Exodus: As memórias de Kirk Hammett sobre Paul Baloff
Postado em 08 de fevereiro de 2002
(tradução texto: cortesia Evenfiel - Metal-BR Centro de Desinformação Musical)
Em 2002, ao mesmo tempo em que foi criado um memorial em homenagem ao saudoso Paul Baloff, que pode ser acessado em www.paulbaloff.com, o guitarrista Kirk Hammett fez o seguinte comentário sobre seu ex-companheiro de banda.
Paul Baloff... memórias por Kirk Hammett
Bem, quando eu tinha aproximadamente 18 anos eu queria formar uma banda baseada nas minhas favoritas de Hard Rock, pois naquele tempo a expressão "Heavy Metal" ainda não havia surgido, era chamado de Hard Rock (N.do Ed.: por sinal, muitas pessoas confundem Hard Rock com Hair Metal...). Eu queria formar uma banda baseada na minha favorita que era o UFO, e estava tentando achar músicos que gostavam das mesmas coisas que eu como UFO, Iron Maiden, Motorhead, Judas Priest, Venom.
Então uma noite, eu estava numa festa em Berkeley e vi esse cara, e ele tinha um "button" do Iron Maiden, então cheguei nele e disse: "ei cara, você curte Iron Maiden?" Aí ele falou: "eles são foda!" Perguntei: "qual é o seu nome", e ele retrucou, "Paul Baloff" e eu falei: "já ouviu UFO", ao que ele respondeu, "sim", e começou a cantar "Rock Bottom" para mim, que era uma das músicas que eu estava interessado em tocar na minha banda; então eu falei "aí cara, me manda o seu telefone que a gente poderia fazer uma jam." Então ele me passou o telefone e no dia seguinte veio e surgiu daí um dos primeiros line-ups do EXODUS, justamente tocando "Rock Bottom". Ele não tinha a melhor voz do mundo mas tinha toneladas de carisma, era o cara mais engraçado do mundo. Conhecia música e sabia o que nós queríamos, então isso estava bom para mim.
Uma coisa bem legal sobre o Paul foi quando nós tocamos o nosso primeiro show no "Old Waldorf", que por sinal foi também a primeira vez em que tocamos com o Metallica, e eu fiquei embasbacado com quão bem ele lidava com o palco - quero dizer, para alguém que possuía pouca experiência com bandas e shows ao vivo, ele era um ótimo "frontman", e como eu disse, ele não era um grande vocalista, mas compensava isso com puro carisma. Ele falava as coisas mais engraçadas no palco e era um dos caras mais engraçados que eu conhecia.
Acho que uma das melhores lembranças que eu tenho do Paulo foi em uma noite quando estávamos sentados perto do seu carro bebendo vodka direto no gargalo, ouvindo Venom e Mercyfyl Fate, e estávamos bêbados e falando sobre como a gente amava um ao outro e como era demais finalmente ter uma banda que tocava o tipo de música que queríamos tocar. De repente todos nós decidimos que isso deveria ser imortalizado, e então alguém pegou uma navalha e começamos a cortar as nossas mãos. Na verdade, aqui está a minha cicatriz se você puder ver (mostra a cicatriz). Você consegue ver essa cicatriz? Bom, eu cortei a minha mão, Gary Holt cortou a sua mão, Tom Hunting cortou a sua mão e Paul Baloff cortou a sua mão e todos nós esfregamos o sangue um no outro e aí ficamos "Bonded by Blood" (unidos pelo sangue), e pouco tempo após isso veio a música "Bonded by Blood".
Sim, essa cicatriz agora é em memória ao Paul Baloff. Ele era um ótimo cara, o "frontman" com a atitude mais extrema que eu conhecia, na verdade acho que devo falar que ele cresceu para ser um dos "frontman" mais extremos do metal. Se você não era totalmente metal seria banido do palco pelo Paul. Ele apontava para as pessoas e falava: "você é uma bicha, cai fora daqui" ou "esse cara não está bangueando, dê umas porradas nele". Ele meio que criou toda essa atitude de ser totalmente extrema e vivia para o Metal.
Na última sexta recebi um telefonema do meu cunhado falando que ele estava no hospital, então liguei para lá e consegui falar com Rick Hunolt, que era o outro guitarrista junto com o Gary Holt, e ele me disse que o Paul foi andar de bicicleta, voltou, a sua namorada foi por o cadeado nas bicicletas e na hora em que ela voltou ele já estava prestes a ter um ataque. Entao ligaram para o pronto socorro, que o levou para o hospital, mas ele já tinha tido o ataque e na hora em que eu falei com o Rick, ele disse que não havia mais nenhuma atividade cerebral. Eu sabia que quando isso acontece nao há volta, só há um caminho a seguir.
Esta é uma grande perda, pelo menos na minha vida, pois Paul me colocou no meu caminho. Ele era a peça que faltava na minha primeira banda de Metal e quando eu o achei, pensei comigo mesmo: "a partir de agora nós só podemos ir pra cima".
Ele era um cara extremamente engraçado, muito inteligente, muito fiel, faria qualquer coisa pelos amigos. É uma pena e eu vou sentir saudades dele, mas pelos menos nós temos o primeiro álbum do Exodus, graças a Deus!
Uma das minhas frases favoritas do Paul era, quando ele estava anunciando uma música do Exodus no último álbum ao vivo deles, falava: "essa música é mais velha que merda, mais pesada que o tempo", e pensei que essa era uma grande frase. É desse jeito que eu quero pensar nele...mais pesado que o tempo...
Até mais Paul...
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps