção "Doctor Doctor", composta por ele e Phil Mogg, como um dos maiores hits. Esta canção é a canção que sempre abre os shows do IRON MAIDEN, também trazida pela Arte Produções e que, coincidentemente, apresentara-se no início do ano do outro lado da avenida, na Arena Castelão, o "irmão maior" do local ora sendo inaugurado. Uma conexão complicada, mas uma prova que a "teoria dos seis graus de separação" também se aplica ao mundo do Rock and Roll.

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Este repórter e a equipe de reportagem do jornal O Povo foram os primeiros profissionais da imprensa cearense a andar pelo backstage do novíssimo Centro de Formação Olímpica do Nordeste em dia de evento. O local, que tem sido chamado principalmente de CFO, mas já recebe apelidos como Castelãozinho, tem nível de primeiro mundo, tem capacidade para cerca de 17 mil pessoas e estava sendo inaugurado, em grande estilo, naquela noite, com ingressos praticamente esgotados (os ingressos de arquibancada tinham acabado semanas antes e os de pista estavam em seus últimos fôlegos). O local é confortável, muito bonito, de relativamente fácil acesso, com saídas de emergência bem sinalizadas e de bom tamanho para shows desse porte. Contar com o estacionamento no "irmão maior", o estádio Castelão, do outro lado da Alberto Craveiro, também é uma grande vantagem. Ter onde deixar o carro em segurança, por um preço justo, ao ir a um evento é uma das grandes preocupações em qualquer cidade hoje em dia. O fato de que não havia evento no Castelão naquela noite contribuiu positivamente para toda essa vantagem. Não podemos afirmar que será da mesma forma quando dois eventos acontecerem paralelamente nos dois locais, mas isso é pro futuro. A entrada dos fãs, de várias idades (cabeças brancas e adolescentes) e localidades (de Fortaleza, do interior do estado, de Teresina, de Maceió) foi muito bem organizada, sem dificuldades e aconteceu apenas com um atraso mínimo. E para as primeiras pessoas que chegaram a fila (e enfrentaram o sol forte da tarde de quinta-feira) a produtora ainda teve a sensibilidade de fazer a gentileza de oferecer água. "São nossos clientes. Temos que tratar bem", confessou-me, horas depois, a assessora de imprensa. Ainda sobre o local, a acústica recebeu muitos elogios nas redes sociais (embora haja relatos de que em alguns pontos aqui e ali o som não estava tão bem equalizado). Os sistemas de refrigeração de ar funcionaram a contento (para a magnitude do local e lotação), mas poderiam receber um reforço nas áreas das arquibancadas. Nada de tão grave para quem já mora em uma cidade em que uma temperatura de 20º é chamada de "frieza". Havia também uma boa quantidade de seguranças, bombeiros, maqueiros e o pessoal da limpeza, procurava deixar tudo limpo até o show começar. Não tivemos a oportunidade de conversar com nenhum portador de necessidades especiais para saber seu ponto de vista. Pedimos desculpas pela falha.

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Assim como nas outras praças, não houve banda de abertura (nem local nem de fora). Por algum tempo, cogitou-se que o EUROPE abriria os shows da turnê brasileira, o que, infelizmente, não aconteceu.

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Vamos ao show. Assim que começa, pontualmente, é desnecessário dizer que a banda incendiou o recinto. Foi com explosão que os escorpiões começaram a derramar seu veneno. Assim como em todos os shows da turnê (de retorno aos palcos, de onde nunca deveriam ter pensado em sair) este também começou com "Going Out With a Bang", faixa que abre o último álbum, "Return to Forever", lançado no ano passado. "Return to Forever" tem um sugestivo nome. Que "Forever" seja para sempre, mais que semanticamente. Eu divago. O delírio é geral quando o público pode ver Matthias, Pawel, Mikkey, mas, principalmente, Klaus (com voz cristalina e a inseparável boina que esconde a calvície já perceptível há décadas atrás) e a alma da banda, Rudolf, distante, há tempos, da figura de cantor de cabaré (com aquele bigode horrível), agora com os cabelos platinados empunhando sua Gibson Flying V. Rudolf fundou o Scorpions em 65 ao lado do irmão (que tinha apenas 10 anos) e bem recentemente não quis entrar em uma briga pública com o irmão (que chegou a declarar que os SCORPIONS não lançavam nada que preste há 23 anos - será?). A despeito de todo o talento do prodigioso irmão menor dos Schenkers (lembram que ele foi membro fundador dos SCORPIONS aos dez anos de idade), a resposta vem no próprio show. E, talvez, na letra de "Going Out With a Bang". Klaus tinha tido um problema na voz, o que fez a banda remarcar alguns shows na Alemanha no início do ano, mas, felizmente, não há mais nenhum sinal de qualquer dificuldade. E o mais novo integrante da turma, Micael Delaglou, o Mikkey Dee, no posto do tatuado Kottak, já impressiona pela forma como certeira, escandalosamente e impiedosamente maltrata a bateria.

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Os telões se transformam em uma grande bandeira brasileira, com as sombras dos integrantes (na verdade imagens pré-gravadas, mas com gestos bastante próximos aos que eles estavam fazendo ali no palco que em alguns momentos dava mesmo para se enganar e pensar que seriam mesmo suas sombras) para "Make it Real", a primeira do álbum "Animal Magnetism", de 1980. Talvez na primeira música o telão até passasse despercebido. Afinal, o que importava era olhar para os cinco caras dando o melhor do hard rock ali no palco. Agora, passada a letargia daquele primeiro momento de êxtase coletivo, podíamos até prestar mais atenção na magnífica estrutura dos telões. Além dos comuns dois telões laterais, havia dois telões centrais, um que, por vezes, imitava uma parede de Marshalls e cobria a estrutura que formava um verdadeiro palco sobre o palco para Mikkey Dee (visitado de vez em quando pelos amigos guitarristas) e outro por trás dele, tomando todo o fundo de palco. Além de lindos de se ver, os telões dialogariam com o público durante todo o show, interagindo de acordo com a letra da canção. E não era só isso. Havia uma extensão de palco, uma passarela dava para um mini-palco bem no meio da pista. Rudolf é o primeiro a ocupá-la, sendo logo acompanhado por Jabs. Para quem estava mais distante do palco principal, era uma oportunidade de ficar mais perto do artista. Para quem tinha colado na grade, era como ter a sensação de assistir ao show direto do backstage.

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"Boa noite, Fortaleza, tudo bem? Esta é uma noite muito linda", misturando português e inglês, Klaus saúda o público pela primeira vez na noite antes que Rudolf e Pawel comecem, da passarela, o riff sensacional de "The Zoo", canção sobre a noite nova-iorquina . E enquanto Jabs sola no talkbox, Klaus distribui uma grande quantidade de baquetas para quem ele conseguia alcançar (coisa que ele faria em vários momentos do show). Na instrumental "Coast to Coast", o vocalista também mostra que sabe tocar guitarra, se juntando aos colegas na passarela. Todos, menos Dee, óbvio, tocam lá a canção de "Lovedrive". Rudolf, do alto de seus 68 anos, não para de agitar enquanto toca, fazendo vergonha a muito moleque de 39 anos.

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Com uma extensa discografia, com tantos sucessos e com um álbum novo pra mostrar, é compreensível que muita coisa, às vezes, até álbuns inteiros fiquem de fora. "Vamos voltar aos anos 70, lá por 74, quando viajávamos em vans, não sabíamos se íamos chegar lá [nos locais dos shows] vivos. Não imaginávamos que chegaríamos a "Fortaliza", avisa Klaus antes do primeiro medley, que visitou os álbuns "In trance", "Taken By Force", "Fly To The Rainbow" e "Virgin Killer", com as canções Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train. Até que ficou satisfatório. Rudolf "Benjamin Button" Schenker encerra o pot-pourri da magnífica fase Uli Jon Roth com um pulo, esbanjando vitalidade.

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Klaus oferece o microfone para o público gritar eufórico. E recebe uma bandeira brasileira, com a qual enrola os ombros. Anuncia aqui que a próxima é do disco novo e que ainda estão por aí desde os anos 60. "E sabem porque?", pergunta. "Porque construímos essa casa sobre a rocha". A canção é "We Built This House", também do álbum novo. O termo não é só um trocadilho com a palavra rock (rocha, em inglês), mas também uma referência a uma das parábolas de Jesus (Mateus 7:24-27 e Lucas 6:46-49 ).

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Assim como no DVD gravado em Atenas, Rudolf não participa de "Delicate Dance", a segunda instrumental da noite. Em seu lugar, o sueco Ingo Powitzer (agradecimentos a Mailson Cordeiro, pela informação), técnico de guitarra de Jabs (ele também toca na original). Na faixa, em versão mais elétrica que a original, Jabs dá uma boa aula de feeling e técnica. Matthias Jabs é formado em direito e foi jogador das categorias de base do Hanover. Por um infortúnio do destino, alguém lhe acertou as pernas, acabando com a sua carreira no futebol, mas possibilitando que ele viesse a se tornar um dos maiores guitarristas da Alemanha.

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É hora de um pouco de descanso para o Mikkey e uma das horas mais esperadas pelos amantes das baladas dos SCORPIONS, com um pequeno set acústico na plataforma com as canções "Always Somewhere / Eye of the Storm / Send Me an Angel". O público interage ativamente, ora cantando, ora sendo um céu de estrelas nas arquibancadas com seus celulares. Mikkey ainda volta para tentar tocar num canjun (agradecimentos ao colega Leonardo Brauna, da Roadie Crew, pelo termo - link para a resenha dele no final deste parágrafo), mas ele não é disso, prefere ficar agitando, balançando as mãos de um lado pro outro com o público.

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Visitar canções e álbuns desta forma pode não ser uma boa ideia. Talvez, executar todas tornasse o show parado ou "açucarado" demais, mas esses medleys são uma grande preocupação, pois muita gente ali preferia ver canções como "Always Somewhere" completa. "Send Me An Angel", pelo menos, apareceu na íntegra, ou quase. Os medleys são, de certa forma, injusto principalmente pelo sucesso que as baladas "Always Somewhere" e "Send Me An Angel" fizeram no Brasil. Se já as tocaram mil vezes, dezenas só em nosso país, não importa. Para muitos ali era a primeira oportunidade de ouvir ao vivo e na voz de Klaus Meine. Injusto também era a ausência de "When The Smoke is Going Down". O trecho de "You And I", cantado em outras praças, também ficou de fora. Aqueles segundos fariam diferença? Que fique com a palavra quem estava louco pra se emocionar ao som desta canção.

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Com os primeiros assovios de "Wind of Change", o público, que já estava em estado de graça, se emociona de vez. O céu estrelado de celulares continua e até o mais carrancudo dos seguranças (é característica da profissão dele) se rende e canta junto. Aqui, nenhum outro integrante da banda faz os backing vocais da versão de estúdio. E eles fazem falta, mas só até o público entrar cantando junto acapella. A letra não é romântica, mas embalou muitos romances (a Globo chegou até a usar "Tears in Heaven" como música tema de algum casal de novela). "Wind of Change", o fim da União Soviética como a conhecíamos, as mudanças que aconteciam no mundo, especialmente na Europa e que culminariam com a queda do Muro de Berlim, que era representado naquele momento pelo telão abaixo de Mikkey Dee. Hoje, no mundo, temos Trump (querendo construir outro muro), temos Bolsonaro, temos o Estado Islâmico, uma presidente incompetente que cai no Brasil, um golpista que assume, ambos rodeados de ladrões... Klaus, componha "Wind of Change" de novo, por favor.

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Antes de "Rock and Roll Band", Klaus ainda pergunta: vocês estão prontos para o rock? Isso é lá pergunta que se faça, Klaus?
Se vocês vão continuar fazendo músicas assim (com letra até bem pueril, mas enérgica como se tivesse sido feita por garotos quase imberbes), podem se preparar para mais 50 anos de SCORPIONS.

O heavy-metalzão "Dynamite" também põe um pouco mais de peso na apresentação (que já estava mais pesada com o tempero motorheadiano de Dee). Klaus apresentou o baterista, disse que o MOTORHEAD era muito grande na América do Sul. "Maior que os SCORPIONS?", brincou. Tinha que prestar um tributo ao amigo Lemmy, revelou. Era a deixa para que o público gritasse a plenos pulmões "Lemmy -- Lemmy -- Lemmy" e imagens do falecido imortal ocupassem os telões enquanto os SCORPIONS tocavam "Overkill". Só é possível dizer que pareceu rápida demais.

Dee emendou a canção de sua extinta banda com um solo sensacional. As grades tremiam. Nas arquibancadas, há relatos de que tremiam da mesma forma. E quando o solo parecia que ia terminar, aparece no telão, solitária, a capa de "Lonesome Crow", injustamente deixado de lado no setlist (nem participação em algum medley o mais psicodélico dos álbuns do SCORPIONS garantiu). De uma a uma (e na sequência), todas as outras capas começam a preencher todo o espaço nos telões a cada batida de Dee, resultando numa imagem lindíssima de se ver (uma pena não termos podido registrá-la de forma profissional em fotos, mas, entendemos, o momento é mais uma das muitas cerejas desse bolo). Varias dessas capas foram censuradas, principalmente nos Estados Unidos, por causa do enorme teor sexual. Ali, apareceram quase todas na versão original, menos a de "Virgin Killer", que é mesmo sem noção (o próprio Uli Jon Roth concordava). E se pensávamos que o solo ia terminar, não, não terminou. A energia, o vigor de Dee pareciam inesgotáveis. Se deixassem, o sueco de ascendência grega tocaria a noite inteira.

Enquanto o sofrimento por causa do calor era visível no rosto branquelo de Klaus (agora completamente avermelhado), Rudolf ainda corria de um lado pro outro soltando fumaça de sua guitarra em "Blackout", que foi seguida de "No One Like You".

As luzes da cidade grande dão lugar ao público no telão em "Big City Nights", numa interação perfeita. O show se aproximava do fim, mas, embora, claro, os momentos balada/novela das 8 movimentassem mais a grande parte dos presentes, a alegria estampada nos rostos dava sinal de que todo esforço para realizar o show tinha valido a pena. Divertir as pessoas, fazê-las felizes, no fundo é isso que a música faz. E como músicos, parte do staff da produção ou imprensa, é muito gratificante poder ter feito parte disso.

Claro que há o charminho do bis, com a banda se despedindo e saindo do palco, mas logo Klaus volta abraçado com Dee para a catarse realmente unânime: "Still Loving You". E o solo, o solo da noite é de Rudy. Se parte do público até permanecia apática durante a execução de canções que não se encaixariam propriamente na trilha sonora de uma novela global, nesta faixa não havia quem pudesse ficar indiferente. A música é longa, mas deveria durar pelo menos mais uma meia-hora. Cada uma das treze mil pessoas que estavam ali tinham uma (ou mais) músicas com uma conexão especial com a banda alemã. Permitam-me um parêntesis para contar uma das minhas. "Still Loving You" era a música que tocava na pizzaria em frente à casa da Tia Vitória quando chegamos para morar em Fortaleza. Até esta noite aquele momento, há mais de vinte anos, ainda está bem vivo na memória. Outras conexões são até mais fortes. Diz-se que a canção foi responsável por uma explosão populacional na Europa em 1985 (foi lançada em 1984 e vocês entenderam o que eu quis dizer). Continuando...

"Rock You Like a Hurricane" vem para fechar a festa, mas, ninguém se incomodaria se, como dá a entender a letra, se apresentasse para botar tudo novamente para girar e girar.

Com 50 anos, é óbvio que sabem fazer um bom show de rock. Agitar, falar com o público, sorrir, presentear com itens personalizados como palhetas e baquetas... podem até ter seguido uma fórmula, uma receita, podem ter feito exatamente a mesma coisa nas três noites em São Paulo e repetir tudo no Rio de Janeiro, mas foi pra isso que vieram, era isso que o público queria ver e pagou pra ver. A aposentaria, alardeada anos atrás (talvez até mesmo para encarecer os cachês) vai chegar um dia, claro que vai, mas o que já fizeram já lhes garante o posto. Eles são os SCORPIONS, um dos nomes que definiram a música da segunda metade do século XX e, aos 50 anos de carreira, ainda podem fazer muito pela música nesta segunda metade do século XXI.

Agradecimentos:
Arte Produções, em especial a Thamyres Heros e Louise Mezzedimi, pela atenção e credenciamento.
Yago Albuquerque, Anderson de Deus e também ao João Victor Rebouças, pelas imagens que ilustram esta matéria.

Leia também:
https://metafono.wordpress.com/2016/09/11/rock-you-like-a-hurricane-fortaleza/
http://roadie-metal.com/scorpions-fortaleza-08092016/
http://www.roadiecrew.com/mtOnlineDetalhe.php?id=636


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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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