Rita Lee: respeito pelos mutantes, pelo rock e pelo pop
Fonte: Usina do Som
Postado em 12 de novembro de 2003
Por José Flávio Júnior
Respeito pelos anos de Mutantes. Respeito pelo hard rock dos primeiros discos solo. Respeito pela invenção do pop nacional na virada dos anos 70 para os 80. Respeito pelas opiniões sagazes e pelas ótimas tiradas em entrevistas.
Rita Lee merece respeito por isso e por muito mais. Fora a simpatia que ela gera. Tem a reverência de todo roqueiro brasileiro, (tinha) de Kurt Cobain, de Jack White (que estava louco para conhecê-la durante a recente passagem do White Stripes pelo Brasil). Em retribuição, ela fica quietinha no seu canto, curtindo os primeiros sinais da velhice e tirando o pijama só para micos esporádicos no programa Saia Justa. Mas, mesmo que não haja necessidade, ela ainda grava discos. Essa era uma atividade que ela poderia abandonar, pois sua contribuição para o pop nacional já extrapolou os limites do possível. Agora, qualquer movimento da tia – ou vó, como quer – pode macular um passado glorioso. Balacobaco não é um disco sugerido por dono de gravadora – como foi o anterior, com releituras para as batidíssimas canções dos Beatles. Mas também não significa que a cantora e compositora arrumou o que dizer desde então. Tanto que a faixa mais interessante do disco novo é de Moacyr Franco, "Tudo Vira Bosta". Nos arranjos, Rita e Roberto encontram boas saídas ao adotar um bate-estaca sutil em músicas como "A Fulana" e "A Gripe Do Amor". Só que numa época de crise, de pouco dinheiro nos bolsos e reedições de clássicos da MPB batendo nas lojas, não dá para recomendar Balacobaco. A não ser que você já tenha em casa toda a obra de Mutantes e os irrepreensíveis Atrás Do Porto Tem Uma Cidade, Build Up, Fruto Proibido e Babilônia. Como vó é mãe com açúcar, ela vai me perdoar por esse ponto de vista.
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