A relação entre a crítica e o público
Por Marcelo Dias Albuquerque
Postado em 08 de setembro de 2013
Recentemente enviei uma matéria para a Whiplash.net, um famoso site/revista online voltado para o público "headbanger". O artigo tratava de uma comparação entre Cliff Burton e Jason Newsted, e sobre uma eventual crítica à postura dos fãs com relação a ambos. É claro que eu não esperaria com isso menos do que receber um amontoado de críticas raivosas ou pelo menos gerar discussões acaloradas; foi justamente o que aconteceu e você pode conferir no link abaixo.
É lógico que não farei outro texto sobre o mesmo tema. Agora o assunto é referente ao tipo de reclamações que recebi. Não posso dizer que fiquei desapontado com a postura dos fãs, porque eu já esperava exatamente isso. O que me decepciona é que haja tão poucas pessoas capazes de compreender o papel de uma crítica. Parece que quase ninguém sabe distinguir o que é opinião (gosto) e crítica (análise).
É por isso que faço agora esse texto, que é para tentar esclarecer mais ou menos o que penso do assunto.
O público em geral interpreta a crítica de duas formas equivocadas. Alguns entendem como simples opinião, o que é um erro até tolerável; enquanto outros a levam a ferro e fogo, como se o autor da crítica estivesse legislando. Não é por aí. A boa crítica é uma análise de fatos que não deve levar em conta o gosto musical do autor. Quando fiz a crítica sobre Cliff Burton, que nem é uma crítica negativa a ele, não levei em conta o que eu realmente gosto do Metallica. O que importava para mim naquele momento era analisar fatos e elucidá-los.
Quando você diz "Eu não gosto de Nirvana", esta é sua opinião. Mas se você disser "Nirvana é a melhor banda que já existiu", então você precisa colocar argumentos e fatos para justificar esta afirmação. Posso dizer friamente que não gosto de coisas que considero boas, como metal melódico. Quando me perguntam se gosto de Angra eu sempre digo que não; mas se me perguntarem qual é a melhor banda de metal nacional que já existiu, levando em conta os fatos e a técnica, eu diria que o Angra é com certeza a melhor banda, mesmo não gostando de 90% de suas músicas. Meu gosto não interessa, o que interessa é a análise do conteúdo como um todo. É inegável que Andre Matos cante bem, talvez melhor do que a maioria; é inegável que a banda tenha nível técnico elevado, e é ainda mais indiscutível que suas composições sejam dificílimas; contudo, eu continuo não gostando de ouvir as músicas do mesmo jeito.
Você, que está lendo isso aqui agora, não deve interpretar minha crítica como uma lei. O que eu digo é o que penso, o que analiso. É provável que eu tenha razão, mas talvez não tenha. O fato de eu criticar sua banda preferida não te impede de continuar gostando dela, não é mesmo?
Por fim, é mais ou menos isso que quero dizer. Acho que, pelo menos no Brasil, a crítica musical é muito mal interpretada. E se este artigo servir para que algumas pessoas tentem entendê-la melhor, já serviu de alguma coisa.
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